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'Violência ostentação': agressores expõem vítimas na web

R7

Um vídeo provocou revolta nas últimas semanas: uma jovem de 17 anos foi agredida durante quatro horas. Tapas, queimaduras com cigarro apareceram nas imagens. A sessão de tortura foi gravada por um cúmplice da algoz e exposta nas redes sociais.

O caso não é único. O compartilhamento da violência na web vem crescendo no Brasil e no exterior.

Para Helio Roberto Deliberador, psicólogo e professor do Departamento de Psicologia Social da PUC-SP, a chamada “violência ostentação” é sinal de incivilidade.

— Cidadãos se sentem autorizados a praticar crimes e compartilhar esse momento, como se ele fosse justificável, como se fosse uma atitude ética e virtuosa. O que se publica na internet por alguém é aquilo que essa pessoa entende por certo.

Para o psicólogo a integridade física e moral da vítima fica abalada tanto por causa da violência em larga escala como pelo apoio nas redes às atitudes hostis.

Adolescentes

Muitos dos casos de agressão que vão parar na internet envolvem adolescentes em idade escolar. Os principais motivos dessas crueldades são praticados por razões banais, como a beleza de uma colega, um desentendimento em sala de aula ou ciúmes de um namorado.

Para Luciene Regina Paulino Tognetta, pesquisadora e uma das líderes do Gepem (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral) da Unicamp/Unesp, agredir, filmar e compartilhar na internet pode ser considerado um cyberbullying (prática de prejudicar outra pessoa por meio da tecnologia).

— A necessidade de mostrar a violência que cometeu é uma forma de tentar manter uma relação de poder sobre a vítima. É uma forma de sentir prazer com a dor da outra pessoa. Quem ridiculariza e humilha outra pessoa tem falta de conteúdo moral, como a tolerância.

De acordo com Luciene, a atitude de divulgar a agressão para outras pessoas pode marcar a vida de um adolescente, que poderá carregar para sempre a imagem da forma como foi exposto.

— É um espelho social. O agredido começa a se ver como a imagem que a vítima acredita que as pessoas têm dela, como gordo ou feio, por exemplo. Isso rebaixa a identidade do jovem e pode levar ao isolamento, suicídio e a outras várias formas mais sutis de morrer, como o uso de drogas, distúrbios alimentares e mutilações, muito frequentes em meninas adolescentes. 
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