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Após denúncia de estupro, USP Ribeirão apura possíveis facilitadores

G1

O diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SP) da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Gilberto Carlotti Jr., disse nesta quarta-feira (26) que a comissão criada para investigar uma denúncia de estupro no campus apura se houve falhas de funcionários e na estrutura do campus no dia do crime. “Nós temos duas funções nessa comissão: apurar se tem algum agente facilitador e se houve quebra do comportamento de alguém aqui dentro da faculdade. Se houve algum membro, funcionário, aluno ou professor, é possível aplicar as penalidades que são previstas nos códigos disciplinares, tanto da universidade quanto da nossa faculdade, que pode ser uma suspensão, uma advertência verbal, ou até mesmo exclusão.”
Na terça-feira (25), Carlotti Jr. afirmou durante a audiência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) que a unidade criou uma comissão para apurar um suposto estupro envolvendo alunos da medicina e que teria ocorrido há dois meses. “Existe essa queixa que houve esse assédio envolvendo dois alunos da faculdade, e foi montada uma comissão para averiguar o que aconteceu e se houve alguma falha da instituição no sentido de iluminação do local, algum agente facilitador. Isso ainda está sendo apurado pela polícia e posteriormente pela Justiça.”

Segundo Carlotti Jr., a faculdade chegou a investigar uma outra denúncia de abuso sexual, ocorrida em 2012. “A finalização desses trabalhos mostrou que o fato ocorreu fora da faculdade sem nenhuma relação com a atividade acadêmica. Foi encerrada essa comissão, mas apesar disso, sem haver nenhuma punição nesse momento, porque não seria cabível à faculdade fazê-lo, foi criada uma comissão para apurar todos os casos de violência, de bullying, e fazer um trabalho preventivo com os alunos. Essa comissão foi montada no final do ano de 2013.”

O relato sobre os casos em Ribeirão Preto surgem no momento em que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pode ser aberta na Alesp para apurar se houve omissão, por parte das unidades da USP, ao apurar as denúncias e punir os possíveis envolvidos.

Nesta quarta-feira, a diretoria da Faculdade
de Medicina da USP em São Paulo anunciou a suspensão de todas as festas de alunos dentro do campus da capital e a proibição da venda de bebidas alcoólicas nas dependências da faculdade por tempo indeterminado. A decisão foi anunciada pelo diretor da FMUSP, José Otávio Costa Auler Júnior, após uma reunião da congregação da faculdade ocorrida pela manhã.

A medida é consequência das investigações de denúncias de abuso sexual e violência moral contra minorias dentro da faculdade. Auler Júnior disse que a diretoria recebeu quatro denúncias, sendo três por assédio e uma por racismo. O diretor afirmou ainda que o caso de uma aluna que teria sido estuprada durante a festa "Carecas do bosque", em 2011, só chegou ao conhecimento da diretoria este mês.

No inquérito civil, a promotora relata oito casos de denúncia registrados desde 2011.

Uma terceira audiência pública sobre o assunto deve ocorrer na próxima semana com a participação da diretoria da FMUSP e das entidades estudantis.
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