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Kiss: sobrevivente que perdeu perna luta para retomar vida: “Não tenho alternativa senão superar”

R7

  A jovem Kelen Ferreira, de 20 anos, perdeu a perna direita no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), além de ter queimaduras pelo corpo e sequelas no pulmão. Diante da tragédia que mudaria sua história para sempre, ela tenta buscar uma motivação para ser grata pelo simples fato de estar viva.

— Eu não tenho outra alternativa senão superar tudo isso. Foi uma mudança muito brusca e preciso ter forças. Quantos pais perderam seus filhos e eu tive a sorte de sobreviver.

Kelen ficou 78 dias internada, sendo que 15 deles foram em coma. Ela conta que começou a correr quando percebeu o incêndio e tirou a sandália que estava do pé esquerdo, mas não conseguiu tirar do direito. O calçado derreteu e necrosou a perna, por isso a necessidade de amputar.

A estudante de terapia ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria já passou por cinco cirurgias e colocou a prótese definitiva no dia 26 de julho. Ela conta que tem uma retração nas mãos porque a pele queimada estica, mas nada que a impeça de estudar.

— Não perdi um semestre graças ao apoio dos meus amigos e da minha família. É o que me mantém.

Dos 242 mortos, dois se tratam das amigas que acompanharam Kelen no dia incêndio.

Incêndio

O incêndio dentro da boate Kiss no centro de Santa Maria, cidade a 290 km da capital, Porto Alegre, aconteceu na madrugada de 27 de janeiro.

O fogo começou porque, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, um dos integrantes acendeu um artefato pirotécnico — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se espalharam em poucos minutos.

A casa noturna estava cheia na hora em que o fogo começou, com cerca de mil pessoas. O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. Os donos não tinham qualquer autorização do Corpo de Bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da boate estava vencido desde agosto de 2012, afirmou o Corpo de Bombeiros.

Dois músicos e dois donos da casa noturna chegaram a ser presos, mas respondem ao processo em liberdade. No mês passado, a Justiça determinou a limpeza e descontaminação da boate para avaliar se é possível realizar uma reconstituição do incêndio. A boate ainda está lacrada com tapumes. A Brigada Militar disponibiliza ao menos um policial para fazer a segurança na boate 24 horas por dia para preservar o local até que a Justiça determine a liberação.
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