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Rio tem 92 jornalistas agredidos desde maio de 2013; OAB e entidades repudiam violência

R7

 Cinegrafista e fotógrafo foram agredidos na quinta na soltura de ativistas em Bangu

O Rio de Janeiro registrou desde maio de 2013, quando teve início a onda de protestos, agressões contra 92 jornalistas, segundo o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio. Um cinegrafista e um fotógrafo foram agredidos na última quinta-feira (24) por manifestantes durante a soltura de três ativistas no Complexo de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro.

Em 68% dos 107 casos registrados (72), os autores das agressões foram policiais militares e, em 29%, manifestantes (33), segundo a entidade.

A presidente do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio, Paula Máiran, repudiou as agressões ocorridas na quinta-feira.

— Custo a crer que quem agride jornalistas sejam manifestantes em luta por direitos, que [agindo assim] agridem trabalhadores.

A confusão aconteceu após a saída de Elisa Quadros Sanzi, a Sininho, que ficou 12 dias detida. Antes dela, foram libertados Igor D'Icarahy e Camila Jourdan. Com a saída de Sininho, fotógrafos e cinegrafistas se aproximaram para registrar as imagens e foram impedidos por 32 ativistas.

Houve empurra-empurra quando ela seguia para o carro, estacionado a 20 m do local. Os dois grupos cercaram o veículo e as agressões físicas começaram. Um fotógrafo teve a máquina danificada, assim como um cinegrafista, que também ficou ferido.

— Não é uma agressão apenas contra a integridade física do trabalhador, mas também contra a sociedade porque ele [jornalista] deve garantir as informações relevantes para a sociedade. Somos pautados pela defesa da democracia e dos direitos humanos. [A agressão] É uma incoerência e um prejuízo para a luta travada nas ruas, mas não podemos criminalizar os movimentos sociais, por um desvio de um segmento minoritário dos manifestantes (...) O problema é que os jornalistas apanham de todos os lados (da polícia e dos manifestantes). É um sinal de que nossa democracia está muito frágil.

Além do sindicato, a OAB/RJ (Ordem dos Advogados do Brasil - Seção do Estado do Rio de Janeiro) repudiou as agressões. Segundo a entidade, a liberdade de imprensa é um marco pelo qual a OAB sempre lutou. A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) também manifestou repúdio à agressão ao cinegrafista Tiago Ramos, que prestava serviço a emissoras de TV. Segundo testemunhas, Tiago Ramos foi agredido com socos e empurrões. Ele sofreu ferimentos na boca e no braço. "Pedimos às autoridades do Estado do Rio de Janeiro que apurem o caso e punam seus autores, a fim de que se assegure a plena liberdade de imprensa e o amplo acesso dos cidadãos a informações", disse, por meio de nota, o presidente da Abert, Daniel Pimentel Slaviero.
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