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Mendes diz que é preciso 'cautela' ao decidir sobre emprego de Dirceu

G1

 O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (4) que é preciso "cautela" antes de decidir sobre o pedido de trabalho externo para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso após condenação no processo do mensalão.
A decisão será da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal e terá que ser referendada pelo presidente do STF e relator do caso mensalão, ministro Joaquim Barbosa.
O pedido [de trabalho externo] é livre, mas, de fato, tem que haver bastante cautela por parte de quem decide para que não ocorram abusos"
Gilmar Mendes,
ministro do STF
Nesta terça (3), o Jornal Nacional localizou no Panamá, país da América Central, o homem que seria o presidente da empresa que administra o hotel Saint Peter, na capital federal, onde Dirceu pretende trabalhar enquanto estiver preso.
De acordo com reportagem do JN, a companhia controladora do Saint Peter é presidida por um panamenho que mora em uma área pobre da Cidade do Panamá e trabalha como auxiliar de escritório em uma empresa de advocacia. O hotel ofereceu salário de R$ 20 mil por mês para o ex-ministro.
Interlocutores do presidente do STF informaram nesta quarta que Barbosa ficou em alerta com a reportagem do Jornal Nacional.
Para Gilmar Mendes, que falou sobre o tema antes da sessão do Supremo desta quarta, é preciso cuidado para que não haja "abusos".
"É uma questão que precisa ser analisada com cautela pela Vara de Execuções Penais certamente em entendimento com a relatoria aqui do processo no Supremo Tribunal Federal. O pedido é livre, mas, de fato, tem que haver bastante cautela por parte de quem decide para que não ocorram abusos. É preciso ter toda a cautela e com certeza a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal tomará todas as cautelas devidas."

O ministro Gilmar Mendes destacou que a idoneidade da empresa é considerada ao decidir sobre trabalho externo.
"O propósito é permitir a reintegração, a ressocialização de forma regular. Eu já tinha dito sobre regime aberto ou semiaberto de alguns parlamentares que talvez não fosse indicada a liberação para que atuassem no local onde perpetraram o crime. Não é adequado, mas isso precisa ser examinado. E tudo isso é aprendizado, é importante que estejamos discutindo isso", disse Mendes.
Mais cedo, Marco Aurélio disse que não via "com bons olhos" a situação. “Não chego a julgar o caso, porque não está retratado num processo. Mas, como cidadão, eu não vejo com bons olhos”, declarou Mello durante um evento na Câmara dos Deputados.
Ao chegar ao Supremo, afirmou que cabia à sociedade avaliar. "Eu não sei se é suspeito ou não. Aí os cidadãos em geral é que devem apreciar, e não os grandes julgadores. [...] Nós temos um sistema no Supremo. Eu mesmo tenho um reeducando prestando serviço em meu gabinete, porque a sociedade receberá os reeducandos algum dia, que voltarão ao convívio social. O interesse é que voltem ressocializados, por isso o Supremo tem esse sistema."
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