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Ouvidor diz que 'indícios' apontam participação de policiais em mortes

G1

 O ouvidor das polícias do estado de São Paulo, Júlio César Fernandes Neves, que assumiu o cargo há 5 dias, foi ao velório de vítimas dos homicídios em série em Campinas (SP) para ouvir familiares nesta terça-feira (14). Segundo ele, são fortes os indícios de participação de policiais nas mortes. “De cada dez pessoas que falam do caso, nove citam a participação de policiais”, afirma Neves. “Infelizmente estou assumindo como ouvidor com este caso”, lamenta.
Homicídios em série
Doze homens com idades entre 17 e 30 anos foram mortos com tiros de pistolas 380 e nove milímetros entre a noite de domingo (12) e a madrugada de segunda-feira (13). Sete deles tinham antecedentes criminais.
A Polícia Civil não descarta a possibilidade de que os crimes sejam uma vingança pela morte de um policial militar no domingo na região do Ouro Verde ou acerto de contas entre quadrilhas rivais. Parentes das vítimas disseram à imprensa que em alguns casos foi possível ver fardas entre os matadores. Familiares das vítimas estão depondo nesta terça-feira sobre o caso. A Polícia Militar informou que a Corregedoria acompanha as investigações.

Enterros de hoje
Foram enterrados nesta manhã, no Cemitério dos Amarais, Gustavo de Souza Moura da Silva, de 21 anos, e Diego Dias Coelho, de 24 anos, que morreram no bairro Vida Nova; Wesley Adiel Lopes, de 19 anos, que foi assassinado no Recanto do Sol II, e Sadrack de Santana Galvão, de 25 anos, morador do bairro Cosmos, primeiro crime registrado na série de assassinatos na cidade. O último sepultamento ocorreu às 10h30. Foi o de Sérgio Donizete da Silva, de 18 anos.

O almoxarife José Wilson Moura estava emocionado com o sepultamento de Gustavo e indignado com o crime. “Meu filho não tinha passagem e foi morto. Agora meu filho já foi, eu quero justiça, estamos desacreditados”, afirma.
Cenário de guerra
Durante o velório, um dos parentes de uma vítima disse que como medida de segurança foi estipulada, por iniciativa dos próprios moradores, uma espécie de “toque de recolher”, em que as pessoas deixaram de sair de casa a partir das 19h após a série de assassinatos na região do Ouro Verde e parte do Campo Grande.
O comércio da região também teve a rotina alterada depois das mortes. “A polícia está matando gente. Não quero ser identificada para não virar mais uma vítima. Isso vai acabar iniciando uma guerra”, disse um dos familiares que acompanhou os enterros no cemitério.
Terminal atacado
Após as mortes, um tumulto foi registrado no terminal de ônibus do Vida Nova na segunda-feira. Veículos de transporte e um carro de passeio foram incendiados e outros coletivos, danificados. O local reabriu na manhã desta terça-feira após ficar fechado no horário de pico, entre 6h e 8h.
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