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Fiéis enfrentam multidão para tocar em mastro de santo casamenteiro no Piauí

G1

 Tradicional pela pecuária e gastronomia, a cidade de Campo Maior, Norte do Piauí, torna-se durante 14 dias o berço da religiosidade para os devotos de Santo Antônio, que é padroeiro do município e considerado cansamenteiro. O maior festejo junino do estado, que iniciou nesse sábado (31) ganha destaque pelo mastro de 18 metros carregado durante a procissão e é alvo de disputa entre as mulheres que procuram um marido.

A festa do 'pau do santo' ou mastro de Santo Antônio acontece há 300 anos e reúne mais de 15 mil devotos somente em um dia na cidade. Carregado por 130 homens pelas ruas de Campo Maior até a Diocese, o tronco de carnaúba atrae fiéis de vários estados e é famoso por realizar o desejo das mulheres que querem se casar. "Basta pegar no pau do santo e no máximo em um ano ela se casa. Só que não é tão fácil quando parece, pois o mastro é levantado algumas vezes durante o trajeto para dificultar o toque", explicou o organizador do mastro Lourival Alves dos Santos.

Quem não perdeu tempo foram as primas Jesiany Alves e Beatriz Alves, de 22 anos. Elas contam animadas terem ido a procissão somente para tocar no mastro e pedir um marido. Outra que deseja se casar é Maria dos Lourdes, de 44 anos. Há três anos indo ao festejo, a vendedora decidiu desta vez tocar no pau do santo. "Sempre venho nesta época de Teresina para Campo Maior, mas decidi participar este ano somente para pedir um marido. Está na hora de desencalhar", brincou.

Vários fiéis de Santo Antônio também seguem a procissão em agradecimento as preces alçandas. Tânia Maria, 29 anos, contou todo ano participar da festa com toda a família em devoção e revelou que se não fosse ajuda do santo nunca teria se casado. "Sempre estive no festejo, mas somente em 2001 resolvi pegar no mastro e meses depois casei. Hoje tenho duas filhas e acredito que o santo foi o responsável", contou.

Religioso o aposentado João Leal, 69 anos, destacou que há 32 anos carrega o pau do santo como demonstração de fé. "É um momento de se encontrar com os amigos, comemorar. Nós aguardamos o ano todo pelo festejo com muita alegria", comentou animado.

De acordo com o bispo diocesano, dom Eduardo Zielski, após percorrer o Centro da cidade, o mastro é pendurado ao lado da Diocese como marco do festejo que começa dia 31 e segue até 13 de julho, data da comemoração de Santo Antônio.

Para o prefeito de Campo Maior, Paulo Martins, o festejo é um dos mais tradicionais do Nordeste. "São 14 dias de muita alegria e fé. Mais de 100 mil pessoas visitam a cidade nesta época, gerando cerca de dois mil empregos, mas o principal fator é a autoestima das pessoas em relação a religiosidade", comentou.

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