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Notícias / Copa 2014

Copa de 74: Um “sonho real” para o lateral esquerdo Marinho Chagas

Tribunal do Norte

 Estar entre os melhores do mundo foi um “sonho real” para Marinho Chagas, único natalense a defender a seleção brasileira em uma Copa do Mundo da Fifa.

Ele teve 27 aparições oficiais pela seleção, incluindo o início de todos os jogos do time no Mundial de 1974, na então Alemanha Ocidental, quando vestiu a camisa 6.

Marinho morreu neste domingo, aos 62 anos, em decorrência de uma hemorragia digestiva.

Em entrevista à TV Fifa, publicada no Youtube em abril de 2013, ele relembrou as emoções de ajudar o Brasil a chegar às semifinais, há 40 anos. À época, o time ficou em quarto lugar, após perder para a Polônia. A Alemanha Ocidental conquistou o título e a Holanda foi vice.

Outras vitórias, no entanto, vieram depois e em 2014 a seleção tem tudo para levantar a taça de novo, segundo Marinho. O país sediará a Copa a partir do próximo dia 12 deste mês. O ex-lateral esquerdo não terá a chance de ver as partidas, mas se foi confiante de que o “hexa” está a caminho.

Confira os principais trechos da entrevista concedida à TV Fifa.

A EMOÇÃO DE 74
É uma emoção muito grande participar de uma Copa do Mundo. Sentir os olhos do mundo em cima de você. E, claro, há também a empolgação para ver quem serão os novos campeões do mundo. E toda a mídia que está cobrindo o evento também.

Em 1974, foi o que aconteceu comigo. Eu era parte do time e uma coisa como essas te deixa orgulhoso. Disputar uma copa do mundo já é uma razão para ter orgulho. Ser um dos melhores do mundo é um sonho realizado. Um sonho real. Eu sonho até hoje.

LATERAL ESQUERDO
O treinador perguntou se eu queria jogar na lateral esquerda. Eu respondi que sim. Então fui para a posição. Quando eu conseguia avançar e passar pelos jogadores, porque eu era mais um jogador de ataque, eu fazia cruzamentos, dava passes curtos, e chutava a gol. E fazia gols também. Eu aprendi a defender com o treinador. Mas eu continuei atacando e fazendo gols. Comecei a ficar conhecido e aí comecei a gostar da minha posição.

ARGENTINA
Eu achava que o time da argentina era muito jovem. A idade média deles era 22. Há essa noção de que a Argentina sempre é um time duro para o Brasil enfrentar. E foi um jogo difícil. Começamos vencendo, a Argentina empatou o no final Jairzinho (jogador do Brasil) fez um gol. Nós vencemos o jogo e o Brasil ficou feliz. Vencer a Argentina já seria bom o bastante para o povo. Porque ganhar da Argentina já era ganhar uma copa do mundo.

ADVERSÁRIOS
Aquela copa foi inesquecível. A Holanda era campeã olímpica, tinha grandes jogadores. E a Alemanha Ocidental tinha Franz Beckenbauer, Sepp Maier e Gerd Müller. Eles eram um grande time. A Argentina também tinha jogadores incríveis. Sempre são um time competitivo. Perdemos a semifinal contra a Holanda, por causa de um homem chamado Cruyff (Johan Cruyff, considerado um dos maiores jogadores holandeses de todos os tempos). E em 1974 aquele jogador foi a diferença, na minha opinião. Eu me lembro de uma vez que Zico disse que a maior seleção de todos os tempos seria a defesa do time de 74, o meio campo de 82 e o ataque de 70. Então nós teríamos que pensar na defesa de 74, da qual fiz parte, como a melhor linha de defesa do Brasil de todos os tempos. A que menos sofreu gols naquela Copa.

A SELEÇÃO 2014
Acho muito difícil o Brasil perder essa Copa. Por causa dos fãs e por causa dos jogadores de nível mundial. Todos eles são jovens. E você pode ver que não há mais espaço para jogadores como Ronaldinho. Ele já tem 32 anos. Agora nós temos um time realmente jovem. Mas quem sabe o que vai acontecer? Nunca se sabe. Em 2014, eu acho que o Brasil vai fazer muitas coisas boas, porque nós temos jogadores muito bons. O Brasil é favorito para ganhar a Copa. E eu acho que o Brasil vai ser campeão do mundo de novo.

NATAL NA COPA
A Fifa foi muito feliz em escolher a cidade (entre as 12 cidades sedes dos jogos) porque há estradas seguras, não há muitos crimes, temos um ótimo litoral e um clima fantástico. Temos 450 Km de praias, temos um povo muito caloroso, muito acolhedor e estão todos se preparando, aprendendo um pouco de espanhol, de inglês, para receber as pessoas que vão chegar de fora. E como Natal é uma das cidades sedes, é claro que eu quero que minha terra se saia bem.
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