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Notícias / Turismo

Cidade turística fantasma do Chipre pode renascer com projeto ecológico

AFP

 O tempo parece estar parado em 1974 para a região turística de Varosha, no Mediterrâneo. Quando a Turquia invadiu o Chipre, em resposta a um golpe de estado promovido pelos partidários da união com a Grécia, milhares de moradores fugiram, deixando para trás um resort glamuroso que já recebeu celebridades de Hollywood como Elizabeth Taylor.

Os hotéis à beira-mar em ruínas, marcados pela guerra, tornaram-se um emblema da divisão do país entre os turcos e os gregos. Em 40 anos, poucos pisaram na cidade, que permanece fortemente vigiada pelo exército turco e por cercas de arame farpado.
Mas a cena sombria pode representar uma rara oportunidade. O professor de arquitetura do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Jan Wampler o considera como o maior desafio de sua carreira: ele e um time de arquitetos, urbanistas, líderes empresariais e ativistas pela paz esperam reconstruir uma cidade inteira para corrigir os erros do passados e criar um habitat sustentável e ecológico.
A base do projeto - ideia da americana grego-cipriota Vasia Markides - tem o objetivo de transformar a cidade fantasma em uma eco-cidade modelo, preservar as características locais e gerar receita para o país afundado em dívidas.

"Essa é uma tremenda oportunidade", disse Wampler nos bastidores de um seminário de cinco dias para coletar contribuições locais sobre como Varosha deveria renascer. "Nós podemos criar uma cidade sustentável, ecológica, com geração de empregos para jovens e que poderia ser reconhecida pela Europa como um exemplo."
Mas a tarefa pode não ser tão fácil. A política complexa do Chipre continua sendo o principal obstáculo que impede um acordo para reunificar o norte turco com o sul grego. Para que o projeto saia do papel, essa questão precisa ser resolvida, se acordo com Alexis Galanos, prefeito da cidade de Famagusta, que hoje incorpora Varosha.
Com conversas de paz suspensas, o projeto corre o risco de ser apenas um exercício acadêmico.
Areia branca e águas azuis
Situada na costa leste da ilha, Varosha era famosa por suas praias de areia branca e águas mornas e azuis. Os edifícios estão a apenas a algumas centenas de metros do vilarejo de Deryneia, mas são separados do local por uma faixa de terra controlada pela ONU que se estende por todo o comprimento do país.
Diferentemente de outras áreas do norte, em que os turcos se instalaram, Varosha permaneceu vazia, no que os gregos interpretam como uma estratégia para aumentar o poder de negociação dos turcos em manobras futuras.
“Queremos um conjunto de regras que qualquer um responsável por reprojetar a cidade deverá seguir para se certificar de que vamos fazer do jeito certo dessa vez”, disse Vasia, a idealizadora do projeto. “Precisamos trazer tecnologias alternativas para cá. Por que não nos anteciparmos?”
A cineasta diz que herdou sua “obsessão” por Varosha de sua mãe Emily, nativa da cidade, que implantou a ideia na mente de sua filha há dez anos. Atualmente, Vasia está produzindo um segundo documentário sobre Varosha para arrecadar fundos para o eco-projeto.
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