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Ex-secretário, empresário e assessora são acusados de desvio de recursos na construção de creche

Da Redação - Priscilla Silva

O ex-secretário de infraestrutura do município do Campo Novo dos Parecis (396 km a noroeste de Cuiabá) e sua assessora foram acusados de corrupção passiva por contribuírem para o desvio de dinheiro destinado a obra de uma creche naquele município. Além dos dois, um empresário do ramo da construção também é acusado de corrupção ativa pelo mesmo esquema. A fraude foi identificada durante a operação "Minerva", deflagrada pela Polícia Civil. O inquérito policial será enviado à Justiça nesta semana.

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As investigações conduzidas pelo delegado Luiz Henrique Damasceno identificaram pelo menos três repasses feitos para o então secretário José Carlos de Musis e sua assessora, Marisa da Silva Thomas. Todos eles efetuados pelo dono da construtora Beta Empreendimentos, Construções e Serviços LTDA, Bartolomeu Alonso de Arruda.

O delegado concluiu que um dos depósitos, de R$ 30 mil, foi feito na conta da empresa Templo Locadora, de propriedade do irmão do então secretário. Outros dois depósitos de R$ 25 mil foram destinados para a conta corrente da assessora.

Os desvios começaram em 2012, quando foram iniciadas as obras da creche na cidade. Com custo previsto de pouco mais de R$ 902 mil, a construção iniciou no dia 2 de setembro com previsão de término para 2 de janeiro de 2013.

Conforme as investigações, os servidores, em comum acordo com empresário, desviaram materiais da prefeitura destinados a outras obras para a construção da creche. O custo da construção dessa unidade era para ser originário de recurso do Governo Federal e do município, através da construtora Beta Empreendimento, ganhadora da licitação.

De acordo com o delegado, os materiais não foram usados para os fins devidos e foram entregues na obra, que até agora não foi finalizada. "O empresário deveria arcar com tudo e não usar material da Prefeitura como forma de justificar o repasse indevido", explicou o delegado.

Durante as investigações, a obra de construção da creche ficou paralisada e só foi retomada recentemente após rescisão do contrato com a construtora de Cuiabá e nova licitação.

Em interrogatório, a assessora Marisa da Silva confessou ter recebido o dinheiro a mando do secretário e declarou que usou parte do valor para pagar um produtor de evento. Porém, ela alega que não ficou com nenhuma parcela dos R$ 25 mil depositados em sua conta bancária. No entanto, a Polícia Civil também confirmou que ao longo de dois anos a assessora teve R$ 240 mil movimentados na conta pessoal, fora os proventos que recebia como funcionária da prefeitura.

O empresário Bartolomeu Arruda, por meio de um representante, também confirmou os depósitos. Em sua alegação, ele relata que o recebimento dos materiais de construção foi na forma de empréstimo. Já o ex-secretário negou os fatos e declarou não ter nenhum tipo de relacionamento com o dono da construtora.

Segundo delegado Luiz Henrique, esse é o terceiro inquérito envolvendo o ex-secretário e o segundo com a assessora, todos relacionados a obras públicas. Os casos já foram finalizados.

A reportagem do Olhar Direto entrou em contato com a assessora de imprensa da Prefeitura de Campo Novo dos Parecis, que está afastada por questões de saúde. O departamento jurídico, responsável por um posicionamento, não atendeu as ligações da reportagem até o fechamento desta matéria.
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