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Ex-mendigo dá volta por cima para arrumar emprego

G1

  Com ajuda de moradores da pequena cidade de Novo Horizonte (SP), um ex-morador de rua conseguiu dar uma guinada na vida e arrumou um emprego, uma casa e se tornou um cidadão. Seu Cícero, como é chamado, ganhou a admiração de todos na pequena cidade de 00 mil habitantes.

É com um sorriso espontâneo que o pernambucano, de 55 anos, comemora a vida nova. A mudança começou há nove meses, quando Cícero morava debaixo de uma ponte, num barraco improvisado e na companhia de animais de estimação. “Tem hora que eu acordo e me perguntou se sou eu mesmo. Eu vivia com um cachorro, gatinhos, eles eram meus companheiros. Tinha vez que passava cobras, morcegos onde eu dormia e sempre rezava pedindo para Deus me tirar deste lugar”, afirma Cícero.

Mesmo com as dificuldades, o ex-andarilho não abandonou a fé. E a história do pernambucano se espalhou por Novo Horizonte e atraiu a atenção da comunidade. Foi depois da visita de assistentes sociais que ele recebeu o convite para trabalhar numa usina da cidade. A proposta surpreendeu o ex-mendigo, que nunca teve a carteira assinada. “Passava em frente da usina e os funcionários me davam uma marmita para comer e eu sempre sonhava em trabalhar nesta usina”, diz o ex-morador de rua.

Com o uniforme da empresa, ele conta que se sente realizado: prepara a terra para os balainhos, separa as mudas, capina o mato e faz toda a limpeza do terreno. A rotina é puxada, mas ele sabe valorizar. “Acho que todo mundo pode fazer um bem pela comunidade e fizemos isso. E também estamos satisfeito o desempenho dele em relação ao trabalho na empresa”, afirma Sandro Henrique Cabrera, diretor executivo da usina.

Com a oportunidade que recebeu, o Cícero escapou de uma estatística que ninguém gostaria de fazer parte. De acordo com os núcleos da Defensoria Pública, no Brasil, existem cerca de 30 milhões de moradores de rua - a maioria 'invisível', porque a base da pesquisa populacional é a moradia fixa. “Chegava à praça e dormia em qualquer lugar, pegava um saco, forrava no banco e dormia, às vezes ia para outra cidade”, afirma Cícero.

Quando o trabalho termina, o ex-mendigo vive um dos momentos mais especiais do dia: a volta para casa. Na república, mantida pela igreja católica, é recebido com festa por Ligeirinha, uma cadela de estimação. Este foi o único pedido do ex-andarilho para ir para o abrigo. “Jamais iria abandonar a cadelinha, ela sempre esteve comigo em todos os momentos difíceis”, diz. Com tanta gente torcendo, Cícero já faz planos pro futuro. “Quero voltar a estudar, estudei apenas até a quinta série e agora quero voltar a estudar para crescer ainda mais na vida”, diz.
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