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Justiça devolve guarda da menina que teve bernes à mãe: 'Muito felizes'

G1

O Juizado da Infância e Juventude devolveu para a diarista Edna Leite, 35 anos, a guarda da filha que foi hospitalizada com mais de 200 bernes na região da cabeça e pescoço, em Goiânia. A menina, que completou 12 anos na semana passada, passou sete meses sob os cuidados do Centro de Valorização da Mulher (Cevam), mas já voltou ao convívio familiar. “Estamos muito felizes, pois ela é muito importante para a gente. Agora vou cuidar muito bem dela para que a gente nunca mais precise ficar longe”, afirmou a mãe ao G1.

O processo sobre a guarda da menina corre em segredo de justiça, mas o Juizado informou que ela continuará a ser acompanhada de perto e que, dentro de 30 dias, deve ser feita a primeira visita para ver como está a readaptação ao lar.
 

O drama da família começou no dia 28 de janeiro deste ano, quando a menina foi atendida no Hospital Materno Infantil (HMI). Ela ficou três dias internada e teve o diagnóstico de pediculose (piolhos) e miíase – doença caracterizada por uma infestação de larvas de mosca, conhecidas como bernes. A criança foi tratada com antibióticos e recebeu alta no dia 31 do mesmo mês, quando foi entregue ao Conselho Tutelar e em seguida, encaminhada ao Cevam. Desde então, a mãe tentava recuperar a guarda.

Edna conta que os bernes se desenvolveram na menina em função das péssimas condições de moradia em que viviam. Na época, a família, que tem mais três crianças, com idades entre 1 e 14 anos, morava em um barraco às margens do Rio Meia Ponte, no Setor Urias Magalhães, na região norte da capital. No local, não havia água encanada, energia elétrica e o esgoto corria a céu aberto. Com isso, muitas moscas se acumulavam na casa.

“A situação do barraco era muito ruim e, por mais que a gente tentasse evitar doenças, era quase impossível. Eu tinha que trabalhar e não conseguia cuidar deles o tempo todo e eles acabavam se expondo ainda mais àquela sujeira. Ainda bem que agora a nossa situação está bem diferente”, relata Edna.
 

O alívio da diarista se deve ao fato de ter mudado do barraco para uma casa alugada no mesmo bairro. Além disso, agora os três filhos em fase escolar estudam em horário integral. “Ainda não consegui a creche para o meu menino mais novo, mas uma vizinha está me ajudando até as coisas se equilibrarem. Os outros três, incluindo a minha menina, já estão estudando e eu posso fazer minhas faxinas”, afirmou a mulher.

Segundo Edna, a filha ganhou um quarto só para ela e ficou empolgada ao reencontrar os irmãos, na última sexta-feira (5). “Ela chegou e ficou toda contente em ver que agora estamos em uma casa de verdade, não mais naquele barraco. Desde que a busquei, os irmãos não saem de perto dela. Estão só matando as saudades”, conta a mãe.

Questionada se está feliz com o retorno para casa, a menina afirmou que esperava por isso há algum tempo. "Eu fui muito bem tratada lá no Cevam, gosto de todo mundo lá. Mas eu sentia falta da minha mãe, do meu pai e dos meus irmãos. Agora que voltei está bem melhor", diz.

Moradia
Passado o problema com a distância da menina, agora a família segue na luta para conseguir uma casa própria. Após a repercussão da internação da criança, Edna foi cadastrada pela Secretaria Municipal de Habitação (SMHAB) em um programa habitacional. Ela já aguardava há mais de 10 anos por uma moradia, mas, em fevereiro deste ano, o secretário Municipal de Habitação, Denício Trindade, garantiu ao G1 que a família vai ganhar uma casa no Residencial Antônio Carlos Pires, próximo ao Setor Orlando de Moraes, na região norte da capital.

A previsão inicial era de que a família mudasse até início de junho, mas até agora isso não ocorreu. Em novo contato, a SMHAB informou que a documentação das famílias já foi encaminhada à Caixa Econômica Federal (CEF), responsável pelo residencial, e que elas, inclusive, já escolheram o endereço. No entanto, a secretaria ressaltou que o banco "não deu previsão da data de entrega".
 

Procurada pela reportagem, a CEF destacou, em nota, que o empreendimento  "está em fase final de vistoria técnica junto à construtora, para que as moradias sejam entregues dentro das exigências de qualidade do programa Minha Casa, Minha Vida. A entrega está prevista para o mês de outubro". O banco diz, ainda, que recebeu todos os documentos repassados pela prefeitura e que "a lista definitiva dos beneficiários a qual está em fase de homologação".

Enquanto a nova casa não é entregue, Edna e o marido fazem “bicos” para pagar os R$ 350 de aluguel. “Sem contar que temos que pagar água e luz, alimentação e ter dinheiro para o transporte. A nossa situação não está nada fácil, por isso precisamos dessa casa. Pois aí o nosso dinheiro vai dar para cobrir essas outras despesas, sem o aluguel”, diz.

Ela afirma que foi informada pela secretaria de que está “tudo certo” e que o imóvel deve ser entregue em breve. “Passamos por maus bocados e só pelo fato da minha filha estar de novo comigo já é um grande alívio. Agora falta a nossa casinha, um lugar com segurança para os meus filhos. E aí estaremos bem por completo”, concluiu a diarista.

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