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Após vídeo, mãe de irmãos mortos manda recado para médica suspeita

G1

  A mãe de Emanuel e Emanuele, irmãos mortos no trânsito em Ondina, na orla de Salvador, há três meses, assistiu ao vídeo divulgado à imprensa pela equipe da médica Kátia Alves, em sua primeira aparição após ser libertada da prisão. A oftalmologista alega inocência e reitera que o carro dela não tocou na moto.

Em entrevista, Marinúbia Gomes manda uma mensagem para a médica. "O meu propósito hoje, dona Kátia, se a senhora estiver me vendo, é de levar a senhora a júri popular, para que a verdade seja apurada. Eu não tenho interesse nenhum em condenar a senhora, se a senhora for inocente, mas tenho interesse em levar a todas as instâncias e que Deus esteja acima de tudo", afirma. "Eu peço a Deus que Ele assuma essa história e, que se a senhora seja inocente, que não seja condenada por isso. Mas se a senhora fez alguma coisa com intenção, que responda", acrescenta.

Médica grava vídeo
A médica afirma que acredita na Justiça. "Se eu perder a fé na Justiça, tanto na justiça dos homens, quanto na justiça divina, eu acho que você perde a fé na vida. Tem que ser feita, e eu tenho muita fé que a verdade vai aparecer. Eu não posso assumir algo que eu não fiz. A verdade existe, tem que ser provada, porque em momento algum eu toquei naquela moto", conta Kátia Vargas.

Nas imagens, ela ainda manda um recado para a mãe das vítimas e fala como se sente com a repercussão do caso. "Se eu pudesse falar para a mãe desses meninos, olho no olho, queria que ela soubesse que eu sou inocente, eu não matei esses meninos, não tive culpa nesse acidente. Foi um acidente trágico, mais para ela do que para mim. Sei que essa dor não tem preço, não tem tamanho, não tem tempo para passar, não sei nem se passa. Queria que ela soubesse que eu me solidarizo com ela, que eu rezo pela família dela, eu já mandei rezar missas para ela, missas pelos meninos", afirma.

Nulidade do processo
A defesa da médica Kátia Vargas entrou com recurso pedindo nulidade do processo contra a oftalmologista. Segundo o advogado Sérgio Habib, o pedido é baseado em uma mudança de argumentação por parte da denúncia feita pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA). O pedido de nulidade foi feito ao Tribunal de Justiça do Estado.

Habib afirma que a defesa quer que o crime seja tipicado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar, em vez de homicídio doloso, como foi apresentado na denúncia do MP-BA. "Nós da defesa afirmamos que não houve choque entre os veículos. O que pode ter havido é uma manobra imprudente durante a ultrapassagem da moto por parte dela, mas sem intenção de matar ninguém". Com essa argumentação, a defesa da médica espera que a ofalmologista não vá a júri popular.

O promotor do Ministério Público da Bahia, Davi Gallo, afirmou ao G1 que não acredita na possibilidade de não haver júri popular. “Não é a primeira vez que eles [defesa da médica] fazem esse tipo de pedido. Mas eles não podem anular por qualquer problema de inquérito. Acho impossível que ela não vá a júri popular, já que as provas são inconsistentes. Eles vão esgotar todas as instâncias. O processo está perfeito. O juiz foi bastante cauteloso", disse.

Recurso contra soltura
Contrário à soltura da médica Kátia Vargas, o MP-BA ingressou com recurso na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Salvador, solicitando a revogação da decisão judicial.

No documento, os promotores Davi Gallo, Nivaldo Aquino e Cássio Marcelo de Melo alegam que a liberdade da médica atrai a desconfiança da população nos órgãos responsáveis pela aplicabilidade das leis e, consequentemente, traz riscos à ordem pública. “O sentimento de impunidade é fomentador da criminalidade”, afirmam os promotores.

Sobre os posicionamentos da promotoria, o advogado da médica, Sérgio Habib disse ao G1 que é um direito da Promotoria refutar da decisão do juiz. “A lei prevê este direito, mas não vejo como podem obter qualquer êxito. O juiz foi muito equilibrado ao tomar a decisão. Não fez nada de forma precipitada. Tudo foi muito bem analisado”, defendeu.
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