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Semana de humanização do SUS no Recife discute violência obstétrica

G1

  Começa na segunda-feira (7) a Semana Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (SUS). No Recife, a programação organizada pelo Grupo de Pesquisa Narrativas do Nascer, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), junto a outras instituições, se volta para a questão do parto, em especial da violência obstétrica. Em pesquisa feita em 2010, a Fundação Perseu Abramo revelou que 25% das mulheres brasileiras sofreram violência durante o parto.

São consideradas violências obstétricas as cesáreas sem justificativa médica plausível, intervenções (como corte na vagina), manobras (como empurrões na barriga), restrição de liberdade de posições, tratamento desrespeitoso e restrição da entrada de acompanhante ao local do parto, entre outras.

A semana conta com exposição de trabalhos sobre violência obstétrica na UFPE, oficinas voltadas para mulheres e também para profissionais de saúde, além de palestras, mesas redondas e debates, que abordam tanto a questão da humanização, como a busca dos direitos das mulheres e a sensibilização do Ministério Público para receber os casos de violência obstétrica. Entre as atividades, está também a exibição do documentário 'O Renascimento do Parto', na quarta (9), no auditório da Faculdade de Enfermagem da UPE, no bairro de Santo Amaro.

“No DataSUS, a gente consegue ver que algumas maternidades aqui do Recife chegam a 97% de partos por cesariana. Era para ser no máximo 15% pela recomendação da Organização Mundial da Saúde, mas a gente não consegue chegar perto nem nos hospitais escola”, afirma a doutora em Antropologia e coordenadora do Grupo de Pesquisa Narrativas do Nascer da UFPE, Elaine Müller.

A questão da violência obstétrica, explica a coordenadora, é mais abrangente e enraizada, podendo atingir mais mulheres do que a pesquisa feita em 2010 revelou. “Algumas condutas que podem ser consideradas como violência obstétrica se tornaram padrão. Muitas vezes não explicam às mulheres o que é aquele ‘sorinho’, que ela vai sentir mais dor, que é para adiantar o parto. Se fossemos fazer uma pesquisa bem cuidadosa das intervenções que estão sendo feitas sem autorização e desnecessárias, o número seria maior que uma em cada quatro”, acredita.

Por isso, a programação conta com uma oficina específica para profissionais de saúde, buscando mostrar a importância da questão da humanização. “As mulheres não vão parir sabendo como é a fisiologia do parto, o pré-natal não fala como vai ser o parto. Às vezes a mulher leva um ponto e não sabe que foi porque o médico cortou para o bebê passar, acha que foi porque rompeu durante o parto”, aponta Elaine Müller.
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