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Na primeira fase de reforma, Dilma dá posse a quatro novos ministros

G1

 A presidente Dilma Rousseff deu posse nesta segunda-feira (3) a quatro novos ministros de Estado: Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Henrique Paim (Educação), Arthur Chioro (Saúde) e Thomas Traumann (Comunicação Social).
Em seu discurso, que durou cerca de 20 minutos, a chefe do Executivo saudou os novos integrantes do primeiro escalão e desejou "sorte" ao antigos auxiliares que irão disputar as eleições de outubro. Apenas Dilma discursou durante a solenidade.
"Alguns de nossos ministros decidiram buscar nas urnas a execução de novas tarefas. É o que farão Gleisi Hoffmann [Casa Civil] e Alexandre Padilha [Saúde], aos quais desejo muito sucesso na nova caminhada", disse Dilma durante o pronunciamento.

Alguns de nossos ministros decidiram buscar nas urnas a execução de novas tarefas. É o que farão Gleisi Hoffmann [Casa Civil] e Alexandre Padilha [Saúde], aos quais desejo muito sucesso na nova caminhada"
Dilma Rousseff,
presidente da República

A cerimônia do Palácio do Planalto que oficializou a primeira etapa das mudanças na Esplanada dos Ministério ficou lotada. Além de familiares e amigos dos novos ministros, prestigiaram a cerimônia o vice-presidente da República, Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), além de parlamentares e outros integrantes do primeiro escalão.

O agora ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante tomou posse na chefia da Casa Civil. Já o secretário-executivo do Ministério da Educação, José Henrique Paim, foi promovido ao comando da pasta; o médico Arthur Chioro assumiu o Ministério da Saúde no lugar de Alexandre Padilha, que deixou o cargo para uma provável candidatura ao governo de São Paulo; e o porta-voz da Presidência da República, Thomas Traumann, foi nomeado titular da Secretaria de Comunicação Social, substituindo a ministra Helena Chagas.
A cerimônia de posse teve início por volta das 11h20 e durou 25 minutos. As nomeações dos quatro novos ministros e as exonerações das quatro pessoas que deixaram seus postos foram publicadas nesta segunda-feira no Diário Oficial da União.

Promessas de campanha
Ao abrir seu discurso na solenidade de posse, a presidente disse que o governo chegou ao seu quarto ano "seguindo as diretrizes" que foram propostas durante sua campanha presidencial e sua posse.

"Os nossos objetivos foram claros: nós queríamos manter os fundamentos macroeconômicos, com crescimento da economia, e todo o processo de inclusão social iniciado desde 2003 com a eleição do presidente Lula", enfatizou.
Em um breve balanço de seus três anos à frente do Planalto, Dilma disse que o país conseguiu se manter na liderança pela "redução da desigualdade do mundo". Entre as "diretrizes" que, segundo ela, foram alcançadas está a manutenção da geração de empregos.

"Mesmo numa situação dramática de crise, da maior crise econômica internacional desde 1929, queríamos também aumentar a renda e o bem-estar dos brasileiros", declarou.

A presidente afirmou ainda que um dos "princípios fundamentais" da sua gestão foi a manutenção do que chamou de "solidez democrática" e o "respeito integral" aos poderes Legislativo e Judiciário e aos "movimentos sociais e demandas da população".
'Substituições inevitáveis'
As mudanças no primeiro escalão tiveram início na última quinta-feira (30). Além de substituir ministros que devem concorrer nas eleições de 2014, como Padilha e Gleisi, Dilma pretende acomodar partidos da base aliada que não estão na Esplanada, para lhes garantir tempo na propaganda eleitoral de rádio e TV. Não há previsão de quando a reforma ministerial será concluída.
A presidente também estuda incluir em seu ministério legendas como PTB, PROS e PSD, e ampliar o espaço de seu principal aliado, o PMDB, que reclama por mais pastas no primeiro escalão.
Em meio ao discurso de posse, a presidente da República tentou justificar as mudanças em bloco promovidas em seu governo. Segundo Dilma, são "inevitáveis" as substituições em uma democracia. Ela, contudo, assegurou que as mudanças não irão alterar a "linha de atuação" do Executivo.

"As substituições que fazemos hoje em alguns ministérios fazem parte do calendário da democracia, não alteram nossa linha de atuação. Persistiremos trabalhando com esforço e com empenho para garantir a adequada execução de nossos programas e o cumprimento de todas a metas dos nossos programas", ressaltou.

As substituições que fazemos hoje em alguns ministérios fazem parte do calendário da democracia, não alteram nossa linha de atuação"
Dilma Rousseff,
presidente da República

Dilma aproveitou a solenidade para fazer elogios públicos ao desempenho dos ministros que deixaram o governo nesta segunda. A presidente destacou a atuação de Gleisi na coordenação de programas que ela considerou os "mais importantes" de sua gestão, como as concessões de estradas e ferrovias à iniciativa privada.
"Agradeço em especial alguns programas, queria nomear o programa de concessões que o governo fez ao longo desse ano [2013] e continuará neste ano de 2014", disse.
Ao tecer comentários sobre a atuação de Alexandre Padilha, a chefe do Executivo disse que devia "sinceros e calorosos" agradecimentos ao antigo titular da Saúde pelos programas que ele coordenou ao longo dos últimos três anos, como o Mais Médicos.
"É o grande destaque porque o Mais Médicos tem um papel fundamental para resgatar a essência do Sistema Único de Saúde [SUS] que nós implantamos na Constituição de 1988, que é a garantia do tratamento humano a todos os brasileiros e brasileiras", comentou a presidente.
Trocas
A então ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, deixa a pasta para concorrer ao governo do Paraná. Em dezembro de 2013, durante um café da manhã com jornalistas, ela havia dito que pediu a Dilma para sair do cargo já em janeiro, para poder se dedicar à campanha eleitoral.
Para sucedê-la, Dilma escolheu Aloizio Mercadante, que, além de coordenar os principais projetos do governo, terá a missão de fazer a interlocução entre o Palácio do Planalto e a equipe de campanha à reeleição da presidente.
Já para o Ministério da Educação (MEC), Dilma optou por uma solução técnica, ao escolher Paim. Com isso, a presidente busca manter o estilo da gestão do MEC em projetos como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A última troca, confirmada apenas na sexta-feira (31), ocorre na Secretaria de Comunicação Social, de onde sai Helena Chagas e entra Traumann.
Veja abaixo um perfil dos quatro novos ministros do governo:


