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'Não há nada que o Brasil não possa segurar', diz Dilma sobre crise

G1

“Não há nada que o Brasil não possa segurar”. A frase foi dita pela presidente Dilma Rousseff, na manhã desta quarta-feira (18), em entrevista por telefone à Rádio Jornal, no Recife, do subsolo do Palácio da Alvorada, em Brasília, no dia seguinte à visita a Pernambuco. A declaração foi dada em resposta ao questionamento sobre o possível impacto da crise econômica dos Estados Unidos no Brasil – um alerta feito pelo ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. De acordo com Dilma, a turbulência vai ser momentânea porque o preparo do Brasil é sólido.

“A dívida nacional está sob controle pelo 11º ano consecutivo, temos um grande volume de investimentos estrangeiros no Brasil, temos reservas - e sabemos usá-las - e temos um índice de desemprego muito baixo”, detalhou. Segundo a presidente, não existe mais a imagem de “espirro nos Estados Unidos, pneumonia no Brasil”.“Queremos que a turbulência seja rápida, Vamos tranquilamente enfrentar esse momento”.

Ela afirmou, no entanto, que as recomendações de Delfim Netto serão levadas a sério e o governo está extremamente atento ao que está acontecendo no mundo. O lado bom é que os Estados Unidos estão se recuperando, aumentando o emprego e está havendo maior crescimento da indústria. "Isso é muito bom porque a economia americana influi na do resto do mundo – eles colocam R$ 85 bilhões por mês no mercado. O que o ministro alerta é para quando o banco central americano começar a reduzir esses 85 bilhões, ninguém sabe o quanto, pode ter um impacto, mas nós estamos extremamente preparados para isso”, garantiu.

Salário mínimo
O salário mínimo deve ficar entre R$ 722 e R$ 724 em 2014 de acordo com a presidente. “A gente aguarda o fechamento do PIB para saber se o valor vai ser R$ 722, 723 ou 724. Se estiver próximo de 24 nós arredondamos. O patamar é esse e com esse viés de alta, nós sempre damos essa força ao salário mínimo. O pessoal pode ficar satisfeito antecipadamente porque o salário mínimo vai sofrer um bom reajuste”.

Mais Médicos
O senador Aécio Neves (PSDB), até agora principal concorrente de Dilma na sucessão presidencial, divulgou que no seu programa de governo o Bolsa Família vai ser reforçado, assim como o Mais Médicos. “É sempre bom ver que eles reconhecem alguma coisa. Durante algum tempo o Bolsa Família foi chamado de 'Bolsa Esmola' e hoje não chamam assim porque sabem do reconhecimento internacional que esse programa tem”, disse. Hoje ele vem junto com o Pronatec, que é uma forma de incluir produtivamente as pessoas. Tem 850 mil pessoas se formando, têm curso de formação técnica, têm emprego e conseguem progressivamente sair do Bolsa Família.

“Não estou falando do senador [Aécio Neves], mas do partido do senador, eles fizeram críticas ácidas ao Mais Médicos, acredito inclusive que não votaram a favor do Mais Médicos. Não tenho certeza dessa afirmação. Se votaram agradeço antecipadamente e fico muito feliz. É uma prova de que oposição não pode ser ‘o quanto pior melhor’”, afirmou.

Dilma argumentou que não havia tempo para esperar oito anos até que os médicos se formassem e as pessoas fossem atendidas. Por isso foi aberta a chamada pública para médicos brasileiros e só quando o número de pessoas que respondeu ao chamado não atendeu às expectativas, o programa foi aberto para os estrangeiros. "Aí em Pernambuco dos 185 municípios, 134 pediram profissionais, 532 médicos. No Recife foram demandados 34 médicos. Hoje, em atividade, desses 532 pedidos já tem 433, dando cobertura para 1,5 milhão de pessoas. Mas fico muito feliz do semiárido estar sendo especialmente beneficiado", contabilizou. E afirmou: “Se reconhecem que esse programa é bom e tem que ser mantido, parabéns. Não queremos ser donos da verdade, mas sabemos que o que fizemos foi de forma a beneficiar a população. Até 2014 todos os pedidos serão atendidos”.

Dilma também agradeceu hospitalidade e o respeito do governador Eduardo Campos e da primeira dama Renata Campos na visita a Pernambuco da véspéra, lembrando que o gesto de gentileza da família é histórico. “Dr. Arraes [avô de Eduardo] sempre me recebeu bem e eu sempre entendi o que ele dizia”, disse ela, em referência à conhecida brincadeira que se fazia com o ex-governador de Pernambuco, comentava-se que ele só era compreendido quando assim queria.

Transposição do Rio São Francisco
Segundo Dilma, a forma como as obras de transposição do Rio São Francisco estão sendo conduzidas foi modificada, de maneira a garantir a chegada da água aos municípios beneficiados. Segundo a presidente, à medida que vai sendo concluída uma etapa, já tem que chegar água para a população que vai ser beneficiada. São 12 milhões de pessoas em 390 municípios do Agreste e do Sertão de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

O projeto tem 55% das obras concluídas no eixo leste, 49% no eixo norte. “Dá mais ou menos o seguinte: metade das obras estão concluídas. Tivemos de refazer alguns contratos e licitações, por isso houve esse atraso. Agora não tem mais nenhuma obra civil que não esteja contratada. O valor do projeto chegou agora a R$ 8,2 bilhões”, afirma.

Quase oito mil pessoas trabalham nos dois eixos. No eixo leste, a primeira etapa deve ficar pronta até junho de 2014 e compreende a captação no reservatório de Itaparica até o de Areias (em Floresta, PE). Entre junho e dezembro de 2015 as outras duas etapas: entre o reservatório de Areias e o de Barro Branco (em Custódia, PE). A terceira etapa entre Custódia e o reservatório de Poções (em Monteiro, PB). No eixo norte fica pronto até março de 2015 a primeira etapa, que vai da captação do São Francisco até Cabrobó, PE, e o reservatório do Jati, CE. A segunda vai do Jati a Boi II, em Brejo Santo, CE. Além disso, em dezembro de 2015 a terceira etapa, que vai de Boi II para o reservatório Engenheiro Ávidos, em Cajazeiras, PB. Resumindo, entre junho de 2014 e dezembro de 2015, todas as etapas com todas as obras de engenharia ficam prontas. “E nós já começamos a contratar todas as obras de eletromecânica. O que mudou bastante, porque antes fazia o início, depois fazia uma lá no meio e outra lá no fim. Agora estamos fazendo da forma brasileira”, afirmou.

Em Pernambuco, de acordo com a presidente, além da integração do São Francisco estão sendo realizadas obras estruturantes para garantir a segurança hídrica, que são barragens, adutoras e sistemas de abastecimento. Os principais exemplos são a Adutora do Oeste, que já está pronta e beneficia 274 mil pessoas no Sertão do Araripe; o sistema Agrestina, que abrange Agrestina, Altinho, Ibirajuba e Cachoeirinha, também concluído, beneficiando 48 mil habitantes. A primeira etapa da Adutora do Pajeú, abastecendo todas as cidades e atendendo 567 mil pessoas. "Esta tirou tanto Serra Talhada como Afogados da Ingazeira do colapso em 2013, quando inauguramos um dos trechos", reforça. E a primeira etapa da adutora do Agreste, que fica pronta em julho de 2015 e atende 2 milhões de pessoas.
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