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Supremo nega pedido do Ministério Público para prender Renato Duque

G1

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve nesta terça-feira (10) decisão do ministro Teori Zavascki que soltou, no início de dezembro, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, investigado pela Operação Lava Jato.

Suspeito de receber propina de contratos superfaturados da Petrobras, ele continuará livre, mas impedido de deixar o Brasil, já que teve o passaporte apreendido.




Risco de fuga
Em seu voto, Zavascki disse que a decisão da primeira instância que decretou a prisão preventiva de Duque, no final de novembro, não demonstrou haver risco de ele fugir do país.

“O fato de manter valores no exterior, por si só não constitui motivo suficiente para supor risco de fuga. […] Não se pode dizer que qualquer dos réus não tenha recurso para fugir do país. Se fosse fundamento legitimo, teríamos que decretar prisão preventiva de modo geral e absoluto para todos os investigados”, disse Zavascki.

Além disso, disse que as decisões das instâncias superiores – Tribunal Regional Federal da 4ª Região e Superior Tribunal de Justiça – acrescentaram outras fundamentações que não estavam presentes na primeira decisão, o que contraria a jurisprudência do STF.

A decisão do STF contraria pedido da Procuradoria Geral da República em favor de uma nova prisão de Duque. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reiterou o risco de fuga, pelo fato de Duque manter recursos no exterior, segundo as investigações da Lava Jato.

Propina
O ex-diretor foi apontado por ao menos quatro delatores como pessoa responsável por receber propinas de empreiteiras contratadas pela Petrobras.

Além de cobrar de 2% a 3% de comissão no valor dos contratos, Duque teria aberto contas no exterior para receber as quantias e mudou regras da estatal para facilitar a contratação das empreiteiras que formavam um cartel para realizar as obras. O ex-diretor é apontado como operador do PT dentro da estatal, mas o partido nega relação com ele.

No julgamento do pedido de prisão, o advogado de Duque, Renato de Moraes, ressaltou que até agora não há qualquer acusação formal contra o ex-diretor, enquanto que várias ações já foram abertas contra outros investigados.

Ele também insistiu que não há risco de fuga de Duque, destacando que ele tem filhas e netas que também vivem no Rio de Janeiro.

“Não há nenhum dado novo de 3 de dezembro, desde que foi solto, até hoje, nem indicado pelo juiz em suas informações, nem pelo Ministério Público em seu parecer, que possa sinalizar o perigo de aplicação da lei penal”, afirmou.

Ele criticou ainda a condução da operação pelo juiz Sergio Moro, que, segundo ele, está extrapolando sua competência para julgar pessoas que vivem fora de Curitiba, onde atua.

“Em todas essas últimas operações, não há um preso que resida em Curitiba. Os fatos têm que ser apurados com todo rigor, mas dentro do ordenamento constitucional”, completou.
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