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Empresários de BH são denunciados por enviar ao menos R$ 70 milhões ilegalmente para o exterior

R7

 Seis integrantes de quadrilha respondem a ação proposta pelo MPF

Seis empresários de Belo Horizonte foram denunciados pelo MPF (Ministério Público Federal) por crimes contra o sistema financeiro. A quadrilha teria enviado grandes remessas em dinheiro para o exterior por meio do sistema chamado dólar-cabo ou euro-cabo. Os recursos movimentados superaram centenas de milhões de dólares: houve caso, por exemplo, de uma remessa superior a R$ 70 milhões por uma única cliente.

Neste tipo de operação, a pessoa que deseja enviar dólares ou euros para o exterior efetua um depósito em reais no Brasil e o valor equivalente é depositado, pelo credor, na conta do cliente ou na de terceiros por ele indicados no exterior. Pode ocorrer também a negociação em sentido inverso, com o depósito em dólares ou euros no exterior, para o recebimento em reais no Brasil, sempre à margem dos mecanismos legais.

Os acusados são os empresários Antônio Lopes do Nascimento Filho, Fernando César Rocha Pereira, Cláudio Rocha Pereira, Iracy Antunes Parreiras e Laércio Ribeiro da Silva, além do bancário Carlos Freire Gomes Novaes.

Os primeiros indícios da atuação da quadrilha foram encontrados durante as apurações da Operação Cuervo, destinada a desvendar crimes de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. O MPF descobriu que havia ligações entre o traficante Luís Enrique Puentes Yustes e Nascimento.

Conforme a denúncia, os empresários de Belo Horizonte e até de outros estados brasileiros eram clientes da organização criminosa liderada por Antônio Nascimento. O relacionamento se dava, na maioria das vezes, por conversas via Skype ou e-mails.

A organização criminosa

Cada um dos acusados desempenhava papel específico na organização: enquanto Nascimento organizava e coordenava a atuação dos demais e as atividades por eles executadas, Fernando Pereira era o responsável por angariar contas bancárias de “laranjas” para o recebimento, no Brasil, dos valores transacionados no exterior. Ele recebia o auxílio de seu irmão Cláudio Pereira. As contas dos “laranjas” ainda eram utilizadas para o recebimento das comissões pagas pelos clientes aos integrantes do grupo.

Já Carlos Gomes Novaes, captava clientes para a organização. Por ser gerente de um banco da rede privada e sócio de Antônio Nascimento e Fernando Pereira na empresa Delfos, ele também utilizava seus contatos profissionais e conhecimentos de mercado para colher informações sobre as transações financeiras

Iracy Parreiras, por sua vez, exercia a função de parceiro nas operações de dólar-cabo ou euro-cabo. Ele utilizava o sistema estruturado pela organização para realizar evasão de divisas ou para obter a internação de seus recursos depositados no exterior. Entre os anos de 2009 e 2012, Parreiras constituiu diversas pessoas jurídicas em países estrangeiros, em cujas contas bancárias mantinha depósitos em milhões de dólares não declarados ao Banco Central do Brasil. Ele também efetuou investimentos diretos nas empresas offshore das quais era representante legal.

O braço da organização criminosa no exterior era Laércio Ribeiro da Silva. Na função de administrador da Minas Center Limited, ele utilizava a conta bancária dessa empresa, sediada no Reino Unido, para concretizar as operações.

Acusações

Todos os denunciados foram acusados dos crimes de formação de quadrilha, operação não autorizada de instituição financeira e operação ilegal de câmbio para promover evasão de divisas. Iracy Parreiras ainda responderá pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
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