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Notícias / Brasil

Haitianos dormem em chão de aeroporto em Rio Branco

G1

 Um grupo de dez haitianos dorme há dias em cadeiras e no chão do aeroporto Plácido de Castro, em Rio Branco, enquanto não consegue passagens para deixar o estado. Uma funcionária de um restaurante no local, que prefere não se identificar, diz que a cena tem se tornado comum e ocorre há pelo menos um mês.

Com o fechamento da BR-364, em função da cheia histórica do Rio Madeira, em RO, o tráfego de ônibus está proibido na rodovia e os imigrantes que chegam ao país pelo Acre estão impedidos de deixar o estado por via terrestre. De acordo com Damião Borges, representante da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, 2.470 imigrantes estão em Brasiléia nesta terça-feira (25). Desses, 1,9 mil estão no abrigo montado na cidade pelo governo e o restante alugou, por conta própria, uma casa. Todos os haitianos que estão na cidade já conseguiram seus vistos.

Alguns tentam buscar alternativas. Esse é o caso do haitiano Jonas Augustín, de 32 anos, que tinha conseguido uma passagem com destino a Curitiba (PR), marcada para esta terça-feira (25). O imigrante perdeu o voo, por não compreender, segundo ele, o horário no bilhete, que indicava o embarque para as duas horas da madrugada. A passagem foi paga por um amigo também haitiano que está trabalhando na construção civil no Paraná.

"No guichê me disseram que era às 2h, mas não disseram se era da tarde ou da manhã. Eu passei a noite inteira perguntando 'já saiu o voo?' e quando eu acordei e perguntei de novo disseram que tinha perdido o avião", relata.
O haitiano chegou ao Acre em fevereiro e ficou no abrigo durante um mês, até que conseguiu a ajuda do amigo. Agora, Jonas lamenta a perda da viagem, e diz que não tem mais nenhum dinheiro. Ele espera que o amigo possa ajudá-lo na remarcação da passagem.

"Não tenho nada, nem para voltar, nem para seguir daqui e nem para comer", conta. Segundo o imigrante, mesmo que tivesse dinheiro para voltar para o abrigo, não há o que fazer em Brasiléia e o seu objetivo é conseguir um trabalho. "Eu não venho para visitar, sou um pobre, tenho família, preciso trabalhar. Trabalho com o que seja, só preciso partir daqui", apela.

Direitos Humanos
Procurado pelo G1, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão, afirmou não saber da situação e disse que o caso será apurado. Segundo ele, os imigrantes tem saído do abrigo por conta própria e tentado embarcar no aeroportp de Rio Branco. Nilson afirma ainda que nesses casos não há como a secretaria fornecer alimentação.
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