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Em vídeo, caseiro ergue filhote de cão pela coleira e a 'afoga' com mangueira

G1

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga a denúncia contra o caseiro de um depósito de uma fábrica de materiais de construção, no Riacho Fundo I, flagrado em vídeo maltratando uma filhote de vira-lata durante o banho. O registro foi feito por um vizinho e dura 12 minutos. O dono do lote foi ouvido pela corporação, e o funcionário foi detido nesta terça-feira (9). Ele assinou termo circunstanciado e foi liberado em seguida. A delegada Alessandra Lacerda afirma que ele confessou o crime.
 

Na filmagem, divulgada em 4 de setembro, é possível ver o suspeito erguendo a cadela pelas patas traseiras, arrastando-a com força pela coleira, dando murros na cabeça dela e suspendendo o animal pela coleira enquanto a "afoga" com a água que sai da mangueira. O bicho chora, se contorce e tenta fugir, mas não chega a agir contra o caseiro. A cachorra, a mãe e um labrador viviam no terreno como cães de guarda e foram resgatados na última sexta-feira, após uma força-tarefa de ONGs.

G1 procurou o autor da gravação na casa da família dele e por meio do YouTube, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Na postagem, ele diz que já tentou conversar com o suspeito mais de uma vez, mas que mesmo assim o homem insistiu em maltratar os bichos.

De acordo com a delegada Alessandra Lacerda, o caseiro disse que não gostava de ter de cuidar dos cães. "Ele falou que realmente deste tipo de serviço ele não gostava, não tinha paciência, e que, toda vez que ia dar banho no cachorro, ele batia nos cachorros. Ou seja, os maus-tratos vinham acontecendo de forma constante. Essa foi a conclusão a que nós chegamos e que ele realmente confessou."

Membro da Anjos Protetores, Carolina Mourão afirmou que os animais foram encontrados em más condições – o canil era pequeno, cheio de pulgas e carrapatos e com lama – e com severos sinais de maus-tratos. Os três foram levados ao veterinário, que constatou anemia e vermes.
 

“A mãezinha, que batizamos de Pérola, está quase cega de um olho, de porrada de mangueira, com certeza”, disse. “O labrador [que ganhou dos protetores o nome Luck] também está com os olhos bem ruins e inchados. E está com a língua branca.”

De acordo com Carolina, exames veterinários apontaram que a filhote tem apenas quatro meses. O animal chora toda vez que é afastado da mãe.

“Eles são muito medrosos. Qualquer gesto que a gente faz, eles gritam e se encolhem. E não podem ver mangueira. A gente foi tentar dar um banho, e o bebê [chamada pelos membros da ONG de Docinho] passou uma hora chorando desesperadamente. Precisamos dar muito carinho para acalmá-la”, afirma.

Um funcionário do depósito, que não quis se identificar, contou à reportagem que o proprietário pretende reaver ao menos o labrador. O homem afirma que ninguém desconfiava dos maus-tratos, embora recentemente o chefe tenha questionado o caseiro se os animais apanhavam.

“Ele disse que não, que isso era um absurdo, que não existia isso. Realmente não acontecia durante a semana, porque a gente não deixaria. Todo mundo gostava dos bichinhos. Não tem nem explicação para uma maldade dessas”, declarou.
 

Nesta segunda, por determinação do proprietário, o canil foi derrubado. O funcionário afirmou que o dono pretende vender o lote. De acordo com o Código Penal, o crime de maus-tratos tem pena de até um ano de prisão.

Adoção
Os três cães receberam lar temporário de protetoras da causa animal. A filhote que aparece sendo maltratada no vídeo e a mãe ficaram com a mesma pessoa, porque a cadelinha se desespera toda vez que são afastadas.
 

“Estamos tentando adoção para a bebê e a mamãe juntas. A gente tentou separar por uns minutos e foi horrível”, contou Carolina.

Os animais seguem fazendo tratamento com veterinário. De acordo com a ONG Projeto Adoção São Francisco, exames feitos em Pérola constataram que a cadela está com cinomose, doença contagiosa que depois da raiva é a que mais atinge cães. Ela e a filha estão em quarentena, sendo preparadas para uma futura adoção.

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