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Notícias / Brasil

Finados: perspectiva dos mortos é de festa, diz vidente

Terra

Depois do Dia das Bruxas e de Todos os Santos, hoje é Finados, momento para relembrar, celebrar e homenagear os mortos com amor.  No México, país exuberante como as pimentas, onipresentes na culinária local, a festa é de arromba. Com um pouquinho de boa vontade dá para compará-la ao nosso Carnaval. Risos, brincadeiras, bailes, bebedeiras. Pelas ruas uma alegria geral: intensa troca humana, fantasias de esqueleto e as famosas caveirinhas de açúcar que deixam as crianças enlouquecidas, correndo para lá e para cá, procurando mais e mais docinhos.

Que postura interessante essa, carpe diem (aproveite o dia que passa!). Nada de choro ou ranger de dentes. Os mortos são lembrados e homenageados com hedonismo, numa celebração de vida. A data não é pesada, ao contrário, está recheada de coisas agradáveis.

Podemos nos perguntar: “não é um exagero, um desrespeito?” Como alguém que investiga questões espirituais, sei a resposta: “claro que não!” As pessoas que perdemos não querem, justamente porque nos amam, deixar uma marca amarga e terrível sobre nós. Sábias são as culturas que celebram seus mortos com o desprendimento que eles gostariam, exigiriam se pudessem.

No meu gabinete de vidência, atendo muita gente que carrega a expectativa de se comunicar com um familiar ou paixão que partiu. Filhos, netos, sobrinhos, namorados, eventualmente pais. Um grande número de pessoas ansiosas para encontrar, espiritualmente, aquela ausência, preencher a falta.

Muitas vezes, numa dinâmica bastante delicada, o desejo se realiza. Com concentração, ajusto energias e merecimentos, construo a ponte, encontro a vibração e trago a pessoa ou a mensagem. Costuma ser um bálsamo para todos (tanto do lado de cá como do de lá). Uma experiência única que permite uma série de revisões, de recuperações, de acertos. Concretizar esse tipo de possibilidade é das mais intensas experiências que se pode experimentar no exercício dos dons espirituais.

Explico melhor. Lidar com conflitos terrenos move certas dificuldades e responsabilidades, abordar o mesmo quadro de coisas – sim, porque os dramas se repetem e são muito parecidos – no plano metafísico, é bem mais intenso. É a diferença entre conversar, despojada e tranquilamente, com um amigo ou participar de uma entrevista num estúdio de TV, com os holofotes acesos. Tudo ganha novos e mais nítidos contornos.

O prazer que obtenho nessa tarefa é similar ao trabalho que ela costuma requerer. No ciclo incessante e universal de renovação da roda do cosmo, saltar da vida para a transcendência é tarefa das mais complexas. Poucas coisas são mais importantes quando se trata de auxiliar o desdobramento dos carmas coletivos e dos destinos pessoais.

Aceito o desafio sempre que surge diante de mim e, quando obtenho sucesso, é com satisfação que constato: a perspectiva dos mortos está mais próxima dos Finados mexicanos do que do silêncio triste e desesperado dos nossos velórios. 
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