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Com Massa, Brasil e Williams têm 7º ato de uma história de alegria e luto

Globo Esporte

 Em 2014, Felipe Massa vai começar uma nova fase na carreira. Após doze anos na Ferrari, oito deles como titular, o brasileiro assinou um contrato de duas temporadas com a Williams, com opção de renovação por mais um. Se a união será de sucesso, tudo dependerá de o time aproveitar a revolução no regulamento da F-1 com a introdução dos motores V6 turbo e construir um carro capaz de brigar por vitórias. O certo é que, com a chegada do paulista de 32 anos, será escrito mais um capítulo verde e amarelo na história da lendária e vitoriosa equipe inglesa, dona de nove títulos de Construtores e sete de Pilotos. Uma história de lágrimas de sorriso e tristeza. Lágrimas de alegria, pelo título de Nelson Piquet em 1987, e de luto pela ferida aberta com a traumática morte de Ayrton Senna naquele fatídico 1º de maio de 94 em San Marino. Massa será o sexto piloto do país a defender a tradicional escuderia, time que mais contou com brasileiros na categoria. Ele será o sétimo a trabalhar com Sir Frank Williams, fundador do time.
Relembre a história do Brasil com a Williams na Fórmula 1:
CARLOS PACE

A história do Brasil com a Williams começou em 1972. Aquela temporada marcou a estreia de José Carlos Pace, uma grande promessa do automobilismo do país, na F-1, através da Williams Team Motul, nome da época da Frank Williams Racing Cars, empresa que antecedeu a equipe atual, fundada em 1977. A bordo de um chassi da March com motor Ford Cosworth, "Moco" superou as dificuldades de uma equipe “garagista” que ingressara na categoria havia poucos anos e alcançou a zona de pontuação em duas ocasiões: sexto na Espanha e quinto na Bélgica. Nos anos seguintes, Pace defendeu a Brabham, time pelo qual venceu o GP do Brasil de 1975. Ele faleceu em um acidente aéreo em 1977, aos 32 anos.
NELSON PIQUET

Nelson Piquet deu sequência à história em 1986, já na Williams F1 Team, fundada em 1977 por Frank Williams e Patrick Head. Bicampeão com a Brabham, Piquet chegou com moral ao time inglês para fazer dupla com Nigel Mansell. Em uma das mais memoráveis temporadas da história da F-1, Piquet brigou ponto a ponto com Mansell, Alain Prost e o compatriota Ayrton Senna. O título acabou ficando com o francês, que guiava pela Renault. A taça, enfim, veio no ano seguinte, 1987. Mas não foi nada fácil. Um fortíssimo acidente no GP de San Marino, na segunda etapa, afetou a performance de Piquet no restante do ano. Para piorar, o brasileiro percebeu privilégios da equipe inglesa ao inglês Mansell. A partir daí, travou uma guerra psicológica. Piquet dividiu a equipe em duas. Exímio acertador de carros, ele não passava as configurações de seu bólido e, quando passava, eram propositalmente erradas para enganar o “Leão”. Na pista, atuações sólidas, buscando marcar o máximo de pontos possíveis. Fora dela, provocações diversas a Mansell: um voo inteiro cutucando a costela fissurada do britânico, papel higiênico escondido em dia de indisposição intestinal do parceiro, declarações de que o inglês não gostava de mulher bonita... No fim, com três vitórias, Piquet venceu a guerra e deu tchau para a equipe, seguindo para a Lotus.
Memória Globo: Piquet e o bicampeonato em 83



