Imprimir

Notícias / Brasil

Som de forró que existe há mais 30 anos incomoda moradores em Araxá

G1

 O som alto de um famoso forró que ocorre há 30 anos no Centro de Araxá, no Alto Paranaíba, tem incomodado moradores da região. A festa, que é conhecida na cidade como "Forró do Asilo", é realizada todos os sábados e domingos, das 19h às 23h, em um salão que pertence ao Recanto do Idoso de São Vicente de Paula. De acordo com a coordenadora da instituição, Glória Beatriz Rezende Ribeiro, o caso já foi até para o Ministério Público que mudou o horário da festa. Segundo ela, existe um projeto de reforma do salão para abafar o som do local.

O salão fica ao lado do Recando do Idoso, onde atualmente abriga 53 idosos. O aposentado José Eduardo Borges mora no local há 19 anos e sempre conviveu com o barulho nos fins de semana. “A música é alta e vai até às 23h. Eu tenho um pai que é idoso e acamado. Ele vai dormir assim que começa a festa, por volta das 19h, e não é fácil para nós. Além dele, outras pessoas que residem aqui são doentes ou têm crianças. O Recanto do Idoso poderia procurar alternativas, pois o forró está incomodando a vizinhança que já fez até abaixo-assinado”, contou.

A professora Josimar Cristina da Silva, que mora na região há sete anos, disse que com o barulho fica difícil ver televisão. “A saída que encontramos é fechar toda a casa e aumentar bem o volume porque não dá pra escutar. Alguns dias o som está mais baixo, mas na maioria está alto. Outro dia eu e meu marido estávamos conversando pela webcam na internet e ele ouvia mais o som da festa do que minha voz”, disse.
Josimar disse ainda que entende que a festa é fonte de renda para o Recanto do Idoso, mas que pode haver uma solução que beneficie todos. “Não tem como acabar porque beneficia a instituição, mas eles precisam fazer algo para diminuir o som. Já aconteceu de pedirmos para reduzir o volume. Eles até atendem ao pedido, mas não tem como nós controlarmos todos os dias”, ressaltou.

A coordenadora Glória disse que a entidade é filantrópica e precisa de meios que geram renda para se sustentarem e foi aí que começaram os bailes nos fins de semana. “É uma das nossas renda fixas. Já recebemos reclamações e o caso chegou a ir ao Ministério Público, mas as denúncias foram apuradas e como o forró não pode deixar de acontecer, pois é uma das nossas rentabilidades, o horário da festa foi alterado”, explicou.

Ainda de acordo com Glória, o horário era das 20h à 0h e passou das 19h às 23h. Além disso, um projeto já foi elaborado para mudar o local do baile. A proposta é reformar um outro salão que também pertence à instituição e melhorar a acústica do local para mudar o estabelecimento da festa. “Entendemos a situação da vizinhança e temos um projeto que foi feito pensando em uma acústica adequada para que não tenha poluição sonora e não incomode os moradores. Porém, é uma reforma de valor alto e por enquanto não conseguimos patrocinadores”, disse.

Segundo ela, um engenheiro e uma construtora já fizeram o orçamento e a proposta foi entregue ao Conselho Municipal do Idoso. “Existe uma verba que foi liberada pela Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia (CBMM) e nós solicitamos a reforma do salão e a conclusão da obra da enfermaria há mais de um mês ao Conselho Municipal do Idoso”, explicou.

Glória disse também que além da rentabilidade, a festa ajuda na ressocialização dos idosos que vivem no recanto. “Muitos idosos se divertem lá. Eles ficam aguardando durante a semana. Alguns vão para dançar e outros vão para comer algo e ver a movimentação. Para eles, este é um momento de socialização”, comentou.
A instituição abriga também idosos acamados. Ao G1 Glória disse que o barulho do forró não chega à enfermaria e que mesmo os idosos que não vão eles gostam de escutar a música.
Imprimir