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Notícias / Ciência & Saúde

Estudo sugere que governo pague para doadores de órgãos

Terra

 A estratégia de pagar US$ 10 mil para doadores de rins - assumindo que isso resultaria em aumento de pelo menos 5% no número de transplantes - teria menos custos e seria mais eficaz do que o sistema atual de doação de órgãos, de acordo com um estudo de pesquisadores canadenses. A pesquisa demonstra que essa forma de pagamento é atraente pela perspectiva de custo-benefício, mesmo sob estimativas conservadoras a respeito de sua eficácia. O estudo aparece na mais recente edição da revista científica Clinical Journal of the American Society of Nephrology (CJASN, na sigla em inglês).

Os cientistas sugerem a adoção dessa estratégia para a doação de rins, porém ela poderia ser aplicada para outros órgãos também. O transplante de rim é considerado o melhor tratamento para pacientes com insuficiência renal. No entanto, há escassez na quantidade de rins disponíveis para aqueles que precisam de transplante, e os índices de doação - tanto de pessoas vivas quanto de recém-falecidos - têm permanecido relativamente estáveis na última década. A comunidade médica vem debatendo se a aplicação de incentivos financeiros para doadores em vida não infringe conceitos legais, éticos e morais.

Ao estimar os custos e consequências do pagamento a doadores, os especialistas dizem que é possível determinar se vale a pena seguir a estratégia e planejam esclarecer as dúvidas remanescentes, tanto da população quanto dos médicos. Lianne Barnieh e Braden Manns, entre outros responsáveis pela pesquisa, propuseram a seguinte pergunta: seria possível aumentar o número de transplantes, melhorar os resultados dos pacientes e ainda poupar dinheiro? Caso o governo - ou um programa terceirizado de pagamento a doadores vivos - oferecesse US$ 10 mil por um rim, isso pouparia gastos? Não seria um dilema ético?

De acordo com o modelo proposto pelos pesquisadores, uma estratégia que resultasse no aumento de apenas 5% dos transplantes de rim (uma estimativa conservadora, destacam) através do pagamento a doadores resultaria em economia de US$ 340 e ganho de 0.11 anos de vida com qualidade em comparação com o atual modelo de doação de órgãos. O aumento no número de transplantes em 10% ou 20% se transformaria em uma economia de US$ 1.640 e US$ 4.030 e 0.21 e 0.39 anos de vida, respectivamente.

"Um programa como esse pode gerar redução de custos devido ao número extra de transplantes de rins e, em consequência, do menor gasto com diálise. Além disso, aumentar o número de receptores de órgãos também melhoraria a saúde em geral ao gerar crescimento na qualidade e quantidade da vida dos pacientes na fase final de uma doença renal", afirmou a médica Lianne Barnieh.
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