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Mãe de Joaquim diz acreditar que menino não foi sequestrado

EPTV

 Ao contrário da versão defendida pelo padrasto de Joaquim, de que o garoto foi sequestrado dentro de casa, a mãe do menino disse à polícia que não acredita que a residência da família tenha sido invadida na madrugada de 5 de novembro. A nova declaração da psicóloga Natália Ponte aconteceu na mesma ocasião em que ela disse, pela primeira vez, acreditar que o marido, o técnico em TI Guilherme Longo, possa ter matado o enteado.
Longo prestará novo depoimento à polícia na tarde desta terça-feira (26) em Ribeirão Preto (SP). O delgado Paulo Henrique Martins de Castro, que chefia a investigação do caso, disse que espera esclarecer as contradições entre as afirmações de Natália e Longo. O casal está preso há 16 dias e deve continuar detido, pelo menos, até 10 de dezembro, quando vence o prazo da prisão temporária expedida pela Justiça.

“Como as versões são diferentes e ele [Longo] prestou algumas declarações bastante extensas, é natural que a gente explore isso como uma linha de investigação. Ele será ouvido novamente para que a gente possa esclarecer as dúvidas”, afirmou Castro, que também encontrou divergências entre os depoimentos do padrasto e a forma como ele agiu em alguns momentos da reconstituição do sumiço do garoto, na última sexta-feira (22).
Em depoimento no dia 18 de novembro - cujo conteudo foi divulgado pelo Ministério Público somente nesta segunda-feira (25) -, Natália também entrou em contradição com as declarações dadas pelo padrasto, ao afirmar que não era hábito da família deixar a porta da sala da casa aberta ou encostada. "Respondeu que, quando quisesse, Joaquim sempre conseguia abrir a porta da sala, desde que a mesma não estivesse trancada com a chave tipo tetra", consta no depoimento.
A resposta vai de encontro às afirmações do padrasto de que, na madrugada do sumiço, saiu de casa para comprar drogas, não encontrou o que procurava e, quando voltou para a residência, trancou o portão, mas deixou a porta encostada. Ainda no dia 18, Longo também afirmou que Joaquim conseguia destrancar a porta da sala.
"Perguntado se Joaquim de apenas 3 anos de idade conseguia abrir a porta da sala, respondeu o declarante que, caso a chave estivesse na porta, então disse que ele conseguia destrancar e abrir. Perguntado ainda afirmou que Joaquim conseguia abrir as portas e girá-la, abrindo-a", consta nos autos da Polícia Civil.

Investigação
O delegado Paulo Henrique Martins de Castro voltou atrás no final da manhã desta terça-feira (26) e disse que os primeiros policiais militares a chegar à casa da família de Joaquim - após a PM ser informada sobre sumiço do garoto - devem prestar depoimento apenas na próxima quinta-feira (28).
Na mesma data, um bombeiro que realizou as primeiras buscas pelo corpo da criança, também será ouvido. "Como eles foram as primeiras pessoas que tiveram contato com o casal, vai servir para que eles nos informem como foi a ocorrência, quais informações preliminares obtiveram, o estado do casal", disse.

Até o fim da semana, Castro também espera receber o resultado dos testes toxicológicos feitos nos órgãos e no sangue da criança. O exame foi solicitado porque o laudo inicial apontou que as únicas lesões encontradas na pele foram em decorrência dos dias em que o corpo foi arrastado pelo rio. Além disso, não foi encontrada água nos pulmões de Joaquim, o que indica que não houve morte por afogamento.
O delegado aguarda ainda o relatório completo das ligações telefônicas recebidas e efetuadas pela mãe do garoto, a psicóloga Natália Ponte, e pelo padrasto, o técnico em TI Guilherme Longo, e por outros dois familiares próximos ao casal. As bilhetagens devem ser entregues ainda esta semana. Castro também solicitou a quebra do sigilo telefônico de outras pessoas ligadas à família, mas ainda não recebeu a decisão da Justiça sobre o pedido.
O caso
Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, desapareceu de dentro de casa, em Ribeirão Preto (SP), na madrugada de 5 de novembro. O corpo foi encontrado cinco dias depois, boiando no Rio Pardo, em Barretos (SP). Ele foi enterrado na segunda-feira (11), em São Joaquim da Barra (SP), cidade natal da mãe.
A mãe e o padrasto estão presos temporariamente, considerados suspeitos de envolvimento no sumiço e na morte da criança. No dia 18 de novembro, a Justiça negou o pedido de revogação da prisão de Longo, que entrou com pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo.
A polícia suspeita que Joaquim, que era diabético, tenha recebido uma alta dosagem de insulina, e que teria o levado à morte. O promotor que acompanha o caso afirmou que a polícia e o Ministério Público continuam trabalhando com "a linha de que o assassino estava dentro da casa". Segundo o Instituto Médico Legal (IML), porém, não é possível determinar a causa da morte da criança.
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