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André Vargas e doleiro eram sócios em diversas operações, diz revista

G1

 Novas denúncias reforçam a ligação do vice-presidente da Câmara dos Deputados, o petista André Vargas, com o doleiro preso pela Polícia Federal Alberto Youssef. Em um trecho de mensagem, o doleiro faz deboche durante uma negociação para conseguir recursos públicos.

A reportagem da revista ‘Veja’ revelou mensagens interceptadas pela Polícia Federal que indicam que o deputado André Vargas e o doleiro Albero Youssef eram sócios em diversas operações. O deputado, segundo a revista, ajudava a localizar projetos dentro do governo pelos quais poderiam desviar dinheiro público.

No dia 19 de setembro do ano passado, o deputado André Vargas e o doleiro conversaram sobre um contrato em estudo no Ministério da Saúde para a produção de medicamentos com um fabricante de medicamentos genéricos SEM e o laboratório Labogen. Segundo a ‘Veja’, o doleiro é um dos donos do laboratório Labogen, uma empresa de fachada.

Na troca de mensagens, Youssef diz para o deputado: "Cara, estou trabalhando, fica tranquilo. Acredite em mim. Você vai ver quanto isso vai valer... Tua independência financeira e nossa também, é claro...".

O repórter Eduardo Faustini, da TV Globo, também teve acesso aos diálogos. O material mostra que essa conversa terminou pouco depois das 21h com risadas do doleiro. “kkkkk...”, escrito na mensagem, é um termo muito usado em mensagens de texto com o sentido de gargalhadas. Na transcrição, o deputado não responde ao “kkk”.

Mais tarde, às 21h50, os dois voltam a se falar por mensagens. O doleiro diz para o deputado que um dos responsáveis pelo Labogen, Pedro Argese, já estava com documento da parceria com o fabricante de medicamentos genéricos. O deputado diz na mensagem: “Bati um longo papo com Pedro e ele estava com documento de parceria com EMS”.

Ainda segundo a revista ‘Veja’, no dia seguinte, as mensagens revelam dificuldades no negócio. O doleiro Alberto Youssef diz que está enforcado e que precisa de ajuda para captar: "Tô no limite", diz ele. O deputado petista responde: "Vou atuar".

O Ministério da Saúde chegou a firmar um termo de intenção com o laboratório Labogen para a compra dos medicamentos que seriam produzidos em parceria com o laboratório da Marinha. Mas na semana passada, depois das primeiras denúncias, a negociação foi suspensa e uma sindicância foi aberta.

O deputado André Vargas, do PT, assumiu a vice-presidência da Câmara dos Deputados no ano passado. Na semana passada, usou a tribuna para dar explicações sobre a viagem que fez com a família, dia 3 de janeiro, usando um jatinho providenciado pelo doleiro Alberto Youssef.

O doleiro está preso desde 17 de março, suspeito de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões, segundo a Polícia Federal.

O deputado disse que conhece Youssef como empresário há mais de 20 anos e que não sabia do envolvimento dele com as irregularidades. Sobre o jatinho, disse que tentou, mas terminou não pagando pelo combustível usado na viagem. A empresa de táxi aéreo afirmou que o serviço custou R$ 100 mil.

Em fevereiro, André Vargas no Congresso, ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, repetiu o gesto que os ex-deputados José Dirceu e José Genoino, condenados no processo do mensalão do PT, fizeram ao se entregar à polícia.

Apesar das interceptações de mensagens telefônicas feitas pela Polícia Federal, o deputado André Vargas disse ao repórter Eduardo Faustini, da TV Globo, que o doleiro não lhe ofereceu qualquer vantagem financeira e negou as acusações. Em nota, o deputado disse que está tranquilo, à disposição para qualquer esclarecimento de todas as instâncias que assim desejarem.

A assessoria do laboratório EMS, disse que a empresa não tem contrato direto com a Labogen.
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