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Casa de Joaquim é tomada por manifestações em Ribeirão Preto, SP

G1

 A casa onde vivia o menino Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, em Ribeirão Preto (SP), se transformou em um ponto de homenagens e orações desde o último domingo (10), dia em que o corpo da criança foi encontrado no Rio Pardo, próximo a Barretos (SP). Neste feriadão, adultos e crianças até mesmo de outras cidades aproveitaram para deixar cartazes com mensagens de paz e pedidos de justiça na fachada do imóvel. Brinquedos, bichos de pelúcia e flores também tomam a frente. "O Joaquim agora é um anjo da guarda", afirma a dona de casa Vera Lúcia Schiavoni, que esteve no local na manhã deste sábado (16).

Segundo o delegado Paulo Henrique Martins de Castro, chefe das investigações, equipes da Polícia Civil estão nas ruas neste sábado em busca de mais pistas sobre o caso.

A dona de casa mora em uma rua próxima à casa em que o menino vivia com a mãe, Natália Ponte, o padrasto, Guilherme Longo, e o irmão, um bebê de 4 meses. Vera Lúcia diz que sempre o via no portão, brincando. "Era um menino muito sorridente. Não merecia essas coisas, não. Vim trazer uma flor para ele hoje. A gente está muito triste. Rezo pelo Joaquim, porque a gente sabe a dor que é perder uma criança. Tenho meus netos e bisnetos, e vejo ele como se fosse um neto para mim", diz.

Observando em silêncio a fachada da casa de Joaquim, o aposentado Ronaldo Sílvio Soares passou a manhã fazendo orações pelo menino. Soares conta que veio de Jardinópolis (SP) somente para visitar o "santuário" construído para Joaquim. "Vim até aqui só para ver e rezar por ele. É horrível pensar que o menino morava nessa casa e aí acontece uma coisa dessas. É triste de ver. É uma crueldade fazer uma coisa dessas com uma criança indefesa", comenta.

Em família
A fisioterapeuta Fernanda Fonseca Machado, de Mirassol (SP), foi até a casa de Joaquim acompanhada da família. Fernanda, que tem parentes em Ribeirão, passou o feriado na cidade, e comovida com a repercussão do caso resolveu visitar o local em que o menino vivia.

"Não dá nem para acreditar direito. É uma coisa difícil de imaginar. Como alguém tem coragem de fazer mal a uma criança desse jeito?", pergunta. Ao ler os cartazes e as mensagens no portão do imóvel, Fernanda se emocionou. "É uma forma de carinho, um gesto de solidariedade com a família que infelizmente perdeu esse menino", diz.

Linha de investigação
Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, desapareceu de dentro da casa da família, na madrugada de 5 de novembro, em Ribeirão Preto (SP). O corpo foi encontrado cinco dias depois, boiando no Rio Pardo. Ele foi enterrado na segunda-feira (11) em São Joaquim da Barra (SP).

A mãe de Joaquim, Natália Ponte, e o padrasto dele, Guilherme Longo, estão presos temporariamente, suspeitos de envolvimento no sumiço e na morte da criança. Eles alegam inocência.

O promotor do caso, Marcus Túlio Nicolino, afirmou que a polícia e o Ministério Público continuam trabalhando com ‘a linha de que o assassino estava dentro da casa’.

Guilherme Longo e Natália Ponte negam envolvimento na morte de Joaquim. Entretanto, Natália revelou nos três depoimentos que prestou após a prisão que sofria agressões e ameaças por parte do marido, além dos ciúmes que Longo sentia do enteado. O padrasto nega as afirmações e diz que eles tinham apenas brigas corriqueiras. Nicolino disse que a realização de uma acareação entre Natália e Longo não deve acontecer nesse momento de investigações.

Desde o início das investigações, a Polícia Civil obteve imagens registradas por câmeras de segurança instaladas na rua onde fica a casa da família de Joaquim e próximo à casa do pai de Guilherme, Dimas Longo. Segundo o delegado, Dimas saiu de carro da casa dele, na madrugada do desaparecimento de Joaquim, e retornou algum tempo depois. As imagens ainda estão sendo analisadas pela polícia.

O promotor afirmou que, na semana passada, a polícia obteve um vídeo – também gravado na madrugada do sumiço do menino – que mostra um homem carregando um objeto que se parece com uma sacola grande, andando pela rua da casa da família. As imagens não foram divulgadas pela polícia, mas já foram incluídas no inquérito. A polícia aguarda ainda o resultado dos laudos toxicológicos feitos no corpo do menino.
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