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Mulher que foi empurrada no metrô teve braço amputado: 'É difícil aceitar'

G1

  Maria da Conceição de Oliveirafoi empurrada por um desconhecido nos trilhos do metrô de São Paulo e perdeu o braço direito, em fevereiro. Foi no dia em que ela estava fazendo aniversário.

Maria teve alta do hospital e na quinta-feira, finalmente, pôde comemorar com a família.

A secretária Maria da Conceição de Oliveira foi recebida com festa. Todos queriam comemorar e dançar com ela. Ela fez 27 anos. “Vamos comemorar, gente”, pede ela.

Essa comemoração deveria ter sido feita 37 dias antes. Estava tudo combinado. “Ia ser o meu dia. Eu ia estar com as pessoas que eu gosto. Naquele dia, eu acordei com a vontade de festejar mesmo”, conta.

Era terça-feira, 25 de fevereiro, dia em que um acidente mudou o destino da secretária. Maria costuma acordar às 5h30, mas naquele dia despertou às 6h, meia hora depois. Ela estava atrasada e, por isso, decidiu mudar o trajeto para ir ao trabalho. Passou por uma estação de metrô por onde normalmente não passa, mas ela achou que este seria o melhor caminho pra tentar chegar logo ao serviço. Ela esperava o metrô na estação Sé, uma das mais movimentadas de São Paulo. Eram 7h15.

Fantástico: O que você lembra daquele dia?
Maria: Eu vejo o metrô se aproximando de mim. Em questão de segundos, eu sinto duas mãos nas minhas costas.

Era um desconhecido. E empurrou Maria. “Eu no ar, me debatendo, tentando me agarrar em alguma coisa, mas não tinha o quê. Eu bato minha cabeça no vidro do maquinista.

Fantástico: Você ficou exatamente como quando caiu?
Maria: Eu caio de lado, com o braço direito para cima. Eu vi o metrô passando por cima de mim.

O trem acertou o braço dela. “Começo a gritar ‘Socorro, eu estou aqui debaixo, me ajuda, me salva pelo amor de Deus’. Minha respiração fica ofegante. De repente, vem um clarão, como se fosse uma lanterna. Eu escuto ‘ali, o corpo dela tá ali’. Alguém fala ‘Consegui pegar nas pernas. Calma, eu estou aqui. Calma, fica calma’. Aí eu não lembro de mais nada”, diz.

Maria foi levada ao hospital. Os médicos amputaram o braço direito dela. “É como se o braço estivesse aqui. Eu sinto ele, como se ele estivesse nessa posição”, mostra ela colocando o braço esquerdo no colo.

A jovem também teve ferimentos na testa, no pescoço e na cabeça. Precisou tirar tecido do joelho para colocar no braço e passou por uma cirurgia na coluna.

Enquanto Maria se recuperava, a polícia tentava descobrir: quem era o homem que tinha provocado esse acidente? No dia, ele vestia calça preta e blusa branca. As câmeras do metrô registraram a fuga. Ele passou pelas catracas e depois apareceu correndo do lado de fora da estação.

Alessandro de Souza Xavier, de 34 anos, foi preso num sítio da família em Extrema, em Minas Gerais, e indiciado por tentativa de homicídio.

Alessandro: Fui eu mesmo. Fizeram mal para mim, eu descontei em alguém também.
Fantástico: Por que você a empurrou?
Alessandro: Porque eu estava nervoso.

Alessandro está preso em um centro de detenção provisória de São Paulo. A família dele disse que já encaminhou ao defensor público que está cuidando desse caso os laudos que mostram que Alessandro é esquizofrênico. Os parentes querem que ele seja transferido para um hospital de custódia, onde ficam os presos com doenças mentais.

Alessandro se envolveu em outros cinco casos de agressão e ofensa. Desde 2009, a polícia tem registros de mulheres que foram assediadas por ele. Cinco horas antes de provocar o acidente de Maria, Alessandro desacatou dois policiais militares na rua. E não parou por aí. “Ele tentou puxar a bolsa de uma mulher, antes de chegar até a Maria. Tentou passar a mão em uma outra e depois foi empurrar Maria”, aponta o delegado.

Ela está em casa desde sábado passado, depois de 32 dias de internação. Enquanto ela estava no hospital, o marido adaptou toda a casa para recebe-la. “Sem um braço fica meio difícil o equilíbrio”, conta ela.

Coisas simples são comemoradas! “Pegar uma garrafa, colocar uma água”, diz a jovem que brinca com o marido: “Agora vai ser assim, vai ter que lavar louça, não tem jeito”.

“É difícil de aceitar, de me olhar nas fotos. Eu era vaidosa demais. As pessoas vão ter que olhar pra mim do jeito que eu sou por dentro”, afirma Maria.

Fantástico: Você vai voltar a trabalhar?
Maria: Com certeza. Vou voltar a trabalhar, vou voltar a estudar. Eu pedi muito para Deus para ficar viva. Se eu pedi e ele me ouviu, é porque alguma coisa boa eu tenho para realizar aqui. Vamos seguir em frente.
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