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Cresce pressão sobre o novo governo de Honduras
Reuters
A União Europeia suspendeu na segunda-feira sua ajuda econômica a Honduras, e importantes autoridades da América Latina alertaram para o risco de derramamento de sangue no país centro-americano caso o novo presidente não ceda à pressão internacional para devolver o poder ao destituído Manuel Zelaya.
No domingo, o presidente interino Roberto Micheletti abandonou um processo de mediação da crise iniciada com o golpe militar de 28 de junho, rejeitando a proposta do presidente de Costa Rica, Oscar Arias, para devolver o poder a Zelaya.
Arias pediu mais três dias para apresentar uma nova proposta, enquanto Micheletti, nomeado pelo Congresso depois do golpe, manteve-se irredutível. "Minha posição é imutável", disse ele em discurso no palácio presidencial, sob aplausos.
A Comissão Europeia suspendeu toda a ajuda orçamentária ao governo hondurenho. O órgão executivo da União Europeia havia reservado 65,5 milhões de euros (92,73 milhões de dólares) para o período 2007-10.
Antes, Micheletti já havia perdido cerca de 200 milhões de dólares em ajuda multilateral e 16,5 milhões de dólares em ajuda militar dos EUA.
Novas sanções diplomáticas e econômicas são esperadas para os próximos dias, embora até agora os EUA relutem em agir de modo incisivo.
Líderes latino-americanos alertaram que haverá violência em Honduras caso Micheletti aferre-se ao poder.
"A insurreição e o confronto não são um bom caminho a trilhar, mas não acho que iremos evitá-lo a não ser que o governo de fato demonstre alguma flexibilidade", disse o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza.
Ele também pediu a Zelaya que aguarde as 72 horas propostas por Arias antes de tentar voltar do seu exílio nicaraguense para Honduras.
O presidente deposto diz que há em Honduras uma resistência sendo organizada para promover a sua volta, e que ninguém poderá contê-lo. Seus inimigos ameaçam prendê-lo se voltar ao país, e a polícia afirmou que "não será tolerante com ninguém que aja como terrorista".
Zelaya já tentou voltar a Honduras neste mês, mas a polícia impediu o pouso do seu avião, e pelo menos uma pessoa morreu nos confrontos com o Exército.
Na segunda-feira, cerca de 400 simpatizantes do presidente deposto se reuniram pacificamente em frente ao Congresso, em Tegucigalpa. A polícia não interveio.
Os sindicatos convocaram greve geral na quinta e sexta-feira. "Isso é só o começo. Por enquanto são protestos pacíficos, mas as coisas podem ficar bem piores", disse o sindicalista Wilfredo Moncado, 59 anos, que participou da manifestação de segunda-feira.