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Pivô da queda em 2013, Héverton celebra vida longe da Lusa

Terra

Héverton comemorou os seus 29 anos no dia em que a Portuguesa foi rebaixada à Série C do Campeonato Brasileiro. Quando foi entrevistado, no final da tarde de terça-feira, ele havia acabado de se limpar das ovadas que levou dos jogadores com quem ajudou o Paysandu a ascender à segunda divisão do futebol nacional. Estava feliz, conforme fez questão de dizer mais de uma vez.

Àquela altura, a Portuguesa se preparava para enfrentar o Oeste, em Itápolis, e tentar (sem sucesso) evitar mais um rebaixamento em sua história. O último teve o próprio Héverton como pivô. Na Série A do ano passado, o meia-atacante participou do segundo tempo do empate sem gols com o Grêmio - apesar de estar suspenso por imposição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A falha jurídica fez o clube paulistano ser punido com a perda de quatro pontos na tabela de classificação, o que o levou à Série B no lugar do Fluminense.

Os desdobramentos da grande polêmica do futebol brasileiro em 2013 foram tortuosos a ponto de, em 31 de março deste ano, o site oficial do Paysandu noticiar que Héverton havia decidido abandonar a carreira. Um dos principais reforços da temporada do centenário do clube paraense, ele voltou atrás pouco tempo depois, motivado por manifestações de torcedores. No último sábado, a retribuição veio com a vitória por 1 a 0 sobre o Tupi e o acesso à segunda divisão, de onde a Portuguesa se despediu de forma melancólica.

Há quase um ano longe do Canindé, Héverton já consegue falar com tranquilidade sobre o episódio que marcou a sua carreira. Nesta entrevista exclusiva, ele demonstrou gratidão pela Portuguesa (embora julgue que mais uma queda "era de se esperar") enquanto celebrava a sua nova vida em Belém. Sem deixar de lembrar que "existe muita coisa que acontece fora de campo que os torcedores nem imaginam".

Parabéns pelo aniversário. Fiquei sabendo que você já levou até ovadas aí. Como está sendo a comemoração?
Estou feliz para caramba. Não poderia ser um aniversário melhor. Estão acontecendo coisas muito bonitas na minha vida. Tive um ano de muita luta, de muito sofrimento. Graças a Deus, o Paysandu subiu e tudo melhorou.

Como você define o seu momento atual, então?
É espetacular, maravilhoso. Estou realmente muito feliz. Aqui, represento uma massa, uma torcida fanática, que me apoia todo o momento. Eles me colocaram para cima na hora em que mais precisei na minha vida.

Você chegou a anunciar a sua aposentadoria no final de março, e os torcedores do Paysandu se mobilizaram para demovê-lo da ideia. Imaginava receber esse carinho em tão pouco tempo de clube, ainda mais depois de tudo o que aconteceu com a sua carreira no ano passado?
Nunca imaginei. Nunca tive tanto carinho quanto agora. O que fizeram comigo não é normal. Quando as pessoas passam a gostar de você e ressaltam o seu lado profissional, percebendo que esse realmente é um jogador que trabalha em prol do clube, independentemente de qualquer coisa... Todo o mundo sabe que cheguei aqui em um momento muito delicado da minha carreira. Era um momento em que... Pô, pensei até em desistir. Graças a Deus, dei prosseguimento e fui coroado com o acesso do Paysandu.

O que esse clube representou para a sua vida, não só para a sua trajetória como jogador?
Tudo, tudo. O Paysandu se tornou tudo para mim. Os fatos que aconteceram no ano passado... Você acaba perdendo aquele encanto pelo futebol. Mas todo o mundo só me incentivou - meu pai, minha esposa, meus filhos. Se eu citar algum nome, estaria sendo até bastante imprudente. Muita gente me ajudou a levantar, torceu pelo meu sucesso. A torcida fez um vídeo lindo para mim, que nunca mais vou esquecer. Mais de 1.000 pessoas vieram me apoiar. São coisas marcantes. Mais uma vez, sinto vontade de jogar futebol, de ajudar. Estou sonhando com grandes coisas novamente.

Quer dizer que a polêmica do ano passado é algo completamente superado na sua cabeça?
É superado. Com certeza, com certeza. Estou em outro momento. Encontrei um grande clube, de massa, que fico honrado e feliz de representar.

Você não acompanha mais a Portuguesa?
Não acompanho, não. Não acompanho.

Mas...
Sei que está ruim, que está bem difícil. Mas era de se esperar.

Você passou bastante tempo lá e conhece bem a Portuguesa. Acha que o clube tem condições de reagir, como ocorreu com você e com o Paysandu?
Gostaria muito que eles voltassem para onde deveriam, para a Série A. Não deveriam ter saído dali. Mas, no futebol, existe muita coisa que acontece fora de campo que os torcedores nem imaginam. E... Às vezes, os torcedores cobram os jogadores e se esquecem de que o clube hoje em dia é uma empresa, comandada por dirigentes. São eles que tomam as decisões, muitas vezes com cabeças totalmente diferente das nossas.

Quando pensa na Portuguesa, qual é o seu sentimento? Guarda mágoa? Tem carinho?
Tenho, claro. O carinho é enorme pela entidade, né? Existem as pessoas que trabalham lá, mas... Devo muita coisa à entidade, à camisa da Portuguesa. Cheguei lá menino e conquistei algumas coisas boas. Fui para a Coreia, tive as portas abertas. Então, sou eternamente grato à Portuguesa. Falo da camisa, da instituição.

Voltaria a jogar no futebol paulista?
Ainda não decidi o que farei no ano que vem. Vou esperar dezembro chegar para conversar com o meu pai, com o meu empresário, e resolvermos o melhor lugar para eu jogar.

Seria melhor permanecer em um local onde você já é bastante querido?
Tenho um grande carinho pelo Paysandu, time em que conquistei esse acesso, um feito muito importante para todo o mundo. Mas estou vendo o que é melhor para a minha carreira. Vamos ver. Terá que ser algo bom para todo o mundo.

Mas já desistiu mesmo de encerrar a carreira tão cedo, não é?
Não vou fazer isso (risos). Não, não, não. Agora, voltei a sorrir novamente, a ter alegria de jogar. Vamos caminhando devagarzinho, que as coisas acontecem naturalmente.

Ainda tem algum projeto especial depois de alcançar a recuperação no futebol?
Projeto um monte de coisas, mas... Isso é uma conversinha que tenho todos os dias com Deus.

 
 
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