AYRTON SENNA

Foi a Williams que deu a primeira oportunidade para Senna em um Fórmula 1, em um teste em 1983. Quis o destino, irônico e cruel, que fosse com um carro da escuderia que o piloto fizesse sua última corrida, em 1994, no capítulo mais triste da história da equipe britânica e do automobilismo brasileiro. Após três títulos pela McLaren em 1988, 1990 e 1991, Ayrton, vendo a Williams dominar em absoluto as duas temporadas seguintes com a revolucionária suspensão ativa, decidiu trocar de equipe. Entretanto, o mecanismo foi proibido, assim como o controle de tração e os freios ABS. O carro de 94 não apresentava a soberania dos anos anteriores, e a Benetton de Michael Schumacher emergiu como principal concorrente. Mesmo assim, Senna mostrou força, anotando a pole nas duas primeiras provas. Porém, não conseguiu pontuar: rodou em Interlagos e foi acertado por Mika Hakkinen na largada de Aida. Veio então o fatídico 1º de maio em Ímola. Senna liderava o GP de San Marino após largar na pole, quando uma quebra na barra de direção fez seu carro passar reto na curva Tamburello, acertando fortemente o muro a mais de 230km/h. Foi a única morte de um piloto a bordo de um carro da Williams na F-1. Uma tragédia que comoveu o Brasil, o mundo e que dói até hoje no coração dos fãs do eterno tricampeão. Daquele ano em diante, como uma dívida eterna, cada um dos carros construídos pela escuderia vieram com o “S” de Senna estampado no bico.
Memória Globo: Senna e o tricampeonato em 1991




ANTÔNIO PIZZONIA

Em 2004 a Williams já não conseguia mostrar a mesma força dos anos anteriores e se estagnava como uma equipe de pelotão intermediário. Após um forte acidente no GP dos EUA, em Indianápolis, o alemão Ralf Schumacher precisou ficar “fora de combate” por algumas etapas. Inicialmente, o irmão de Michael Schumacher foi substituído pelo Marc Gené. Mas o espanhol não apresentou bom rendimento nas duas corridas que disputou e deu lugar a Antônio Pizzonia. O manauara teve um bom desempenho: alcançou três vezes a zona de pontuação com sétimos lugares nas quatro etapas que disputou, até devolver o cockpit para Ralf, a três corridas do fim. Apesar da experiência com o time, Pizzonia acabou preterido em 2005 por Nick Heidfeld e seguiu como reserva. No entanto, ele voltou a disputar corridas oficiais após o alemão bater em Monza. Era previsto que Heidfeld retornasse antes do fim do ano, mas após outro acidente, dessa vez de moto, ele deu a oportunidade para Pizzonia correr até o fim da temporada e disputar o GP do Brasil.
RUBENS BARRICHELLO

Em 2010, Rubens Barrichello chegou à Williams trazendo consigo a bagagem de 17 temporadas na Fórmula 1. No primeiro ano, o carro era limitado, porém melhor do que dos quatro anos anteriores. O veterano fez jus à experiência e anotou 47 pontos, 25 a mais que o seu companheiro, o estreante Nico Hulkenberg, hoje badalado piloto da Sauber. No ano seguinte, a equipe montou um dos piores carros de sua história. Com Pastor Maldonado, também como novato, como companheiro, o brasileiro pelo menos foi responsável por marcar quatro dos escassos cinco pontos do time na temporada.


BRUNO SENNA


Barrichello não renovou o contrato com a Williams para 2012 e se despediu da Fórmula 1. Porém, isso não interrompeu a história brasileira com o time. Para sua vaga, foi contratado seu compatriota Bruno Senna, sobrinho de Ayrton. Após entrar na Lotus no decorrer da temporada anterior e apresentar boas performances, principalmente em treinos classificatórios, Bruno chegou com boas expectativas ao time. O carro era superior ao de 2011, mas ainda deixava a desejar com relação aos times mais fortes. Nas qualificações, o brasileiro acabou sendo superado por Maldonado com frequência. Nas corridas, Bruno mostrou mais consistência e sobriedade, enquanto o venezuelano se envolvia em diversos acidentes. No entanto, Maldonado conseguiu a façanha de vencer o GP da Espanha, a primeira da Williams em oito anos, ofuscando o ano regular do companheiro. Bruno deixou o time no fim da temporada para dar lugar a Valtteri Bottas e seguiu para o Mundial de Endurance.
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