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Coronel foi agredido duas vezes nas manifestações deste ano, diz mulher

G1

 A agressão sofrida pelo coronel Reynaldo Simões Rossi nesta sexta-feira (25) foi a segunda sofrida pelo comandante da região central da Polícia Militar desde junho deste ano, quando tiveram início as manifestações populares no país. A informação foi dada neste sábado (26) ao G1 pela mulher do oficial, a gerente comercial Adriana Bezerra Xavier Rossi, que completará 44 anos nesta segunda-feira (28).

"Ele estar vivo é o melhor presente de aniversário para mim", disse a mulher em entrevista à equipe de reportagem. "Em junho, vândalos jogaram um garrafa contra ele durante uma ação da PM na porta de um shopping na região da Avenida Paulista, mas desta vez foi pior. Vi tudo pela televisão e fiquei desesperada na hora", contou.
De acordo com Adriana, o marido não pode falar ainda porque se recupera dos ferimentos causados por golpes de paus, chutes e socos que levou de agressores no terminal de ônibus Parque Dom Pedro II. "Ele falou para mim dizer à imprensa que 'infelizmente chegou a vez dele de ser agredido mais duramente'. Disse que 80 policiais militares já foram agredidos por vândalos nesses atos e agora chegou a vez dele".

Segundo a esposa, o médico pediu para Reynaldo ficar quatro semanas afastado dos trabalhos. "Ele precisa se recuperar. Chegou a tomar morfina para diminuir a dor, mas ainda se queixa de dores. Principalmente nos ombros: quebrou as duas omoplatas".

Ainda de acordo com Adriana, o coronel está falando constantemente com ela para que a mensagem de paz seja mantida, mesmo após ele ter sido agredido. "'Peço para a tropa continuar calma com os manifestantes', ele não se cansa de dizer para mim", falou.

Os dois manifestantes presos em flagrante pela Polícia Militar (PM), na noite desta sexta-feira (25), por suspeita de agredirem o coronel foram indiciados por tentativa de homicídio e associação criminosa. As informações são do comandante da PM, coronel Benedito Roberto Meira, em entrevista por telefone ao G1 na manhã deste sábado (26).
Além dos dois presos, o chefe da corporação afirmou que 92 pessoas foram detidas e responsabilizadas por danos ao patrimônio público e privado após confronto com policiais militares no Terminal de ônibus Parque Dom Pedro II, na região central.

“O que fizeram com ele é um ato criminoso, não tem o que falar. O coronel estava dialogando com manifestantes do MPL [Movimento Passe Livre]. Ele foi falar com uma menina que iniciava depredação no ponto de ônibus. Foi cercado por manifestantes. Dois deles foram reconhecidos por fotos e indiciados por tentativa de homicídio e associação criminosa na Polícia Civil. Foram levados para o 1º Distrito Policial, na Sé. Os demais foram conduzidos e identificados portando pedras e coquetéis molotov”, disse o coronel Benedito Meira.
Segundo Meira, os presos são: Paulo Henrique Santiago dos Santos e Rafael Martins de Oliveira Matta. Não foram informadas as idades e profissões, mas, segundo o oficial, os detidos são adultos. A equipe de reportagem não conseguiu localizar os advogados dos suspeitos para comentarem o assunto.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública, Paulo tem 24 anos, é comerciário e foi indiciado por tentativa de homicídio, formação de quadrilha ou bando, roubo e lesão corporal contra o coronel Reynaldo.
Agressão
Reynaldo Rossi, Comandante de Policiamento de Área Metropolitana 1 (CPAM 1), teve fraturas na clavícula e suspeita de traumatismo craniano depois de ser atingido por golpes de pedaço de madeira desferidos por mascarados adeptos da tática Black Bloc, que estimula a depredação do patrimônio público e privado, além de instituições bancárias. Fotógrafos e cinegrafistas registraram as agressões no terminal.

A violência é um item do "manual de ação direta" dos black blocs. A "desobediência civil", segundo eles, seria "para demonstrar uma posição de não aceitação a uma regra, lei ou decisão imposta; e não se curvar a quem a impõe". Os black blocs marcam encontro pela internet, quase sempre em apoio às manifestações pacíficas. Quando cruzam com a polícia, a tensão aumenta e a violência explode.

A pistola .40, arma do oficial teria sido roubada, juntamente com um rádio, que foi achado depois sem a bateria. A Secretaria da Segurança Pública informou que o homem de arma em punho e sem máscara que aparece em fotografias do tumulto (como a publicada acima) é um soldado que o auxiliava e dirigia o carro do coronel no momento da confusão.

Ainda de acordo com Meira, 92 pessoas foram detidas no total, mas só duas delas, justamente os dois suspeitos de agredirem o coronel continuavam detidas na manhã deste sábado.

Um balanço parcial da PM, segundo o comandante, informa que três policiais militares foram feridos no total. Além do coronel, o seu motorista, que fraturou dois dedos da mão e teve lesão no rosto, e um outro policial com escoriações. As viaturas não foram danificadas.
Pelos cálculos da PM, 15 caixas eletrônicos foram avariados, R$ 1.500 em dinheiro foram roubados de uma bilheteria do terminal, seis agências bancárias tiveram os vidros quebrados, além do prédio da Defensoria Pública e 4 lojas que tiveram as portas danificadas.

