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Tatuagem, churrasco e refrigerante: promessas do pai de Medina por título

Globo Esporte

Ele foi a primeira pessoa que percebeu que Gabriel Medina  poderia ser campeão mundial e quem deu a ele a primeira prancha. Paulistano da Vila Nova Conceição, Charles Saldanha Rodrigues, mais conhecido como Charles Medina, é um dos homens por trás do sucesso do jovem de 20 anos, que pode escrever seu nome na história com o inédito título mundial para o Brasil, na última etapa do Circuito Mundial (WCT), em Pipeline, no Havaí. Para cumprir a missão, o técnico e padrasto de Gabriel fez uma série de promessas, embora não seja supersticioso. Apesar de não comer carne vermelha, ele prometeu doses cavalares de churrasco e refrigerante, algo que não entra em seu cardápio. Além disso, disse que faria uma tatuagem - o desenho ainda não foi definido - e percorreria o Caminho de Santiago da Compostela, na Espanha. 

- O negócio ficou "punk". Eu já tinha prometido em Portugal a tatuagem, o churrasco e o refrigerante. Como eu não como carne vermelha, teria que comer, no mínimo, umas 200, 300 gramas. E ainda tenho que pagar por isso (risos). Depois da etapa, um espanhol me lembrou que eu tinha prometido fazer o Caminho de Santiago se o Gabriel fosse campeão. Eu falei: "Se eu prometi, eu vou". Mas só vou poder cumprir essa promessa no ano que vem, quando eu for para a Europa, mas as outras eu cumpro logo, promessa é dívida. Estamos confiantes desde o início do ano e não vai ser agora que vamos perder as esperanças. O Gabriel depende só dele. Se alguém cometer um tropeço, ele ganha. Por isso, estou tranquilo - disse Charles.  Charles deixou São Paulo aos 18 anos para viver na praia de Maresias, em São Sebastião, no litoral paulista, onde conheceu a mãe de Medina, Simone. Gabriel tinha apenas oito anos na época e o adotou como pai, embora tenha uma boa relação com o seu pai biológico. No mesmo ano em que se conheceram, ganhou de Charles a sua primeira prancha. O padrasto logo percebeu o dom especial do filho e viu que ele iria longe. 


Em Maresias, Charles e o filho foram evoluindo, aos poucos, isolados dos olhares dos críticos e do mundo. Aprendendo um com o outro até encontrarem a fórmula ideal de trabalho. Se para a maioria dos fiéis Deus é pai e não padrasto, para Gabriel o padrasto é uma espécie de Deus. É ele que determina como, quando, onde e por que o filho treina, compete, descansa, acorda, come, dorme, fala com a imprensa, joga futebol e até namora. A "rotina militar" nos campeonatos, como ele mesmo define, fez o surfista manter uma boa regularidade em sua melhor temporada na elite do surfe. 




Na última das 11 etapas do WCT, o brasileiro se mantém na liderança do ranking mundial e é o atleta com mais chances de garantir o título. Ele é o único que depende apenas de si mesmo para chegar ao topo. Basta chegar à final na etapa de Pipeline, de 8 a 20 de dezembro, no Havaí. O americano Kelly Slater e o australiano Mick Fanning também estão na briga pelo caneco. Para o técnico de Medina, a ameaça dos campeões mundiais não abala o filho, que sempre foi muito competitivo e demonstrou frieza nos momentos decisivos e de maior pressão.


- Na hora de competir, o Gabriel é um menino frio e competitivo. Ele não está no Tour para fazer amigos, e sim para competir. O seu carisma pode trazer amizades, mas ele não está aqui para brincadeiras e vai fazer de tudo para ser campeão. E isso vai fazer bem ao surfe e ao povo brasileiro, que vai ficar muito feliz. As pessoas param ele na rua, o chamam para programas de televisão...Acho que criaram a imagem do Gabriel como um ídolo do esporte. Ele vai trazer esse titulo, e os brasileiros terão muito orgulho dele. 

 Se Medina terminar em 13º ou 25º, ou seja, se vencer uma bateria, Slater precisa ser campeão e Fanning necessita de, no máximo, um terceiro lugar para levar o caneco. No entanto, se o australiano ficar em quinto, ele empata com Gabriel e a decisão sairá de um "surf off", uma bateria extra. São muitas as combinações resultados.


 
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