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Participantes de programa reduziram uso de crack em até 70%, diz Haddad

G1

 A Prefeitura de São Paulo estima que dependentes de drogas participantes do Programa de Braços Abertos reduziram de 50% a 70% seu consumo de crack. A ação de auxílio a usuários da região conhecida como Cracolândia, no Centro da capital, completa um mês neste sábado (15).

De acordo com a Administração Municipal, o número de pedras consumidas por cada usuário passou de 10 a 15 para cerca de cinco. Um convênio com o governo estadual destinou 500 leitos para internação de viciados. Porém, até o momento, nenhum participante do programa se interessou por esse tipo de tratamento.

A tenda, que funciona atualmente até as 17h, receberá uma sala de estar com televisão para que os dependentes possam ter uma alternativa de lazer até por volta das 22h. “Existe ainda a reminiscência do chamado fluxo, sobretudo a partir do anoitecer, quando a presença pública diminui”, disse nesta sexta-feira (14) o prefeito Fernando Haddad (PT). “Nós vamos, em um primeiro momento, estender nossa presença até as 22h.”

O objetivo de ampliar a carga horária dos agentes de saúde é também se aproximar de usuários, que se reúnem na região no período noturno, para que eles possam se tornar novos participantes do programa. “Se conseguirmos tirar mais 40 do fluxo já seria uma vitória tremenda”, afirmou a secretária da Assistência Social do município, Luciana Temer.

De acordo com balanço da Prefeitura, 386 dependentes químicos foram cadastrados inicialmente. A estimativa é que 89% tenham trabalhado regularmente. Na última sexta-feira, 340 pessoas receberam pagamento por terem atuado na varrição das ruas do Centro. Porém, ainda não existe um balanço sobre o número de usuários que abandonaram definitivamente o programa. Pelo menos três deles foram levados pela família, segundo a secretária.

A Prefeitura faz atualmente um mapeamento da concentração de usuários em várias partes da cidade para poder adaptar o projeto. “As características da Luz não se vê em outras regiões. O que acontecia na Luz era um mercado livre de drogas. Havia o pressuposto de que havia um território livre”, disse Haddad. “Não é o que acontece em outras regiões da cidade. Há a concentração de usuário, mas não há um mercado. O tipo de tratamento que a gente vai dar em cada caso também terá que ser diferente.”

Segundo o prefeito, a possibilidade de outros municípios contarem igualmente com a ajuda do governo federal, como já foi sinalizado, para criar programas semelhantes é bastante positiva. “Isso para nós da região metropolitana é fundamental, porque vai impedir que as pessoas venham para cá”, observou.

O prefeito aproveitou para minimizar o mal estar provocado por uma operação do Denarc, que terminou com vários detidos. “[A ação do Denarc] é um episódio superado. O governo do estado e nós sentamos e restabelecemos o protocolo inicial e efetivamente não houve prejuízo”, disse.
Busca ativa

Há cerca de duas semanas, a Secretaria da Assistência Social lançou um processo de busca ativa dos participantes do programa que por algum motivo se ausentavam do trabalho. Só após a conclusão desse trabalho a Prefeitura divulgará o número de desistentes.

Atualmente, o programa tem capacidade de atender até 400 dependentes, oferecendo alojamento em um hotel, três refeições por dia e R$ 15 por dia trabalhado na varrição. Aos dependentes químicos também são oferecidos um curso de capacitação profissional. Na tentativa de reconstruir os vínculos, a Prefeitura fará um trabalho para que os dependentes tenham documentação e ajudará na localização de amigos e parentes.
Jardinagem

A Prefeitura também abrirá 80 vagas – sendo 40 nos próximos dias - no programa Fábrica Verde fora da região da Cracolândia, que permitirá ao usuário obter uma formação profissional. O dependente químico poderá assim buscar alternativas de trabalho fora da região onde a oferta de drogas é muito fácil.

“O objetivo é que eles rompam o vínculo com aquele território, não fiquem aprisionados àquele quadrilátero. É uma maneira de facilitar a emancipação dessas pessoas da sua condição atual”, afirmou Haddad. No intuito ainda de estimular a circulação por outras regiões da cidade, o perímetro de varrição feita pelos integrantes do projeto também será ampliado.

Iluminação

O prefeito disse que um novo sistema que permitirá a iluminação embaixo das árvores deve ser implantado na região. A Prefeitura estuda a ampliação do programa para outros bairros da cidade. Porém, o conceito seu deve ser adaptado à realidade de cada bairro.

“Há uma mudança de paisagem na região bastante significativa. O depoimento das pessoas é bastante favorável. Acho que a gente está no caminho certo e vamos continuar perseguindo apoio comunitário”, disse Haddad.
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