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Maioria das mortes por overdose de heroína é de quem teve uma recaída

Globo News

A morte de Phillip Seymour Hoffman revela uma tragédia: o aumento vertiginoso do uso de drogas derivadas do ópio. O número de casos fatais nos Estados Unidos já passa de 20 mil por ano. Na maioria, são usuários de remédios para dor de tarja preta receitados por médicos. “A partir do momento em que a venda desses remédios passou a ser mais controlada, passaram para a heroína, que é mais barata e fácil de conseguir”, ressalta o historiador Jonathan Zimmerman.

Hoffman, que ganhou o Oscar de melhor ator por interpretar o escritor Truman Capote, tinha o talento extraordinário de se transformar em uma pessoa totalmente diferente. Mas seu papel no filme ‘Antes que o diabo saiba que você está morto’ foi terrivelmente profético: um dependente de heroína que frequenta um apartamento onde a droga e injetada por um atendente.

O ator, apontado como sóbrio há mais de 20 anos, teria tido uma recaída. “Não conheço as circunstâncias específicas da vida dele, mas talvez em algum lugar da mente ele tenha pensado ‘Talvez eu possa usar um pouquinho agora’. E aquele pouquinho foi perigoso demais”, avalia o psicólogo Nicholas Lessa, que dirige um centro de tratamento em Nova York e é coautor de um guia usado por profissionais da área. Segundo Lessa, a maioria das mortes por overdose de heroína é de pessoas que tiveram uma recaída.

Muitos dependentes conseguem se recuperar e ajudam outros a retomar uma vida produtiva. É o caso do acrobata do Cirque du Soleil Joe Putignano. Sóbrio há sete anos, depois de estar muito perto da morte, ele publicou o livro ‘Acrobaddict’, um relato detalhado da destruição causado pelas drogas e uma poderosa lição de força e esperança. “Pedir ajuda mostra mais força do que tentar agir sozinho, porque é o momento em que você se rende. Daí em diante, tudo só melhora”, diz.

A psicóloga Barbara KIstenmacher destaca que a recuperação é um exercício diário. “Se a pessoa for considerada dependente, a recomendação é mesmo de abstinência. Sei que soa um pouco clichê, mas o conceito de um dia de cada vez é o caminho de muitas pessoas para abrir mão das drogas”, aponta a especialista.
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