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Polícia ouve três novos depoimentos do caso Joaquim nesta sexta-feira

G1

 O delegado Paulo Henrique Martins de Castro, chefe das investigações sobre a morte do menino Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, deve ouvir três novos depoimentos nesta sexta-feira (15), em Ribeirão Preto (SP). Segundo Castro, as pessoas não são ligadas à família da criança e podem ajudar a elucidar fatos obtidos pela polícia desde o início da apuração sobre o que levou o garoto à morte.

Joaquim foi encontrado morto no domingo (10), no Rio Pardo, em Barretos (SP), após ter ficado desaparecido por cinco dias. A mãe dele, a psicóloga Natália Ponte, e o padrasto, o técnico em TI Guilherme Longo, estão presos temporariamente por suspeita de envolvimento na morte.

Em depoimento à polícia, o casal alegou inocência. O advogado de Guilherme pediu a revogação da prisão dele.

Natália Ponte prestou novo depoimento à polícia na tarde de quinta-feira (14). O delegado não revelou detalhes sobre os relatos da mãe de Joaquim, mas afirmou que ela ‘está passando a colaborar de um modo mais eficaz’.

O advogado do pai de Joaquim, Alexandre Durante, teve acesso ao depoimento de Natália. Nele, segundo Durante, a psicóloga afirmou pela primeira vez que já foi ameaçada de morte por Guilherme Longo. Para ele, no entanto, as declarações de Natália não foram esclarecedoras, uma vez que ela relata pontos que contrastam com o depoimento prestado no domingo (11).

Antes de revelar que foi ameaçada de morte por Longo, Natália havia mencionado problemas com relação ao uso da insulina em Joaquim - dentre eles uma suposta tentativa de suicídio praticada pelo marido com o medicamento destinado ao menino. Mas somente no depoimento desta terça, de acordo com Durante, Natália teria dito que, em uma determinada ocasião, Guilherme Longo teria se esquecido de aplicar o hormônio na criança. Isso teria acontecido, de acordo com ela, no final de semana de 26 de outubro. Na data, quando o pai Arthur Paes visitava o filho, Natália teria pedido a Longo que aplicasse uma unidade de insulina no menino. No fim do dia, no entanto, o padrasto teria confessado a ela que não aplicou o medicamento.

O advogado, no entanto, não considera os detalhes do novo depoimento de Natália esclarecedores para as investigações. "É preciso ter uma certa cautela. De esclarecedor ela não acrescentou muita coisa. O depoimento dela, em comparação ao anterior, não tem muita lógica justamente por ter informações que contrastam entre si", explica.

Novas pistas
Ainda na tarde de quinta-feira, o delegado ouviu o depoimento de um pescador, que afirma ter visto uma pessoa jogando um volume grande nas águas do Rio Pardo, em uma ponte na Rodovia Candido Portinari, entre Ribeirão Preto (SP) e Jardinópolis (SP). O fato, segundo a testemunha, ocorreu na madrugada de 5 de novembro, data em que o menino Joaquim Ponte Marques desapareceu da casa da mãe.

A testemunha contou pescava no local por volta das 3h50, quando um carro parou próximo. Segundo ele, um homem de jaqueta vermelha desceu do veículo segurando um volume enrolado em um lençol e o jogado no rio. Em seguida, teria deixado o local no automóvel.

“Vamos avaliar a veracidade disso e confrontar com outras provas. Precisamos verificar se são reais as declarações, se tem alguma ligação, se é de fato o Guilherme quem ele viu. Isso vai fazer parte do processo agora”, diz Castro.

Linha de investigação e depoimentos
Nesta quinta-feira, o promotor do caso, Marcus Túlio Nicolino, afirmou que a polícia e o Ministério Público continuam trabalhando com ‘a linha de que o assassino estava dentro da casa’.
Guilherme Longo e Natália Ponte negam envolvimento na morte de Joaquim. Entretanto, Natália revelou nos três depoimentos que prestou após a prisão que sofria agressões e ameaças por parte do marido, além dos ciúmes que Longo sentia do enteado. O padrasto nega as afirmações e diz que eles tinham apenas brigas corriqueiras.

Nicolino disse que a realização de uma acareação entre Natália e Longo não deve acontecer nesse momento de investigações, mas confirma que a reconstituição do que aconteceu na casa da família, na madrugada em que Joaquim desapareceu, será realizada nos próximos dias.

Em depoimento na quarta-feira, Longo contou à polícia que semanas antes do desaparecimento de Joaquim, usou em si mesmo a insulina do tratamento do menino contra o diabetes. Segundo o padrasto, ele havia feito uso de quatro cápsulas de cocaína, obtidas na troca de um celular, e se autoaplicou 30 unidades da medicação para conter a “fissura”. O advogado dele, Antônio Carlos de Oliveira, afirmou que Longo tinha conhecimento sobre os efeitos do hormônio por causa dos cuidados com o enteado.

Entretanto, Natália afirmou anteriormente que dois dias antes do sumiço de Joaquim, Longo teria tentado se matar, usando a insulina. O promotor e a polícia suspeitam que a aplicação de uma superdosagem de insulina pode ter levado Joaquim à morte.

Desde o início das investigações, a Polícia Civil obteve imagens registradas por câmeras de segurança instaladas na rua onde fica a casa da família de Joaquim e próximo à casa do pai de Guilherme, Dimas Longo. Segundo o delegado, Dimas saiu de carro da casa dele, na madrugada do desaparecimento de Joaquim, e retornou algum tempo depois. As imagens ainda estão sendo analisadas pela polícia.

O promotor afirmou que, na semana passada, a polícia obteve um vídeo – também gravado na madrugada do sumiço do menino – que mostra um homem carregando um objeto que se parece com uma sacola grande, andando pela rua da casa da família. "Esse homem carrega um pacote, uma espécie de sacola, com as duas mãos. Momentos depois, a mesma pessoa faz o caminho de volta, porém sem o pacote em mãos", explica.

As imagens não foram divulgadas pela polícia, mas já foram incluídas no inquérito. A polícia aguarda ainda o resultado dos laudos toxicológicos feitos no corpo do menino.
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