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'Ele não faria mal ao Joaquim', diz mãe do padrasto suspeito de matar garoto

EPTV

 “Ele não teria coragem de fazer nada de mal contra o Joaquim”. A afirmação é da mãe do padrasto do menino, Augusta Aparecida Raymo Longo, sobre a suspeita de que Guilherme Longo teria envolvimento no desaparecimento e na morte da criança de 3 anos, em Ribeirão Preto (SP). Em entrevista ao G1, Aparecida deu detalhes sobre a relação do garoto com o filho.

O técnico em TI, de 28 anos, está preso temporariamente desde domingo (10), após o corpo de Joaquim ter sido encontrado no Rio Pardo, em Barretosx (SP). A mãe do menino, a psicóloga Natália Ponte, também foi presa. Segundo a Polícia Civil, a necropsia feita pelo Instituto Médico Legal (IML) apontou que o pulmão da criança não apresentava água, o que descarta a hipótese de morte por afogamento e evidencia o homicídio.

A polícia acredita que Joaquim tenha sido jogado morto no córrego próximo à casa da família, e suspeita que um erro na medicação do garoto, que era diabético, tenha sido a causa da morte. Joaquim foi enterrado na segunda-feira (11), em São Joaquim da Barra (SP).

Segundo Augusta, que é mãe de três filhos adotivos, incluindo Guilherme, o filho é uma ótima pessoa. “Ele é muito romântico, gosta de Roberto Carlos, é um ótimo rapaz e um bom filho. Sempre tratou o menino muito bem. Confio nele de olhos fechados. Ele não teria coragem de fazer nada de mal contra o Joaquim”, diz.

Augusta contou também que adotou Longo ainda bebê, por meio de um processo informal. “Na época, a mãe podia escolher para quem queria dar o filho. Era uma moça menor de idade”, conta. A mãe conta que o técnico em TI sempre foi muito carinhoso com Joaquim e cuidava dele como se fosse filho. “Ele levantava de madrugada para dar mamadeira, cuidava com todo o carinho”, afirma.

Guilherme Longo é pai de um bebê de 4 meses, fruto da relação de quase dois anos com a mãe de Joaquim. O casal se conheceu durante uma internação do rapaz em uma clínica de reabilitação, onde Natália, que é psicóloga, trabalhava. Segundo Augusta, Longo, que sempre gostou de esportes, usa drogas desde os 20 anos. “Ele não tinha colocado uma gosta de álcool na boca até os 20 anos, mas aí começou a trabalhar com filmagens de eventos. Ele conseguiu esse emprego e ia a muitas festas e baladas, acho que conheceu o mundo das drogas nessas festas”, diz.

Depois que a família descobriu o envolvimento com drogas, Longo tentou cursar três faculdades – todas inacabadas. Ele começou o curso de engenharia civil, mas, segundo a mãe, achou que não servia e parou. Depois, iniciou um curso de ciência da computação e também não concluiu. Em seguida, cursou três anos de engenharia da computação e largou a faculdade novamente.

O rapaz chegou a morar quase dois anos fora do Brasil, na Irlanda, e foi trazido de volta pela família. Atualmente, Longo trabalhava como técnico em TI, em Ribeirão Preto.

Recentemente, segundo Augusta, a descoberta de que Joaquim tinha diabetes deixou o filho abalado psicologicamente. Ela acredita que a doença tenha colaborado para que Longo voltasse a usar drogas, já que teve uma recaída nas últimas semanas. No dia em que Joaquim passou mal pela primeira vez, foi o padrasto quem o socorreu. “O menino passou mal na frente dele quando descobriram que tinha diabetes. Ele começou a se debater e foi o Guilherme quem socorreu e o levou para o hospital. Isso mexeu muito com meu filho”, afirma.

Augusta reafirma a inocência do filho. “Guilherme não teria coragem de fazer nada contra o menino. Estamos muito cansados.”

Investigação
O corpo de Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, foi enterrado na tarde desta segunda-feira (11), no cemitério municipal de São Joaquim da Barra (SP), cidade da família da mãe. Ele foi encontrado no domingo (10), boiando no Rio Pardo, em Barretos (SP), a 121 km da casa da família em Ribeirão Preto (SP), de onde ele havia desaparecido, na madrugada de terça-feira (5).

Em novo depoimento após a prisão, Natália Ponte afirmou à polícia que Longo teria tentado se matar no domingo (3), dois dias antes do desaparecimento do garoto, aplicando em si mesmo a insulina que era utilizada no tratamento do enteado, que sofria de diabetes.

Para o promotor de Justiça, Marcus Túlio Nicolino, a afirmação demonstra que Joaquim pode ter sido morto por superdosagem do medicamento no sangue. Isso porque, Natália conta que o padrasto teria mentido quanto à dose que usou na tentativa de se matar. Primeiro, Longo contou ter aplicado duas unidades da substância em si mesmo. Entretanto, após a mãe entregar à polícia os medicamentos e o aparelho usado na aplicação, que estavam na casa da família, o marido teria contado outra versão, afirmando “ter feito uma autoaplicação de 30 unidades de insulina.”

Natália também afirmou que estava sendo ameaçada de morte por Longo porque queria se separar dele, já que ele havia voltado a usar cocaína. O casal, segundo o promotor, brigava com frequência porque Longo tinha ciúmes de Joaquim. Durante uma dessas discussões, ele chegou a dizer que jogaria o filho do casal, um bebê de 4 meses, contra a parede.

Nesta terça-feira (12), a Justiça concedeu a quebra de sigilo telefônico da mãe e do padrasto de Joaquim, e também de pessoas próximas ao casal, para obter informações que podem ajudar na investigação sobre a morte do garoto.
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