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Silval Barbosa sabia que obras do VLT não ficariam prontas antes de 2016

Da Redação - Wesley Santiago

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) sabia, desde abril de 2013, que as obras de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) não ficariam prontas a tempo da Copa do Mundo de 2014. De acordo com a auditoria feita pelo Gabinete de Projetos Estratégicos, apresentada nesta segunda-feira (09), diversos erros foram apontados desde o início do projeto do novo modal. “A Secopa tem sido exaustivamente lembrada pela Gerenciadora sobre o grave problema”, relatou a empresa Planservi/Sondotécnica, responsável por fiscalizar os serviços.

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No primeiro relatório entregue pela Planservi/Sondotécnica, responsável por fiscalizar as obras do VLT, em abril de 2013, o ex-governador foi avisado dos problemas: “O avanço geral da implantação do empreendimento do VLT Cuiabá encontra-se muito abaixo do previsto no cronograma do próprio Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, apresentado em sua proposta técnica”.
 
Um dos problemas apontados no início, era a ausência ou insuficiência dos projetos para o correto desenvolvimento das obras. Ainda na época, foi dito que sem estes documentos não havia como garantir a qualidade e até a segurança das obras executadas. Além disto, o cronograma também estava “completamente desatualizado”, segundo o relatório apresentado pelo Governo do Estado.
 
Em maio de 2013, a Planservi/Sondotécnica voltou a constatar os atrasos e sugeriu que todos os trabalhos fossem acelerados. Além disto, também foi indicado que outras frentes deveriam ser iniciadas o quanto antes. Até o mesmo período, só 7% (aproximadamente) do total das obras haviam sido executados. Sendo assim, concluir os trabalhos seria “uma tarefa bastante difícil”.
 
Já em junho do mesmo ano, foram constatados “erros grosseiros de construção. Note-se que tais equívocos não estão ocorrendo sequer em decorrência de pressão de prazo, já que a velocidade das obras está bastante baixa”, dizia trecho do documento, que também ressaltou que “em relatórios anteriores e em diversos ofícios, a Secopa tem sido exaustivamente lembrada pela Gerenciadora sobre o grave problema”.
 
“Projetando-se a evolução do empreendimento com base na velocidade atual da implantação, pode-se dizer que o Consórcio Implantador nem de perto conseguirá cumprir o prazo contratual”, voltou a alertar a Planservi/Sondotécnica. Que ainda acrescentou: “Ao se fazer tal projeção para quatro anos após o início dos trabalhos, estimou-se que terão sido executados somente 22% dos serviços até aquela data. Estamos falando de junho de 2016”.
 
A empresa apontava ainda problemas nos projetos de geometria e falta de detalhes em nível de projeto executivo, o que poderia gerar erros de execução, que foi o que aconteceu. Além disto, as normas das ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) não foram atendidas. Vale ressaltar que os projetos básicos e executivos custaram R$ 31 milhões aos cofres públicos.
 
Foram apontados erros em diversas obras. Na trincheira do Zero Km, em Várzea Grande, foi identificado o desaprumo de estacas hélice, enquanto que no viaduto do Aeroporto, havia falha na execução das formas do pilar 6, ocasionando desnivelamento desaprumo do pilar (confira as imagens na galeria).
 
Em dezembro de 2013, 30 meses após data inicial do cronograma do Consórcio VLT, apenas cerca de 64,6% da implantação (em valor) havia sido executada. Os projetos executivos continuavam falhos ou ausentes. Também foi ressaltado que 16,60% dos projetos básicos e 17,20% dos projetos executivos não foram aprovados e a maioria deles foram aprovados com restrições.
 
Constava no documento que nem todas as deficiências de qualidade apontadas foram tratadas da maneira correta pela construtora. Por fim, foi denunciado que a obra de reparo do viaduto da Sefaz começou sem a apresentação de um projeto para análise. É citado pela Planservi/Sondotécnica, no dia 15 de dezembro de 2013, que “até a presente data não foram apresentados oficialmente os projetos de reestruturação do viaduto da Sefaz para análise desta Gerenciadora”.

Promessa

O governador Pedro Taques (PDT) prometeu se empenhar para conseguir finalizar as obras de implantação do VLT. Porém, também demonstrou que esta tarega não será fácil e garantiu que "os responsáveis pelos ilícitos irão pagar pelo que fizeram". Por fim, ainda argumentou que não poderá 'cumprir a missão' sozinho: "Precisaria de ajuda de todos, Assembleia Legislativa (ALMT), órgãos fiscalizadores e, principalmente, da população. Nós vmaos terminar estas obras".
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