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Notícias / Educação

Diretora diz que é 'absurdo' afirmar que aluno foi vetado por racismo

G1

  A diretora Alaíde da Cintra, do colégio particular Cidade Jardim Cumbica, em Guarulhos, disse nesta quinta-feira (5) que é um "absurdo" afirmar que a instituição deixou de fazer a rematrícula de um aluno por causa do corte de cabelo. Alaíde negou as acusações de racismo feitas pela mãe do estudante Lucas Neiva, de 8 anos.

Segundo os relatos da mãe Maria Izabel Neiva e da escola, o impasse começou em 15 de agosto, quando a família recebeu a primeira recomendação de cortar o cabelo do menino. Mais de dois meses depois, em 3 de dezembro, Maria Izabel procurou a Polícia Civil para relatar que não conseguiu fazer a rematrícula do aluno. Ela alega que a permanência de seu filho na escola foi vetada por racismo.

A escola nega qualquer perseguição e afirma que a mãe apenas perdeu o período de rematrícula encerrado em 14 de novembro. De acordo com a diretora da escola, “a instituição tem diversos alunos negros, orientais, de todas as raças e, nos 23 anos de fundação, nunca houve preconceito”.

Segundo a mãe Maria Izabel, o filho estuda no colégio há três anos e, até então, nunca tinha enfrentado problemas, pois não costumava o usar o cabelo comprido. Foi em 2013 que o garoto adotou o novo visual. Ela conta que Lucas faz aulas de teatro e realiza trabalhos no meio artístico, inclusive comerciais. Devido a um contrato com uma produtora, ele não pode cortar o cabelo, pois isso mudaria seu perfil, de acordo com a mãe.

Bilhete na agenda
Os desentendimentos entre escola e família começaram com um bilhete na agenda escolar do garoto. "Pedimos que o Lucas tivesse o cabelo cortado, pois, no horário do intervalo, ele corria, suava e depois ficava coçando muito a cabeça. A professora viu que o garoto estava incomodado e alertou a mãe. O cabelo dele estava maior do que foi mostrado na reportagem e acabava atrapalhando a visão também”, afirmou a diretora.

A mãe do garoto diz que, realmente, o cabelo de Lucas estava maior que atualmente, mas que isso não justifica a postura da escola.

Além da acusação de racismo, a mãe de Lucas diz que o garoto passou a sofrer com brincadeiras de mau gosto de colegas de classe depois que foi retirado da sala, no meio da aula, para conversar com a diretora a respeito do cabelo. Por conta das piadas, a criança teria até pedido à mãe para trocar de colégio.

“Eu disse para ele [Lucas] que era preciso enfrentar a situação. Depois, com o tempo, as zoações foram diminuindo. Mas isso, para mim, foi bullying. Um bullying que partiu da direção do colégio”, relatou a administradora.

A diretora se defendeu: “isso não existe. Se as brincadeiras acontecem e passam a se repetir, a criança normalmente reclama para a professora. E nós temos profissionais pedagógicos preparados para prestar todo o apoio à família e ao aluno caso houvesse uma situação dessas. Uma coisa que eu não entendo é porque ela só informou isto agora. Até então, não tínhamos nem conhecimento”, alegou a diretora.

A diretora disse que a escola fez seu papel de cuidar do aluno ao escrever um bilhete sobre o tamanho do cabelo. "A mãe interpretou tudo errado. Nem em sonho me passa isso, de racismo. Ela está sendo muito cruel. Se o garoto sofre racismo e bullying aqui por que ela ainda queria rematriculá-lo?”, indagou.

Rematrícula
Para a mãe Maria Izabel, a rematrícula do garoto foi negada porque ela não acatou ao “pedido discriminatório”. A diretora do colégio classificou como “absurda” a hipótese de que a falta de vaga para o aluno tenha alguma relação com o pedido feito no começo do segundo semestre. “Não há relação", rebate a diretora.

Quanto à tentativa frustrada da mãe de renovar a matrícula de Lucas para o ano seguinte, Alaíde explica que, por meio de uma circular entregue aos alunos, todos os pais foram informados que teriam até o dia 14 de novembro para efetuar a rematrícula.

Depois da data, eles estariam sujeitos à disponibilidade de vagas. Segundo a diretora, a escola não tem como fazer checagens individuais com cada família para questionar sobre a decisão de não fazer a rematrícula.

“O período da manhã, para a idade do Lucas, é um dos mais procurados. Somos uma escola particular e, como qualquer empresa, precisamos de clientes, no caso, alunos. Não negaríamos matrícula a um aluno, ainda mais um com histórico tão bom como o Lucas. A questão é que não havia mais vagas para aquela turma. O que sugerimos é que a mãe preenchesse o formulário para a lista de espera, afinal, sempre tem a possibilidade de alguém se transferir e abrir uma vaga. Ela se irritou e começou a gritar na secretaria”, completou.
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