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Notícias / Variedades

Série expõe erros e egos inflados dos médicos

Folha de S.Paulo

Depois que "ER" abriu o caminho, as séries médicas invadiram todos os terrenos. Desde o drama da precursora, até comédia ("Scrubs"), romance ("Grey's Anatomy") ou o humor negro ("House"). Aproveitando que esta última está em férias, o canal americano Showtime resolveu lançar "Nurse Jackie" (ainda sem previsão de chegar ao Brasil). 
 
Estrelada por Edie Falco (a matriarca de "Família Soprano"), vê o cotidiano de um hospital a partir de uma enfermeira viciada em analgésicos. Parece que ela quer resolver todas as dores --não só as dela, mas do mundo-- à base de Vicodin.

Numa espécie de charada, pergunta: "Como se chama uma enfermeira com dor nas costas?". Ela mesma responde, sarcástica: "Desempregada". É o motivo para entornar vários comprimidos de uma vez logo no capítulo de estreia, embora o normal seja poupá-los como se fossem raridade. Afinal, ela não os consegue com receita, mas transando com um médico do trabalho. E ele nem sabe que ela é casada e tem duas filhas.

Para Jackie, os doutores são um bando de egocêntricos despreparados. O primeiro paciente morre por negligência de um deles. Ela falsifica o atestado de doador de órgãos com a justificativa: "É uma vergonha, mas não será um desperdício". E sua consciência fica tranquila.

Os médicos se vangloriam por salvar pessoas e até cantam, felizes, se estão diante de um caso interessante. Jackie não. Jackie rouba para dar remédios a necessitados. Mente para ajudar. Sacaneia um espancador de mulheres para fazer justiça. Desfia uma batelada de procedimentos de ética duvidosa para um bem maior. Estaria certo? Ela não quer saber, está a serviço de salvar o mundo dele mesmo, numa espécie de madre Teresa de Calcutá torta. Ela pede: "Ó, Deus, me faça uma pessoa boa. Mas ainda não".

Fica uma impressão de que os médicos sempre chutam. As enfermeiras enganam. Não há heróis. O mundo de Jackie se divide entre mortos e sobreviventes que fazem o possível. Os pacientes tampouco têm glamour. São chatos e reclamões. Mas seu trabalho é servi-los. "Médicos fazem diagnósticos. Nós, enfermeiras, curamos", explica a uma novata.

A primeira leva reúne 12 episódios, ainda em exibição nos EUA. Mas, com uma audiência recorde para o canal em sua estreia, de mais de 1 milhão de pessoas, já foi encomendada uma nova temporada.

Outra particularidade deve garantir a longevidade do programa. São só 30 minutos, o que facilita a inserção na grade. O produtor Richie Jackson disse ao "New York Post" que a duração "balanceia bem a complexidade e o absurdo das situações de vida e morte de Jackie".
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