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Ainda sem reabrir banca depredada, comerciante desabafa: 'estou lutando'

G1

  O dia 20 de junho jamais será esquecido por Paulo Roberto. Dono de uma lanchonete no Centro de Campinas (SP) há seis anos, o comerciante fechou o estabelecimento às 14h e foi para a casa, como sempre fazia. Na manhã seguinte, viu o trabalho destruído. A banca havia sido depredada e furtada no dia do maior protesto na cidade, que pedia melhorias no transporte público. Desde então, o aposentado tenta reconstruir o negócio para voltar ao trabalho. Ele estima precisar de R$ 15 mil para reabri-la e disse que "está lutando" para conseguir.

“É o momento mais difícil da minha vida, com certeza. Eu tentei me reconstruir, contei com a ajuda de alguns amigos que fizeram campanha em redes sociais", afirmou o comerciante, que tem a banca a duas quadras da Prefeitura, palco da maior concentração de pessoas durante o protesto. "Tive um prejuízo enorme e estou vivendo com a minha aposentadoria. Ninguém veio sequer me orientar de nada”, disse Paulo Roberto.

Doações
Depois de receber cerca de R$ 3,5 mil em doações e economizar na aposentadoria para reformar toda a parte interna da loja, as portas, o balcão e comprar equipamentos novos para substituir os que foram saqueados, Seu Paulo, como é conhecido, vai se reconstruindo aos poucos. Ele trabalha para terminar a reforma e comprar um novo estoque de mercadorias.

Além de ter a banca depredada, Paulo teve todo o estoque da lanchonete saqueado e precisou pagar a mercadoria mesmo sem trabalhar. A demora para conseguir o dinheiro resultou em cobranças e o nome dele foi negativado no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). “Muitos queriam receber o dinheiro do estoque que eu tinha comprado imediatamente e eu não tinha nem R$ 10 para pagar ninguém. Alguns fornecedores não tiveram paciência e eu ainda estou trabalhando para limpar meu nome”, contou.

'Estou sem rumo'
Apesar da reconstrução, a mágoa ainda é aparente em Seu Paulo. Depois de perder a banca que chamou de "segunda casa", ele afirmou que a tristeza maior foi ter ficado tantos meses sem trabalhar. "Começar do zero é uma das coisas mais difíceis que existe. Estou sem rumo".

No dia do protesto, a porta da banca foi arrombada, as vitrines quebradas, produtos saqueados e todos os equipamentos levados. A frente da loja pichada e as portas laterais também foram arrombadas. Estilhaços dos vidros, sujeira, camisetas de vândalos, pedaços de madeira e de ferro estavam dentro do estabelecimento. Entre os produtos levados estão computador, televisão, cafeteira, máquinas de créditos para celulares e forno.
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