Aloizio Mercadante nasceu em Santos (SP), em 13 de maio de 1954. Formou-se em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), tem mestrado e doutorado na área econômica e é professor licenciado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A vida política de Mercadante começou em 1975, quando foi presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. Ele foi ainda presidente da Associação de Professores da PUC-SP e vice-presidente da Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior (Andes).

Mercadante fez parte da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1982, foi coordenador do programa de governo e da campanha ao governo de São Paulo. Em 1989, 1994 e 1998, coordenou a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, sendo que, em 1994, foi vice na chapa de Lula.
O novo ministro da Casa Civil também foi deputado federal por São Paulo por dois mandatos (entre 1991 e 1995, e entre 1999 e 2003) e senador por um mandato, entre 2003 e 2010. Nesse período, foi líder de governo, líder do PT e presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Como deputado, participou da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Collor e do Orçamento.

Em 2010, o petista foi candidato ao governo de São Paulo, mas perdeu para seu opositor tucano, Geraldo Alckmin. Após a derrota, Mercadante foi convidado por Dilma a assumir o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Quando o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, se afastou do MEC, em 2012, Mercadante foi o escolhido para substituí-lo. À frente da pasta, o novo ministro da Casa Civil ganhou mais confiança de Dilma. Em pouco tempo, já participava das principais reuniões de articulação do governo. No ano passado, assumiu a articulação com o Congresso Nacional na negociação de matérias importantes, como a Medida Provisória (MP) dos Portos e os royalties para a educação.
No MEC, Mercadante promoveu mudanças em programas como o Enem, após o exame ter enfrentado uma sucessão de problemas em diferentes edições e apresentado, em suas redações, uma receita de macarrão instantâneo e o hino do Palmeiras.

José Henrique Paim
Paim ocupou o cargo de secretário-executivo da pasta desde a gestão do então ministro Haddad, que deixou o MEC para concorrer à prefeitura da capital paulista. Paim foi escolhido como uma solução "técnica" para a sucessão de Mercadante, para dar continuidade aos projetos de seu antecessor.

O novo ministro da Educação é gaúcho, nasceu em 1966 e se formou em economia, com pós-graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Paim foi subsecretário da Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Sedes) da Presidência, em 2002. Também foi presidente do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Paim é réu em uma ação civil pública por suspeita de irregularidades em um convênio de R$ 491 mil com a ONG Central Nacional Democrática, para alfabetizar jovens e adultos, na época em que era presidente do FNDE. Auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) identificaram falhas na prestação de contas, como falta de documentos que comprovassem os pagamentos. Em 2009, o tribunal aceitou a alegação de Paim de que teria sido induzido ao erro.

Arthur Chioro
Médico concursado da Prefeitura de Santos (SP) desde 1989, Chioro já havia trabalhado no Ministério da Saúde anteriormente. Ele retorna nove anos após ter exercido o cargo de diretor do Departamento de Atenção Especializada da pasta, entre 2003 e 2005.

Chioro se formou pelo Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), em Teresópolis (RJ), e se especializou em medicina preventiva e social pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Anos depois, tornou-se mestre e doutor em saúde coletiva, cadeira que leciona na Faculdade de Fisioterapia da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e na Faculdade de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), ambas em Santos. Chioro também é pesquisador na área de planejamento e gestão em saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, o petista integra o primeiro escalão da prefeitura desde o primeiro mandato do atual prefeito, Luiz Marinho, eleito em 2008 e reeleito em 2012. Marinho é ex-ministro do Trabalho e da Previdência Social do ex-presidente Lula, com quem mantém amizade próxima.

Chioro também deixa o cargo de presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems/SP), que agora será ocupado pelo vice-presidente da entidade, Fernando Monti.

Thomas Traumann
O novo secretário de Comunicação Social nasceu em 29 de julho de 1967, em Rolândia (PR), e é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Em 2008, Traumann deixou as redações de jornal para trabalhar na área de assessoria de imprensa. Dois anos depois, assumiu a assessoria do então ministro da Casa Civil, Antônio Palocci. Em seguida, exerceu o cargo de assessor especial da ministra Helena Chagas, na Secretaria de Comunicação, até que em 2012 foi nomeado porta-voz da Presidência da República.

Nesse posto, Traumann foi ganhando a confiança da presidente Dilma. Despachos com o chefe de gabinete, Giles Azevedo, se tornaram frequentes. No ano passado, o novo ministro assumiu o "gabinete digital" da presidente e coordenou o retorno de Dilma às redes sociais. O papel como auxiliar da Presidência na internet foi um dos fatores que contaram para que ele assumisse a secretaria.
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