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Notícias / Educação

'Só alegria', diz aprovada na USP que levava três horas para chegar à escola

G1

Foi sozinha em casa que Cássia Oliveira de Lima, de 17 anos, viu seu nome na lista de aprovados na primeira chamada da Fuvest 2014. Convocada para sua segunda opção –o curso de engenharia do petróleo no campus de Santos–, Cássia passou o fim da manhã com o dedo na tecla F5 do computador esperando a divulgação do resultado. Com o pai viajando e a mãe fora de casa em um compromisso, a jovem que levava três horas para chegar à escola, em São Paulo, comemorou sozinha a aprovação, e não consegui segurar as lágrimas e chorou de emoção.

"Estou muito contente, é o resultado de muito esforço", disse ela ao G1, por telefone. "Há muito eu queria estudar na USP, há muito tempo venho batalhando para tentar chegar lá, agora é só alegria."

Depois da segunda fase dos vestibulares, nas duas primeiras semanas de janeiro, Cássia foi viajar para aproveitar as férias. Retornou no dia 21 e, para se distrair e não pensar na ansiedade antes do resultado da Fuvest, ela começou a montar um quebra-cabeça de 1.500 peças, que acabou no dia 29. "Infelizmente não durou até o resultado da Fuvest", comentou ela na noite de quinta-feira (30).

Antes da Fuvest, ela já colecionava aprovações nos vestibulares: na segunda-feira (27), descobriu que foi aprovada na 22ª colocação em engenharia química na Universidade Estadual Paulista (Unesp); na quarta (29), foi aprovada na quinta colocação na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também em engenharia química, pelo vestibular misto.

"A USP e a Unicamp [Universidade Estadual de Campinas] são as que eu mais quero. O meu curso na Unesp e Unifesp é relativamente recente. Na unicamp e na USP não, ele já tem mais tradição", explicou ela.
Cássia pretende fazer a pré-matrícula em engenharia do petróleo e continuar concorrendo a uma vaga nas próximas chamadas da Fuvest em engenharia química, na Escola Politécnica na Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo. Mas não se importa em mudar para Santos e começar o curso para o qual já foi aprovada. A dúvida da jovem agora é o resultado da Unicamp, que sairá na semana que vem. Entre Santos e Campinas, ela ainda não tem uma decisão tomada.

Anos de dedicação
O G1 acompanhou, na semana anterior à primeira fase da Fuvest, um dia na vida de Cássia, que dedicou todo o seu ensino médio à conquista de uma vaga na Universidade de São Paulo. Ela mora na Brasilândia, um bairro de classe média baixa da Zona Norte de São Paulo, e estuda no Colégio Bandeirantes, no Paraíso, na Zona Sul, uma das escolas particulares mais tradicionais e de ensino rigoroso da capital paulista, com mensalidades acima de R$ 2 mil e presença entre as cinco melhores da cidade no Enem do ano passado.
Cássia ganhou bolsa de estudos quando era aluna da rede pública, graças às boas notas, e por isso não paga a escola. No terceiro ano, ela foi colocada na turma de exatas que reúne os alunos com as notas mais altas do colégio.
"Estava conversando com eles [colegas de turma] agora [pelo Facebook], a maioria passou", comemorou a jovem, que em janeiro participou da colação de grau e da festa de formatura junto com seus amigos.
Até o fim do ano passado, a adolescente saía de casa ainda de madrugada para pegar dois ônibus e metrô no trajeto até a escola. No total, foram três horas de deslocamento e 11 horas de estudos por dia. Após o fim das aulas, ela seguiu firme nos livros, dessa vez sozinha e em casa, das 9h às 17h.

Na primeira fase, ela acertou 72 das 90 questões de múltipla escolha, 12 pontos acima de sua nota de corte. Sua estratégia para a segunda fase foi focar os estudos nas matérias nas quais ela teve mais dificuldade nos vestibulares da Unesp e da Unifesp, nas disciplinas de exatas da prova do terceiro dia da Fuvest e em português. "Eu fui bem no segundo e no terceiro dia, mas não acho que minha redação tenha ficado boa", afirmou ela na noite de quinta-feira (30). Na tarde desta sexta, porém, a preocupação deu lugar às lágrimas de felicidade.
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