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300 micro-ônibus são colocados nas ruas; 'não tem ônibus', diz secretário

G1

 300 micro-ônibus foram colocados em circulação nas principais avenidas de Salvador com o objetivo de reforçar o transporte público no primeiro dia de paralisação dos rodoviários, nesta terça-feira (27). Segundo a Secretaria de Urbanismo e Transporte (Semut), os veículos estão em circulação em locais como as avenidas Bonocô, ACM, Vasco da Gama e Paralela.

Mais de um milhão de pessoas usam o transporte público diariamente na capital baiana. O G1 percorre a cidade e, até as 10h, só viu um micro-ônibus no bairro de Itapuã.

"Nenhum ônibus. Nos vamos nos reunir às 10h com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) para organizar uma forma de colocar a frota na rua. A Polícia Militar vai montar uma operação para garantir que eles circulem", afirma o secretário Fabio Mota. Ônibus do

Uma audiência de concilição acontece desde as 9h no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para decidir sobre o dissídio da categoria. Representantes do Sindicato dos Rodoviários, dos empresários e magistrados estão presentes.
Ao G1, o presidente do sindicato Hélio Ferreira mudou o discurso e agora afirma que apoia a greve. Segundo ele, aconteceu um problema na assembleia de segunda-feira (27), na qual a maior parte dos rodoviários presentes não participou da votação. "Levamos a proposta, e aí que pensamos que todos os trabalhares tinham chegado. Depois que nós votamos, a grande maioria chegou na assembleia. Nós decidimos apoiar a decisão da categoria", disse.
Até a noite de segunda-feira, o Sindicato dos Rodoviários negava a ocorrência de uma greve, afirmando que houve acordo entre a categoria e os empresários.

Pneus furados
Mais de 80 ônibus estão enfileirados na região do Aquidabã, em Salvador, a maioria dele com pneus furados, sem motoristas ou passageiros, na manhã desta terça-feira (27). Mais de 200 deles estão reunidos no local. Segundo Ailton Santiago, um dos rodoviários presentes, não há ônibus circulando na capital baiana.

"Parou todo mundo, não tem ninguém rodando. A categoria não vai aceitar isso. O sindicato acertou a proposta por conta própria. Não compareceu aqui para explicar. A gente não aceita 9% de reajuste salarial e 9% no tíquete de alimentação, o que daria somente R$ 1,08. Paramos por tempo indeterminado", afirma. O trânsito está lento nos dois sentidos da ligação Sete Portas-Aquidabã.

Na Estação Pirajá, uma das principais da capital baiana, não há circulação de veículos. Na Avenida Dom João VI, muitos passageiros que aguardam os ônibus nos pontos reclamam do tempo de espera. "Estou há quase uma hora aqui. É a falta de respeito ao usuário que os rodoviários estão fazendo", reclama José Carlos.
Alguns rodoviários pararam os ônibus nas proximidades da sede do Sindicato dos Operários e Empregados das Cias Linhas Circular e Energia da Bahia (Sinergia), na Rua Djalma Dutra, na capital baiana. De acordo com a Transalvador, por conta da ação, o trânsito está congestionado na região.

TRT
Na segunda-feira, o Tribunal Regional do Trabalho determinou que pelo menos 70% dos ônibus deverão circular nas ruas em horários de pico, e 50% nos demais horários. A desembargadora Débora Machado também afirmou que "assegura ainda as manifestações desde que pacíficas e que não interfiram no direito de ir e vir de rodoviários e de cidadãos".

Paralisação
Na tarde de segunda, uma parte dos rodoviários que rejeitou a proposta dos empresários parou os coletivos nas ruas da capital baiana, mesmo com a afirmação do vice-presidente do sindicato, Fábio Primo, de que o acordo foi aceito e a greve da categoria seria suspensa.

A proposta mediada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) garante reajuste salarial de 9%, incidindo sobre o tíquete refeição e todas as cláusulas econômicas; jornada de trabalho de sete horas com intervalos de 20 minutos; e comprometimento das empresas de não discriminar o trabalho feminino nas suas áreas operacionais.

Após a reunião, houve parada de coletivos nas Estações Pirajá e Mussurunga, Rótula do Abacaxi, Barros Reis, Amaralina e Campo Grande. Os rodoviários também fizeram uma grande fila na entrada da Estação da Lapa.
Ainda na segunda-feira, o assessor de relações institucionais do Sindicato das Empresas de Transporte de Salvador (Setps), Jorge Castro, garantiu a circulação dos coletivos nesta terça-feira.

Assembleia
Ao G1, um rodoviário que liderava o movimento na sede do Sinergia, que contestava a informação do sindicato na segunda-feira (26), afirmou que não tinha havido votação por parte deles. "O presidente do sindicato chegou, conversou com a diretoria sindical e vetou a subida dos rodoviários. Achávamos que eles iriam descer para apresentar as propostas, mas não. Saíram daqui escoltados, com segurança", afirmou o rodoviário Carlos Alberto.

A diretoria do sindicato negou a informação, dizendo que a assembleia ocorreu no horário marcado, às 15h, e houve uma aprovação das propostas da SRTE. O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários, Fábio Primo, chamou de "minoria" os trabalhadores que disseram que não participaram da votação e que discordam da aprovação dos itens.
Prefeitura
O prefeito ACM Neto afirmou por meio de nota que acreditava no acordo entre os sindicatos dos empresários e dos rodoviários e que a decisão tomada em assembleia é consequência das negociações entre ambas as partes. “Conversei várias vezes com os representantes do sindicato patronal e dos rodoviários e pedi maturidade e bom senso entre os dois lados. Felizmente, o trabalho deu resultados e os rodoviários decidiram manter toda a frota em funcionamento em Salvador”, disse o gestor.

ACM Neto disse, ainda, que mantém o compromisso de conversar com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, para pedir agilidade na votação do Projeto de Lei que reduz a carga horária dos rodoviários.
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