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'Mourão é plebeu, não é Judas', diz defesa do ex-tesoureiro de Azeredo
G1
O advogado Antônio Velloso Neto negou nesta sexta-feira (28) que seu cliente Claudio Mourão, ex-tesoureiro do ex-deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), tenha sido um dos operadores do chamado mensalão tucano, suposto esquema de desvio de recursos públicos e caixa dois na campanha de reeleição de Azeredo ao governo de Minas Gerais, em 1998.
O advogado rebateu argumento da defesa final apresentada pelo ex-parlamentar do PSDB ao Supremo Tribunal Federal (STF) de que Mourão teria traído Azeredo como “Judas traiu Jesus”. A defesa do tucano disse que, como coordenador da campanha, Claudio Mourão teria desviado dinheiro sem a ciência e concordância de Azeredo.
“Claudio é um pobre coitado. É um plebeu, não um Judas. O eminente ex-deputado precisa encontrar alguém para culpar", afirmou Antônio Velloso Neto ao G1.
Em suas alegações finais entregues ao STF nesta quinta (27), o ex-deputado diz que não teve ciência de supostos crimes cometidos durante a disputa eleitoral. Ele afirma que outorgou procuração dando amplos poderes para que Claudio Mourão, seu Secretário de Administração na época, administrasse financeiramente a campanha.
Conforme as alegações finais de Azeredo, os supostos empréstimos fraudulentos e desvios de recursos denunciados pelo Ministério Público Federal teriam sido cometidos pelo secretário sem que o então governador tivesse ciência dos delitos.
“Denúncia e alegações finais acentuam que Claudio Mourão era homem de extrema confiança de Eduardo Azeredo. Para ficar apenas na era cristã, lembre-se de Jesus e Judas. A quebra de confiança, lamentavelmente, é da índole humana”, diz o documento protocolado no STF e assinado pelo advogado Gerardo Grossi.
Já a defesa de Claudio Mourão afirma que ele, como tesoureiro da campanha de 1998, apenas repassava o dinheiro obtido por outros funcionários do comitê e não tinha ciência da origem dos recursos. De acordo com o Ministério Público, Mourão teria obtido cerca de R$ 2 milhões por meio da DNA Propaganda, agência de Marcos Valério. Por sua vez, Valério teria conseguido o dinheiro com o Banco Rural.
“Não há nos autos nenhuma prova que ele tenha ido arrecadar dinheiro. Ele trabalhava num comitê no centro de Belo Horizonte em que o dinheiro era depois distribuído. O comitê era grande, com vários candidatos a deputado e senador. Alguém buscou os recursos, mas não o Claudio Mourão”, afirmou Antônio Velloso Neto.
Sobre as acusações de que Mourão e Eduardo Azeredo teriam desviado recursos do extinto Banco do Estado de Minas Gerais e das estatais mineira, Copasa e Cemig, o advogado afirma que seu cliente não era mais integrante do governo de Minas Gerais e que, por isso, não teria responsabilidade nas operações.
“Ele não pertencia mais à administração do Estado de Minas Gerais. Não era mais secretário do Azeredo. A função dele na época, como coordenador da campanha, era repassar o dinheiro angariado”, afirmou.
"Homem pobre e humilde"
O advogado ironizou a peça de defesa de Azeredo dizendo considerar “curioso” que Mourão seja apontado como o maior responsável pelo mensalão tucano.
“Numa campanha enorme daquela só tinha um homem culpado: o Claudio. Quer dizer que Eduardo Azeredo ficou sentado no Palácio da Liberdade e Claudio saiu a captar recursos pelas Minas Gerais”, disse.
Antônio Velloso Neto afirmou ainda que o ex-tesoureiro de Azeredo é um “homem pobre e humilde”, que nunca enriqueceu.
“Claudio é absolutamente inocente das imputações feitas contra ele nesta ação penal. Inclusive eu li as razões finais do Ministério Público Federal e a conduta do Claudio foi de mero administrador dos recursos que a ele chegavam. Ele não captou recursos. Ele distribuía e recebia ordens.”