“Entre os detidos, encontramos uma pessoa com 105 bolinhas de gude e 5 litros de álcool. Ele foi autuado por porte ilegal de arma”, disse o comandante, que comentou ser necessário repensar as leis contra quem pratica atos violentos em protestos. “Eu estou fazendo aquilo que a lei determina: que tenho que dar garantia a manifestação pública, desde que seja legítima e pacífica. Mas, no decorrer, esse grupo de mascarados se juntam, hostilizam e provocam policiais e em determinado momento danificam patrimônio.”

O próprio comandante da PM falou que está mudando a maneira de ver grupos de mascarados violentos, como o Black Bloc, que se infiltram em manifestações legítimas e pacíficas, como estava sendo a do MPL nesta sexta-feira.
“Eu penso que a cada ação tem uma necessidade de criminalização nas condutas deles. A legislação nossa é falha e tem de ser revista. Não se pode permitir que pessoas pratiquem esse tipo de conduta e sejam indiciadas por dano e com penas brandas. Às vezes você não consegue prender em flagrante. É o momento de se repensar. É necessário repensar legislação. Essa violência ocorre em razão da impunidade. Esse bando não reivindica nada e não propõe nada. Quebra tudo e todos. Hoje estou começando a ter essa convicção, que é uma organização criminosa. Não é um grupo de jovens que quer protestar”, disse Meira.

Segundo nota da PM, o coronel foi agredido "de forma covarde" no Terminal Parque Dom Pedro II. A PM diz que Rossi "teve a clavícula quebrada e muitas escoriações na região da face e cabeça, sendo socorrido ao Hospital das Clínicas juntamente com seu auxiliar, soldado da PM que teve ferimentos e passa por atendimento médico".
Balanço da PM

A PM divulgou nota neste sábado para informar que foram quebrados "orelhões, extintores, catracas, 15 caixas eletrônicos, bilheterias, banheiros, quiosques, picharam as colunas do terminal, depredaram vários ônibus e instalações. Também atearam fogo em cones e alguns mascarados roubaram cerca de 1.500 reais de uma cabine do terminal".

Na região da 25 de Março, portas de todas as lojas foram amassadas na Ladeira General Carneiro X Pça Manoel da Nóbrega; a Loja Ibis os vidros quebrados e paredes pichadas. Diversos bancos como Santander, HDBC, Bradesco, Itaú e Safra, além da Defensoria Pública e Edifício Cidades também tiveram os vidros quebrados.

Na Rua Alvares Penteado quebraram os vidros da Sub Prefeitura Sé e da Magazine Luiza. Na Rua Rangel Pestana o Banco Santander também teve os vidros quebrados. A AES Eletropaulo, na Rua Tabatinguera, foi toda pichada. Diversas lixeiras e orelhões da área central destruídos.
Protesto
O ato convocado pelo MPL reivindicava tarifa zero no transporte público e a volta de linhas de ônibus extintas na periferia. O MPL disse que o ato que encerrava a "Semana de Luta por Transporte Público" reuniu 4 mil pessoas. No começo do ato, a PM estimou em 600 o total de participantes.

Nota da PM
Confira abaixo posicionamento da PM sobre os tumultos de sexta-feira:
"Criminosos travestidos de manifestantes agridem Coronel da Polícia Militar.

A Polícia Militar esclarece que nesta data (25), realizava o acompanhamento da manifestação “Mobilização do MPL/SP- Semana de Luta Pelo Transporte Público”, com a finalidade de garantir o direito de manifestação como também o direito de ir e vir e de preservar o patrimônio público e privado.

Desde o início da Manifestação foi percebida a presença de integrantes “Black Blocs” que gritavam palavras de ordem contra a PM, bem como tentavam provocar os PMs a alguma reação violenta para fins midiáticos.

No Parque Dom Pedro os “Black Blocs” passaram das palavras à ação e iniciaram um confronto com os policiais militares, neste episódio eles agrediram, de forma covarde, o Cel PM Reynaldo Simões Rossi, comandante do policiamento da área centro e seu auxiliar, roubando a pistola calibre .40 e o rádio comunicador do Oficial.

O Cel PM Reynaldo teve a clavícula quebrada e muitas escoriações na região da face e cabeça, sendo socorrido ao Hospital das Clínicas juntamente com seu auxiliar, soldado da PM que teve ferimentos e passa por atendimento médico.

Integrantes do "Black Block", no Parque Dom Pedro, picharam as colunas do terminal, depredaram vários ônibus, caixas eletrônicos e instalações. Também atearam fogo em cones.

Manifestantes também depredaram a subprefeitura da Sé na rua Álvares Penteado e alguns mascarados roubaram cerca de 1.500 reais de uma cabine do terminal Dom Pedro. Cerca de 15 caixas eletrônicos foram danificados pela região.

Diante este cenário equipes do Comando de Choque, usando de técnicas de CDC, detiveram 78 pessoas que foram conduzidas para o 2 e 78º D.P."
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