Imprimir

Notícias / Brasil

Sininho presta depoimento em inquérito sobre morte de cinegrafista

G1

 A ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, chegou à 17ª DP (São Cristóvão), na Zona Norte do Rio, por volta das 14h desta terça-feira (11), para prestar depoimento no inquérito que apura a morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um rojão durante um protesto no Centro na quinta-feira passada (6).
Sininho teria afirmado ao advogado de Fábio Raposo – preso por envolvimento no crime – que Caio Silva de Souza, apontado pela polícia como o homem que acendeu o rojão, seria ligado ao deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ). O deputado, no entanto, negou conhecer os suspeitos.
Caio teve o mandado de prisão expedido pela Justiça do Rio na segunda-feira (10) e é considerado foragido, já que não foi localizado em seus endereços. A polícia fazia buscas, por volta das 14h30, em diversas partes do estado, inclusive na Região dos Lagos, na tentativa de localizá-lo.
saiba mais
Freixo nega conhecer homem que atirou rojão em cinegrafista
Estagiário de advogado diz que ativista afirmou que homem que acendeu rojão era ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo
Polícia divulga foto de suspeito de acender rojão que atingiu cinegrafista
Deputado é citado
No domingo (9), o nome de Freixo foi citado em um "termo de declaração" registrado pela Polícia Civil, com afirmações do advogado Jonas Tadeu e do estagiário Marcelo Mattoso, que prestam assistência jurídica a Fábio Raposo, preso depois de admitir ter entregado a outro homem o rojão que atingiu e feriu o cinegrafista.
No "termo de declaração", Tadeu e Mattoso afirmam ter conversado por telefone com a ativista. Segundo o documento, Sininho informou a Jonas Tadeu que o homem que acendeu o rojão seria ligado ao deputado Freixo. O termo registra, de forma truncada, a frase: "O deputado teria à disposição de Fábio Raposo, caso ele precisasse". Segundo Jonas Tadeu, a frase significa que o deputado teria advogados à disposição de Fábio Raposo.
Sininho reconhece que fez a ligação telefônica, mas nega ter dito que o suspeito era ligado a Freixo e disse que não ofereceu nenhuma assistência jurídica para Fábio Raposo (Leia: "Estagiário de advogado diz que ativista afirmou que homem que acendeu rojão era ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo"). O advogado Jonas Tadeu disse que, se for preciso, participará de uma acareação com Sininho.

Negativa de Freixo
No domingo, o deputado Marcelo Freixo inicialmente negou ter conhecimento da história, mas, depois de receber o "termo de declaração", concordou em gravar entrevista. Ele disse, em reportagem exibida no Fantástico (veja ao lado), que foi procurado por Sininho que, segundo ele, queria ajuda caso Fábio Raposo sofresse tortura na prisão. Freixo também negou ter qualquer ligação com Caio, o homem que teria disparado o artefato.

Na segunda (10), em entrevista coletiva na Alerj (Assembleia Legislativa), Freixo voltou a negar que conheça os autores do disparo de rojão que provocou a morte do cinegrafista, confirmou que recebeu a ligação de Sininho, mas afirmou que não tem qualquer ligação com ela ou com os grupos dos quais ela faz parte.

Segundo o deputado, Sininho ligou no domingo para o celular da CDH (Comissão de Direitos Humanos) da Alerj para fazer uma denúncia. "Essa militante, essa ativista, ligou para esse número ontem de manhã dizendo que esse jovem tinha sido preso e que eles tinham receio de ser torturado nas prisões. Exclusivamente isso. O que não faz sentido, eu falei. Nem ele nem ninguém pode ser torturado nas prisões, e as prisões são lugares que nós da CDH acompanhamos. E a conversa encerrou-se ali."

O deputado contou ainda que falou com a ativista outras vezes por telefone, sempre sobre denúncias ligadas à CDH.

Ele disse desconfiar das declarações do advogado Jonas Tadeu, que defendeu o ex-deputado Natalino Guimarães, condenado por formação de quadrilha. "Um estagiário de advogado assina um documento dizendo que uma ativista disse pelo telefone que a pessoa que jogou a bomba, que ninguém sabe quem é, teria ligação comigo. Isso gera termo circunstanciado a pedido do advogado, esse advogado pega esse papel das mãos do delegado, sai da delegacia e entrega nas mãos da repórter da TV Globo."

"Isso vira denúncia de advogado que deveria levantar suspeita ao sabermos que foi o mesmo que defendeu o Natalino na época em que presidi a CPI das Milícias. E quero dizer que o exercício do advogado é direito e é fundamental que tenha. Não estou aqui questionando ele pela sua profissão. Ele tem que advogar para quem ele bem entender. Mas, a partir do momento em que advogou para o Natalino, pelo histórico que tem comigo, era no mínimo ter um cuidado de qualquer denúncia que partisse desse advogado contra mim."

Nesta segunda, o advogado Jonas Tadeu disse que não tem ligação com milícias. "Essa questão do deputado foi o seguinte: o deputado Natalino Guimarães, enquanto deputado, eu fiz a defesa dele. Quando ele perdeu o cargo de deputado estadual, eu me afastei do caso", disse o advogado de Fábio Raposo.
Advogado e deputado na Rádio Globo

Na manhã de segunda, a Rádio Globo pôs juntos no ar o advogado e o deputado (ouça). O advogado Jonas Tadeu disse que se deixou levar pela emoção ao entregar para uma repórter da TV Globo o documento feito pelo seu estagiário na delegacia e pediu desculpas a Marcelo Freixo.

Ele disse que a ativista Sininho foi imprudente por ter dito a ele ao telefone que o homem que atirou o rojão era ligado a Freixo, mas não desmentiu o que consta do documento.

Na Internet, Sininho confirma ter feito o telefonema, mas nega ter associado o homem que acendeu o rojão ao deputado.

Liberdade de trabalho para jornalistas
Na entrevista dada na Alerj, Freixo defendeu a liberdade para o trabalho dos jornalistas. "Tem pronunciamento meu no ano passado sobre respeito aos profissionais que estão na rua, que não podem ser confundidos com qualquer divergência que a sociedade tenha com a linha editorial dos veículos que aquelas pessoas trabalham. Profissionais não podem ser vítimas de qualquer tipo de violência, inclusive impedimento de trabalho, que também é violência à cobertura dos fatos."
Imprimir