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Notícias / Copa 2014

Preso acusado de ser líder de quadrilha de cambistas é dono de empresa que organiza amistosos e posou ao lado de Pelé e Romário

Extra

Um homem de negócios que circula entre jogadores, técnicos e poderosos do mundo da bola. Esse é Mohamadou Lamine Fofana, preso ontem no condomínio Santa Mônica, na Barra da Tijuca, pela operação da 18ª DP, acusado de ser líder de uma quadrilha de cambistas que movimentava cerca de R$ 200 milhões com a venda ilegal de ingressos para a Copa do Mundo. No meio do futebol, ele é mais conhecido como dono da Atlanta Sportif International, uma empresa que, segundo informações de seu site, presta serviços como “organizações de amistosos e consultoria a jogadores e clubes”. Na página, Fofana aparece em fotos com estrelas como Pelé, Romário, Ronaldo e Dunga.

Segundo o perfil de Fofana na página, o argelino naturalizado francês já foi jogador de futebol antes de começar sua carreira de empresário e jogou na segunda divisão da Liga Francesa e no Canadá. Depois que se aposentou, criou a empresa, que tem sede em Atlanta, nos EUA e em Dubai, para “organizar amistosos entre jogadores lendários do Brasil e do México”.

Agora, a polícia investiga a relação do empresário com a Fifa. Durantes as investigações, os agentes da 18ª DP (Praça da Bandeira), ao monitorarem a movimentação de Fofana, observaram que, em seu carro, há um adesivo que permitia a Fofana acesso à áreas exclusivas da entidade.
A Fifa informou que a entidade não foi contactada pela polícia. “Não estamos em posição de fazer qualquer comentário”, afirmou por nota. Só na operação de ontem, 11 pessoas foram presas e 100 ingressos e R$ 10 mil, apreendidos.

Ingressos da comissão técnica da seleção
Pelo menos dez ingressos de integrantes da comissão técnica da seleção brasileira foram apreendidos com integrantes de uma quadrilha de cambistas que movimentava milhões com a venda ilegal de bilhetes para a Copa do Mundo. Ontem, uma operação da 18ª DP (Praça da Bandeira) prendeu 11 integrantes do grupo, que atuava no Rio e em São Paulo, vendendo as entradas principalmente para turistas através de agências de turismo. Segundo as investigações, a quadrilha negociava entradas para 64 jogos da Copa e, só na primeira fase, tinha lucro de R$ 1 milhão por partida. Para a final, no Maracanã, um ingresso podia custar até R$ 35 mil nas mãos dos cambistas.

Os bilhetes que chegam às mãos da quadrilha são as cortesias concedidas pela Fifa. Em um mês de investigação, os agentes conseguiram apreender ingressos cedidos a ONGs, patrocinadores da Copa e outras duas delegações, além da brasileira. As investigações ainda vão apurar quem são as pessoas que passam as entradas para a quadrilha. Os dez ingressos passados pela comissão técnica da seleção brasileira eram para o jogo entre Brasil e Camarões e não tinham nomes.
Em depoimento na distrital, os presos confessaram que são uma organização especializada em vender bilhetes para jogos de Copa do mundo. Segundo o delegado titular da 18ª DP, Fábio Barucke, eles são um grupo itinerante que se instala no país organizador da Copa pouco antes da competição começar para vender ingressos.

Eles confessaram que já realizaram quatro Copas do Mundo. Há possibilidade deste grupo trabalhar apenas nas Copas. O lucro é tão grande que eles podem esperar de uma Copa para outra — afirmou Barucke.
No condomínio Santa Mônica, na Barra da Tijuca, os agentes prenderam o argelino Mohamadou Lamine Fofana, apontado nas investigações como chefe da quadrilha. Também foram presos no Rio o PM reformado Oséas do Nascimento, Alexandre Marmo Vieira, Antônio Henrique de Paula Jorge, Marcelo Pavão da Costa Carvalho, Sérgio Antônio de Lima, Ernane Alves da Rocha Júnior, Júlio Soares da Costa filho e Fernanda Carrione Paulucci. Já Alexandre da Silva Borges e o advogado José Massih foram presos em São Paulo.
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