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Justiça recebe denúncia contra acusado de perfurar os olhos da ex

TV Anhanguera

 O juiz da 1ª Vara Criminal de Crimes Dolosos Contra a Vida de Goiânia, Eduardo Pio Mascarenhas, recebeu nesta segunda-feira (25) a denúncia contra Wilson Bicudo, acusado de torturar e perfurar os olhos da ex-mulher, a operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães, 27 anos. Após um impasse jurídico, o Ministério Público Estadual (MP-GO) entendeu que ele deveria responder por tentativa de homicídio triplamente qualificado e o caso foi encaminhado à Justiça.

O juiz também já determinou a notificação de Bicudo, que terá um prazo de dez dias para apresentar sua defesa prévia. Ele segue preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), caso o réu declare que ainda não tem advogado, o magistrado designará algum representante.

Mara Rúbia foi agredida pelo ex-marido no dia 29 de agosto deste ano, logo após chegar em casa para o almoço. Segundo a denúncia, a vítima relatou que foi surpreendida por Bicudo já no interior da residência, quando foi torturada e imobilizada. Em seguida, teve os dois olhos perfurados com uma faca.
Na denúncia feita pelo MP-GO, o promotor Paulo Pereira dos Santos entendeu que houve tentativa de homicídio por motivo torpe, com emprego de tortura ou meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ainda segundo o parecer do promotor, Mara Rúbia desmaiou após as agressões e Bicudo acreditou que ela estava morta. Para garantir que ela não pedisse socorro, caso não tivesse morrido, ele trancou o portão da casa, levou as chaves e o celular da vítima.

O agressor fugiu em seguida e a operadora de caixa foi socorrida por vizinhos. De acordo com o inquérito, Bicudo chegou a usar o celular da ex-companheira para avisar à família e amigos que havia matado a vítima. Após 21 dias foragido, ele se entregou à Polícia Civil.

Impasse jurídico
A decisão sobre o crime pelo qual o agressor iria responder foi definido no último dia 20 pelo procurador-geral de Justiça de Goiás, Lauro Machado Nogueira, após um impasse jurídico que paralisou temporariamente o processo. Ele seguiu o parecer de sua assessoria e entendeu que houve uma tentativa de homicídio e não apenas uma lesão corporal, crime que prevê uma pena mais branda.
O inquérito foi concluído em outubro deste ano e indiciou o agressor por tentativa de homicídio triplamente qualificada. Mas o promotor de Justiça João Teles Neto discordou do relatório policial. Para ele, o crime não foi uma tentativa de homicídio, mas sim um caso de lesão corporal grave. Com a decisão, iniciou uma discussão sobre qual crime o acusado responderia.

Com a mudança na tipificação do crime, o processo seguiu para uma nova vara. Por isso, o juiz Jesseir Coelho, que tinha decretado a prisão do suspeito, teve de revogar o pedido no último dia 13, mesmo não concordando com o posicionamento do promotor.

O juiz, então, devolveu o caso para a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) para manifestação. No mesmo dia, a Justiça acatou um novo pedido do MP-GO e decretou uma nova prisão preventiva para o acusado, que não chegou a ser solto.
O processo foi, então, encaminhado ao Juizado da Violência Doméstica Familiar contra a Mulher, que discordou mais uma vez da tese de lesão corporal e entendeu que o caso se tratava de uma tentativa de homicídio. Com isso, Lauro Machado seguiu a mesma decisão e destacou que ficou evidente nos depoimentos que Bicudo tinha a pretensão de matar a vítima.

Medo
Ao saber sobre a possibilidade de libertação do agressor, Mara Rúbia chegou a passar mal e foi levada para um local desconhecido, como medida de segurança. Em entrevista à TV Anhanguera por telefone, ela disse que quer ele responda por tentativa de homicídio: "Que ele pague pelo fez".
"Peço, imploro, é o meu direito. Que a Justiça seja feita. O que acontece com essas outras mulheres que [o agressor] vai preso, abaixa a poeira, ele volta e mata, é o que vai acontecer comigo. Eu não quero isso", diz a operadora de caixa, que perdeu boa parte da visão dos dois olhos após ser torturada pelo ex-companheiro.
Recuperação
Desde a agressão, Mara Rúbia já passou por uma operação no olho esquerdo e duas no olho direito. Em seis meses, deverá passar por uma nova cirurgia. O médico Eduardo Eustáquio explica que as cirurgias são feitas por etapa por causa da gravidade das lesões, mas é positivo com a recuperação da paciente. "A chance dela ter uma recuperação visual é muito boa", afirmou na época da terceira cirurgia.

Segundo familiares, o casal se separou há dois anos. Desde então, a mulher, que morava em Corumbá de Goiás, se mudou para Goiânia. Esta não foi a primeira vez que o homem agrediu a ex-mulher, pois não aceitava o fim do relacionamento. Ela informou que procurou a polícia por quatro vezes para denunciar o agressor, mas que não obteve ajuda.
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