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Técnicos usam panos e detergente para limpar interior da boate Kiss

G1

A limpeza da boate Kiss, em Santa Maria, entra no sexto e penúltimo dia de trabalhos nesta segunda-feira (8). Os técnicos devem limpar as paredes, o chão e o teto do prédio com panos e detergente. Durante o fim de semana, as equipes retiraram entulhos, rasparam paredes e aspiraram a poeira. Três contêiners já foram enviados para um aterro de resíduos industriais perigosos até o momento.

Quando a limpeza for finalizada, o que está previsto para esta terça-feira (9), as chaves, documentos e outros objetos das vítimas que foram encontrados vão permanecer no interior da boate. Os pertences só serão devolvidos aos familiares após a devida descontaminação. São mais de 360 calçados, roupas e celulares.

Todo o trabalho está sendo acompanhado de perto por pais e familiares das vítimas do incêndio na Kiss. Eles pretendem entrar na Justiça para que os donos do prédio paguem a descontamição dos objetos.

A Justiça ainda não confirmou se haverá uma reconstituição da noite da tragédia após a limpeza. Sobre o futuro do prédio, o juiz Ulisses Louzada informou que a decisão só deverá ser tomada quando o processo criminal for finalizado.

O trabalho começou quase dois anos depois do incêndio que vitimou 242 pessoas, em 27 de janeiro de 2013. Um equipamento foi instalado para puxar o ar de dentro do prédio porque faz muito calor no interior do local.

Ainda há fios de energia pendurados e restos de espuma pelo local. A queima da espuma do teto da boate, que liberou uma substância tóxica, foi apontada como uma das principais causas para o elevado número de mortes. A área do banheiro, onde muitas vítimas tentaram buscar refúgio, também não foi limpa. A fachada da casa noturna foi pintada de branco para evitar que haja contaminação através da parede. A calçada também foi reformada.

Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013. A tragédia matou 242 pessoas, sendo a maioria por asfixia, e deixou mais de 630 feridos. O fogo teve início durante uma apresentação da banda Gurizada Fandangueira e se espalhou rapidamente pela casa noturna, localizada na Rua dos Andradas, 1.925.

O local tinha capacidade para 691 pessoas, mas a suspeita é que mais de 800 estivessem no interior do estabelecimento. Os principais fatores que contribuíram para a tragédia, segundo a polícia, foram: o material empregado para isolamento acústico (espuma irregular), uso de sinalizador em ambiente fechado, saída única, indício de superlotação, falhas no extintor e exaustão de ar inadequada.

Ainda estão em andamento dois processos criminais contra oito réus, sendo quatro por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e tentativa de homicídio, e os outros quatro por falso testemunho e fraude processual. Os trabalhos estão sendo conduzidos pelo juiz Ulysses Fonseca Louzada. Sete bombeiros também estão respondendo pelo incêndio na Justiça Militar. O número inicial era oito, mas um deles fez acordo e deixou de ser réu.

Entre as pessoas que respondem por homicídio doloso, na modalidade de "dolo eventual", estão os sócios da boate Kiss, Elissandro Spohr (Kiko) e Mauro Hoffmann, além de dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o funcionário Luciano Bonilha Leão. Os quatro chegaram a ser presos nos dias seguintes ao incêndio, mas a Justiça concedeu liberdade provisória a eles em maio do ano passado.

Atualmente, o processo criminal ainda está em fase de instrução. Após ouvir mais de 100 pessoas arroladas como vítimas, a Justiça está em fase de recolher depoimentos das testemunhas. As testemunhas de acusação já foram ouvidas e agora são ouvidas as testemunhas de defesa. Os réus serão os últimos a falar. Quando essa fase for finalizada, Louzada deverá fazer a pronúncia, que é considerada uma etapa intermediária do processo.

 
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