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Silval não admite que obras da Copa do Pantanal tenham baixa qualidade de acabamento e avisa que construtoras são obrigadas a corrigir

Da Reportagem Local - Ronaldo Pacheco

As possíveis falhas em obras da Copa do Pantanal Fifa 2014, principalmente no que tange à mobilidade urbana, são de responsabilidade das empreiteiras que executaram o projeto e, por contrato, devem corrigir os problemas. A advertência em tom de desabafo partiu do governador Silval Barbosa (PMDB), após participar de evento na Secretaria de Estado de Cultura, quando tentou deixar claro que não reconhece a inauguração de obras com “má qualidade de acabamento”.

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"As construtoras são responsáveis pela qualidade e durabilidade da obra por cinco anos, após a inauguração. Está no contrato e o Estado não hesita em cobrar o seu cumprimento", proclamou Silval, em entervista à reportagem do Olhar Direto.

“Quem elabora o projeto? Resposta clara: o engenheiro! Quem fiscaliza a obra? Também é o engenheiro! E quem faz a medição para autorizar a Secopa pagar? Resposta todos sabem: o engenheiro”, desabafou ele, ao lembrar que todo os profissionais estão vinculados ao Conselho Regional de Enegenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT).

Barbosa tratou de dividir com os engenheiros a responsabilidade por erros, citando que todas as obras entregues pela Secretaria Extraordinária da Copa do Pantanal (Secopa) e que em pouco tempo apresentaram problemas, sempre recebem a chancela de um engenheiro.


Em verdade, o governador se referia ao propalado relatório de inspeção técnica do Crea, apresentado há algumas semanas, onde são apontadas falhas gritantes e um comentário nada animador sobre as obras da Copa em Cuiabá: ‘baixo padrão de acabamento’ ou executadas com problemas de concepção e ‘anomalias estruturais’, como drenagem, sinalização e acessibilidade, entre outras.

Para emitir o parecer, a equipe técnica do Crea percorreu trincheiras, viadutos, centros oficiais de treinamento e até a trechos da implantação do metrô de superfície Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O relatório técnico foi entregue à Secopa e à Assembléia Legislativa de Mato Grosso, onde o Crea critica o baixo padrão de acabamento das obras e o planejamento falho da execução, que acabou dificultando o dia-a-dia da população – sobretudo no trânsito.
 



Bate boca público

Crítico ácido do formato de execução das obras, o presidente da Comissão Especial de Acompanhamento das Obras da Copa do Pantanal na Câmara de Cuiabá, vereador Dilemário Alencar (PTB), não considera satisfatória a resposta de Silval, por considerar que o “tempo urge”. No segundo semestre do ano passado, Dilemário protagonizou um bate-boca público com o governador, após revelar que em um encontro na Secopa, com vários vereadores, Bbarbosa havia reconhecido que o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) não ficaria pronto.

Desde antes das inaugurações, Dilemário lembra que em quase todas as obras há falhas gritantes de estrutura adequada para acessibilidade e circulação de pedestres, ausência de ciclovias e deficiência na sinalização. Até mesmo a largura da calçada está em desconformidade ao trânsito de pessoas. “A priorização de carros cria riscos maximizados pelo abandono do pedestre à própria sorte”, aponta Dilemário Alencar.

O vereador do PTB recorre à seriedade técnica do relatório do Crea para apontar que há “negligência” no trato com recursos públicos. “O relatório destaca que as estruturas de concreto usadas nas trincheiras, cujas linhas irregulares podem ser verificadas a olho nu, colocam o risco toda a obra. Em parte delas, têm sido utilizadas formas de madeira para a aplicação do concreto, produzindo superfícies irregulares com saliências e protuberâncias”, completa o presidente da Comissão da Copa na Câmara de Cuiabá.
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