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Árvores no caminho do VLT podem ter sido derrubadas em vão; entenda

Da Redação - Wesley Santiago

Quanto vale o progresso? Esta é a pergunta que geralmente é feita quando obras de grande impacto ambiental, principalmente as que envolvem a retirada de árvores, tem de ser realizadas. Isto foi o que aconteceu em Cuiabá. Para que as obras de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) avançassem, houve a necessidade de retirar a vegetação de alguns pontos da capital mato-grossense. Porém, tudo pode ter sido feito ‘por nada’, já que a conclusão do novo modal ainda é uma incógnita.

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A avenida Historiador Rubens de Mendonça (CPA) é um dos exemplos desta situação. Nela, muita vegetação teve de ser retirada, além de diversas árvores. No trecho onde foi erguido o viaduto da Sefaz, próximo ao Shopping Pantanal, algumas delas foram sacrificadas e transformadas em toras para o avanço das obras.
 
Na ocasião, o Consórcio VLT afirmou que apenas três árvores ‘tiveram que ser suprimidas’ pela impossibilidade de serem mantidas, por estar justamente no caminho da via permanente (trilhos). O material ficou acumulado no canteiro e foi posterior encaminhamento ao Horto Florestal de Cuiabá, onde esteve à disposição para estudos ou reaproveitamento.


(Foto: Reprodução/Facebook)
 
A situação gerou diversas reclamações nas redes sociais, onde os usuários não se conformavam com a retirada. Na época, foi dito que estas árvores seriam replantadas em outros pontos, porém, quase nada disto foi visto, principalmente nas regiões centrais de Cuiabá e Várzea Grande. As áreas verdes que antes embelezavam as avenidas, agora deram lugar ao concreto.
 
A retirada desta vegetação não afeta só a beleza da capital mato-grossense, mas também o microclima do município: “Todos sabemos que Cuiabá tem um clima muito quente. É quase impossível você caminhar por avenidas como Fernando Correa, Prainha e Av. Do CPA durante a tarde. A presença de árvores nessas e em outras avenidas contribuíam para a manutenção de um microclima mais agradável”, explica o professor de biologia, Wesley Abu.
 
O professor ainda acrescenta que “se a arborização fosse bem feita, você teria um maior número de pedestres e ciclistas nas ruas, dependendo menos de transportes que geram poluição e intensificam o trânsito. Além disso, as árvores também ornamentam a cidade. A remoção, então, agrava o calor, a poluição, o trânsito e reduz a beleza de Cuiabá”.
 
Tudo pode ter sido em vão
 
Porém, toda esta retirada de vegetação das principais avenidas da capital mato-grossense pode ter sido em vão. Isso porque o governador Pedro Taques (PDT) já sinalizou que poderá descartar o projeto do VLT e retomar a inclusão do BRT (Bus Rapid Transit). Tudo dependerá de um estudo de viabilidade econômica que está sendo feito pelo Executivo.
 
Taques também reconhece a possibilidade de existência de superfaturamento na obra, dado que só deve ser constatado em relatório feito pela Controladoria Geral do Estado (CGE), programado para ser concluído em  28 deste mês. Desde que foi eleito, o governador tem repetido que deseja concluir o novo modal. Todavia, argumenta que vários fatores precisam ser levados em consideração e um deles é o valor da tarifa, que pode chegar a R$ 10, um valor muito distante da realidade.
 
“Quem já ouviu falar numa obra que não se desviou um centavo, no Brasil? Imagine uma obra de R$ 1,47 bilhão? Temos uma bomba chamada VLT”, criticou o chefe do Poder Executivo de Mato Grosso. Ele ainda questionou a gestão do ex-governador Silval Barbosa: “Como não viram 600 irregularidades?”.
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