O Ministério Público do Trabalho (MPT) informou nesta sexta-feira (7) que a médica cubana Ramona Rodríguez, que abandonou o programa Mais Médicos alegando se sentir "enganada", deverá prestar depoimento na próxima segunda-feira (10) na regional do órgão no Distrito Federal. A audiência, marcada para as 13h, será aberta ao público, informou a assessoria do órgão.

Ramona Matos Rodriguez deixou o programa, segundo ela, ao perceber que os profissionais de outros países recebiam salário de R$ 10 mil, enquanto a remuneração dos cubanos era de US$ 400. Outros US$ 600 eram depositados em contas de Cuba para serem entregues aos médicos somente após o término do contrato.

O procurador Sebastião Caixeta é o responsável por um inquérito civil instaurado em agosto do ano passado para investigar as condições de trabalho dos médicos contratados pelo programa. Segundo informou assessoria do MPT, ele deve concluir seu relatório ainda neste mês e pedirá "tratamento isonômico" aos profissionais cubanos "garantindo os mesmos direitos que têm os demais integrantes".


O procurador, que atua na regional do MPT no Distrito Federal, vai pedir no seu relatório final correção do programa por meio de uma proposta de Termo de Ajuste de Conduta. Caso o governo não atenda à recomendação, o Ministério Público “buscará na Justiça o cumprimento da lei”, segundo informou assessoria.

Caixeta detectou “ilegalidades” após visita a unidades do programa e análise do contrato dos bolsistas, de acordo com assessoria. O procurador conduz desde agosto o inquérito, que apurou as condições de trabalho dos médicos, o tipo de instrução que eles receberam dos tutores acadêmicos e também o local onde residem. A investigação abrangeu tanto profissionais brasileiros quanto estrangeiros.